Capítulo 6

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Eu ia caminhar ainda mais rápido quando ele me voltou a agarrar o mesmo braço que tinha magoado e eu gemi de dor quase choramingando.

"Não vais a lado nenhum" - ele disse com um ar sarcástico.

"Larga-me! Nem te atrevas a voltar a tocar-me, já me causas-te demasiados problemas". - disse e começei a caminhar novamente.

"Qual foi a parte de que não vais a lado nenhum que não percebes-te?" - cada vez a sua voz me assustava mais, mas ele pensa que manda em mim? Eu nem sequer o conheço e ele pode dar-me ordens?

"Não me dizes o que fazer!" - ouve um minuto de silêncio e novamente ele parecia estranho. "Que queres de mim?" - quase me arrependi de ter falado, simplesmente devia de ter corrido deste hospital e deixá-lo ali.

"Tens algum sítio onde possa ficar?" - perguntou com preocupação. O que? Mas porque que ele me está a perguntar isto, só pode estar a gozar com a minha cara.

"O quê? Por tua causa estou aqui neste hospital, nem me pedis-te desculpa por teres ido contra mim, provavelmente já nem sequer te lembras, claro, e agora estas a perguntar-me se tenho algum sítio onde possas ficar?"

"É só por uns dias"- ele não imagina o quão estúpido está a soar. A minha vontade era rir, rir da cara dele mas não o vou fazer, não consigo explicar o porquê mas não vou fazer.

"Vai brincar com pessoas como tu, deixa-me em paz"- disse e virei costas. Não era bem o que queria dizer, mas a raiva que sentia era mais forte que eu.

Apanhei novamente um táxi, comprei o que a enfermeira receitou para o meu braço e voltei a casa pagando ao taxista.

Subi as escadas lentamente enquanto remexia no meu bolso para tentar encontrar as chaves, quando ia a meio das escadas o meu telemóvel vibrou.

Era o meu pai, uma grande mensagem que perguntava se tudo estava a correr bem, se estava preparada para as aulas e demonstrava as imensas saudades que estava a sentir de mim, também sinto falta do meu pai, não estava tudo a correr como pensava mas respondi e menti dizendo que estava tudo maravilhoso e que sentia muitas saudades de todos.

Senti os meus olhos com pequenas lágrimas ao mesmo tempo que alcançava as chaves de casa do meu bolso com uma mão e enxugava as lágrimas com a outra, numa tentativa de evitar as lágrimas de cairem dei um sorriso pra mim mesma.

Avancei pelo corredor, não conseguia acreditar no que os meus olhos estavam a ver, tinha que ser a minha imaginação a tentar pregar-me uma partida.

O rapaz estava encostado à parede em frente da minha porta, qual é a única conclusão que ele quer tirar disto? Eu passar a odiar um desconhecido que indiretamente me persegue?

Continuei sem olhar pra ele, introduzi as chaves na fechadura e ia fechar a porta quando ele pôs o pé entre a porta e a parede e me impediu de fechar a porta.

"Deixa-me entrar, é só esta noite" - disse com um olhar que me fez mudar rápidamente de ideias.

"E..entra"- a minha boca falou antes de me deixar pensar e automaticamente queria dar um estalo a mim própria pela asneira que acabei de cometer, o meu olhar não saia de cima do.. rapaz.

"O teu nome"- ele diz com uma cara ameaçadora aproximando-se mais perto de mim. Senti as minhas mãos a tremer pelo medo que sentia.

"Ah?"- disse confusa,

"O teu nome! Qual é o teu nome?"- sinto-me confusa pela sua pergunta, pouca gente sentiu interesse em saber o meu nome até agora e eu também nunca me aproximei das pessoas, mas sinto alguma curiosidade por saber o nome do rapaz que está agora no meu apartamento, eu e ele, pergunto-me o que pensaria o meu pai se estivesse aqui neste momento.

"Hmm.. C-Catty, chamo-me Catty"- sim, eu estava com medo muito medo, foi estando sozinha num apartamento com outro rapaz que a minha melhor amiga perdeu a vida, um rapaz tal como este, rude e frio, sempre com intenção de magoar com as palavras e ações.

"E.. e tu? Se não quiseres respond.." - fui cortada pela sua voz.

"Harry" - as minhas mãos tremiam e parecia que já não existia sangue no meu corpo, estava gelada, completamente gelada, sem qualquer resposta para dar a este rapaz que entrou aqui sem qualquer autorização e que é um desconhecido, não parece ter boas intenções, a sua maneira de ser é severa e não me agrada mas por outro lado à algo que me chama a atenção nele.

"Posso ficar cá esta noite?" - perguntou aproximando-se lentamente.

"Sim, bem, acho que não há problema" - afastei-me e dirigi-me à cozinha tentando-me acalmar, porque que acabei de fazer isto? Não devia de ter respondido, apenas devia ter dito para ele sair e não voltar aqui, mas, o medo eu sinto medo dele.

Quando olhei para trás lá estava ele encostado à porta a olhar para mim enquanto eu, eu apenas tremia, não tanto como à bocado mas ainda tremia.

Comecei a pensar em Marlie e uma lágrima rapidamente escorreu pela minha face, tentei limpá-la o mais rápido possível mas o rapaz, Harry, acho que reparou, e porra agora estou a chorar sufocada, e simplesmente não consigo parar.

"Catty? Está tudo bem?" - ele disse um pouco ... Bem pareceu preocupado mas como rapazes do tipo dele não são de se preocupar com ninguém, não sei.

"Escusas de fingir que estás preocupado, podes simplesmente ir para a sala, está a vontade!" - acho que soou um pouco mais fria do que o que era suposto, mas no fundo era verdade. 

"Estou preocupado contigo Catty, não sei porquê mas.." - acho que ele não teve a noção do quão ridículo isto foi, mas pareceu sincero.

(Obrigada pelos leitores, seguidores e também pelos votos, comentem o que estão a achar e amanha mais um capítulo! o que será que vai acontecer? porquê que o Harry está preocupado com ela?)

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