Capítulo 10

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Catty's POV

"Harry"- eu não aguentava mais, eu precisava que de um abraço dele, um abraço que durasse o resto da noite.

Não mereço tanto sofrimento, é demais para mim, eu sei que o sono não vai chegar e também não quero fechar os olhos. Ele não respondeu e cada vez me estava a sentir pior.

"Harry"- voltei a repetir pousando a minha mão no seu ombro em desespero. Ele tinha que responder, não podia simplesmente ignorar-me.

"Sim, diz, Catty"- ele respondeu como se estivesse farto, farto de mim. Não o critico por isso, eu própria sei que não é fácil lidarem comigo.

"Harry, eu.. eu queria.. que horas são?- estremeço com a minha própria pergunta, não quero saber da porra das horas, não quero, quero que ele me agarre, que me proteja destes malditos pesadelos.

"4:30 da manhã, é melhor dormires"

Harry será que não percebes que não posso dormir? Que não consigo? Que te quero abraçado a mim? Não, não sei porquê! Não tenho coragem para te contar os meus problemas mas se consegui-se contava.

O Harry estava deitado de costas para mim, na ponta da cama, provávelmente até já tinha caído no sono, mas eu era incapaz de adormecer, mexi-me de um lado para o outro sem conseguir parar, que inferno que a minha vida se tornou.

"Catty?"- ouvi o Harry chamar-me e automáticamente me virei para o encarar.

"Não era as hora que me querias perguntar pois não?"- o meu coração afundou-se com as palavras dele, eu queria tanto falar com ele e dizer-lhe o que estava a sentir, mas a coragem não era suficiente.

"Não.."- respondo baixo, mas pela expressão dos seus olhos verdes, percebi que ele conseguiu ouvir.

"Então diz-me o que querias ter dito"- eu não lhe podia dizer simplesmente que o queria comigo, que queria os seus braços à volta do meu corpo, a sua respiração ao meu lado, o seu cheiro.

"Eu.. eu não tenho coragem, não consigo Harry"- o corpo dele contínuava imóvel mas agora estava mais perto de mim, sentia-me desfeita, nunca tinha desejado tanto não existir como agora, ao longo dos anos tudo parece piorar mais e mais.

Senti a mão forte e quente dele por cima da minha que estava extremamente gelada e tremia, ele deu um breve aperto na minha mão e deixou a sua mão em cima da minha.

"Tu vais me dizer nem que eu esteja até de manhã a perguntar"- a cara dele era séria e a sua mão ainda continuava em cima da minha.

"Eu, porra Harry, eu ia-te pedir para me abraçares! Sim, eu já sei que não o vais fazer, e não esperei isso, simplesmente quero desaparecer, estou farta disto tudo, desta vida miserável!"- calei-me quando o vi a levantar-se da cama e a dar-me a mão para que me levanta-se também.

Puxou-me para ele e deu-me um abraço, quente e abafado, não era bem o que estava a querer dizer quando disse que queria um abraço. Ele parou o abraço e ficou simplesmente a olhar pra mim.

"Eu não estava bem a querer dizer isso, eu queria que, que dormisses comigo, que dormisses abraçado a mim para que eu tentasse dormir, não me quero sentir sozinha"- disse com a voz a tremer um pouco, eu estive este tempo todo a ganhar coragem para lhe dizer isto e foi mais fácil do que pensava.

"Hmm, bem, nesse caso está resolvido, vem cá"- disse e dirigiu-se para o seu lado da cama e abriu os braços para que eu me pudesse aconchegar neles. Não queria que isto acontece-se desta forma nem sequer queria que ele se sentisse obrigado, mas já não dá, não consigo aguentar o sofrimento.

Os seus braços envolveram a minha cintura e agora eu senti-me segura, mais do que nunca, o seu coração batia lentamente, e a sua respiração era lenta e quente contra o meu pescoço. Senti os seus lábios carnudos contra a minha bochecha.

"Agora descansa"- agora sim, o meu coração parecia que ia explodir a qualquer momento. Eu sabia que ele o conseguia sentir a bater e dei por mim a corar e a fletir os joelhos pela vergonha que estava a sentir.

Ainda não percebi como é que ele me põe assim, desta forma, sou incapaz de me controlar a mim própria. Em todos estes anos nunca tive coragem de responder mal a ninguém, nem de dizer o que realmente me ia na mente, e agora.. agora é diferente.

Harry's POV

"Eu não estava bem a querer dizer isso, eu queria que, que dormisses comigo, que dormisses abraçado a mim para que eu tentasse dormir, não me quero sentir sozinha"- ela disse a muito custo, eu já tinha percebido antes o que ela estava a tentar dizer, mas eu precisava que as palavras saíssem da boca dela.

Até agora ninguém me quis abraçar nem coisa do género, foi bastante estranho para mim.

"Hmm, bem, nesse caso está resolvido, vem cá"- dirigi-me para o meu lado da cama e abri os meus braços para que ela se pudesse juntar a mim.

Rapidamente ela se deitou na cama e se encaixou nos meus braços que a apertaram de imediato. Tinha que lhe dar as boas noites de alguma forma para que ela conseguisse adormecer em paz por isso decidi dar-lhe um beijo na cara.

Assim o fiz e começei a sentir o seu coração muito mais acelerado do que estava antes, apetecia-me soltar um pequeno riso, mas se o fizesse ela iria sentir-se ainda pior, e fodasse, eu não queria isso, embora eu goste bastante de arrasar as pessoas até um nivel em que já não conseguem mais eu não lhe iria fazer isso.

"Agora descansa"- disse calmamente encostando mais os meus lábios à sua orelha. Conseguia sentir a respiração rápida dela mas logo acalmou quando eu pousei a minha cabeça na almofada.

Dei por mim a fazer pequenos caracóis no seu cabelo com os meus dedos, mas o que se está a passar comigo? Juntei-me mais ao corpo dela e fechei os olhos.

***

O sol entrou pela janela e forçei-me a abrir os olhos a muito custo. Catty ainda estava na mesma posição de há umas horas atrás, talvez já não dormisse há algum tempo.

A sua face estava serena, os seus cabelos loiros espalhados pela almofada e os seus olhos azuis ainda fechados e sem vida. Não queria ser o culpado de a acordar por isso simplesmente me deixei ficar deitado a olhar para ela. Nunca mais a ia ver, senti-me mal por não ficar sem uma única recordação dela, sem mais nem menos peguei no meu telemóvel e tirei-lhe uma foto, sabia que não era certo e se ela soubesse iria-se chatear mas porra.

Automáticamente sem pensar a minha mão pareceu ganhar vida própria e começou a mexer no cabelo dela, nunca, mas nunca me tinha dado para fazer isto.

O que faço regularmente é foder raparigas vulgares e não mexer-lhes no cabelo, mas por isso mesmo Catty não pode ser vulgar, mas para mim já parecem ser todas iguais, só querem umas horas de prazer e depois nunca mais temos nada a ver um com o outro, apenas uma diversão e para mim uma distração aos problemas.

Vi os olhos dela abrir um pouco e um sorriso a aparecer na sua cara e fiquei feliz por ela ter conseguido dormir estando eu ao seu lado. Queria mais que tudo saber o que a atormentava, já tinha percebido que uma amiga qualquer tinha morrido mas gostava que ela me contasse tudo.

"Hmm conseguis-te dormir?"- disse com um ar sinico porque sabia perfeitamente que ela finalmete tinha conseguido dormir em paz.

"Sim, obrigada a sério, eu já não me aguentava sem dormir e, e sem ninguém para me ouvir"- da primeira vez que falei com ela parecia tão dura, mal-educada e agora completamente vulnerável.

Um estado de vulnerabilidade em que eu poderia fazer tudo, tudo o que bem me apetece-se, mas não, não consigo fazer com que isso seja possível.


"Pois"- custou-me ser rude com ela, mas tem de ser! Ela vai ter a todo custo de passar a ser como as outras, que maior parte já nem sei o nome e provavelmente se passarem por mim nem me lembro delas.

"Já é tarde, o meu pai já deve estar na sala, põe-te à vontade. Vais hoje embora?" - ela perguntou, uma parte de mim quer ficar, mas tenho mesmo de ir, amanha começam as aulas, e isto não me está a fazer bem.


Comecei a pensar como seria este novo ano, mas vai ser como todos os outros, comer uma rapariga nova todos os dias.


"Vou, só vou tomar o pequeno-almoço e depois vou-me embora"- tinha que voltar a casa de alguma maneira e arranjar as coisas para a universidade.

Catty's POV

Não queria de nenhuma forma que ele se fosse embora, como é que eu ia aguentar? O meu pai também iria embora hoje e eu vou ficar novamente aqui sozinha mas desta vez sem visitas por muito tempo. 

Dirigi-me para a casa de banho, despi-me e pus-me debaixo do chuveiro. Daqui a minutos o Harry ia embora, nem sequer sei para onde, não sei nada. Se eu soubesse abrir a minha boca e dizer tudo o que tinha a dizer talvez já soubesse a vida toda dele e o porquê de ele ser assim.

Voltei a vestir-me, desta vez um casaco peludo e umas leggings para que não tivesse frio. Dirigi-me à cozinha ainda com o cabelo molhado e automáticamente olhei para um bilhete que estava em cima da banca.

Era do meu pai e dizia que tinha ido a uma conferência de trabalho e esse era o motivo de estar em Londres, ele ainda não tinha tido oportunidade de explicar o porquê de estar ali com isto tudo do Harry. Talvez o meu pai se tenha sentido ignorado por mim ontem, e eu não queria que ele pensasse isso de mim, nunca o iria ignorar.

Os meus pensamentos foram interrompidos pela voz do Harry.

"Bem obrigada por me teres deixado ficar aqui, está na minha hora"- disse dirigindo-se à porta e abrindo-a.

"Adeus e obrigada mais uma vez"- disse e saiu do apartamento sem qualquer expressão. Fechei a porta. Queria ter falado com aquele rapaz que continuava a ser meu desconhecido por uma última vez, mas não o fiz, e agora era tarde demais.

Sentia-me triste e perdida, não tinha fome, nem frio sentia.

Movi-me lentamente para o meu quarto onde eu tinha passado uma noite descansada, consegui dormir e senti-me bem com ele ao lado, mas agora ele não estava mais naquela cama nem iría estar.

Deitei-me na cama e só então reparei que o Harry se tinha esquecido do seu telemóvel na mesinha de cabeceira. A curiosidade que sentia era muita, talvez ele tivesse fotos dele no telemóvel, ou alguma coisa que me faça conhecê-lo melhor.

Arrastei-me na cama e estiquei o meu braço para conseguir alcançar o telemóvel.

Pensei que tivesse código mas enganei-me, mal eu carreguei no botão ele acendeu-se e a minha curiosidade aumentou ainda mais. Não existia nenhum fundo, apenas um fundo preto, sem vida, tal como ele quando o conheci.

O meu dedo carregou no álbum de fotos e a meu queixo quase caiu, estava ali uma foto, com a data de hoje, uma foto minha quando ainda dormia. Mas porquê aue ele tirou esta foto? De certeza que era para fazer algo de mal contra mim ou então para gozar comigo em frente de outras pessoas, mas não a podia apagar, caso contrário ele ia notar que alguém lhe mexeu no telemóvel mas isso se ele o vier buscar.

 (Obg por todas as leituras!! Cá está o prometido mega-capítulo, obg a todos mais uma vez por votarem! ;) )

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