Capítulo 49

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I'm with you (male version) - Avril Lavigne http://www.youtube.com/watch?v=TuNatnreZWU

Carol hesitou um pouco ao olhar para mim e de seguida para o chão.

"Quando o Harry cresceu tornou-se muito problemático, mesmo com toda a medicação que ele tomava. Quando tinha uns dezasseis anos começou a insinuar que não precisava de medicação, que estava bem. Afastou-se de mim mas ainda me pedia dinheiro para poder sair aos fins-de-semana, o qual eu lhe dava, porque sabia que era um bom rapaz, não era mal educado por vontade. Mas um dia eu recusei-me a deixá-lo sair apenas porque descobri que estava a ir por maus caminhos, tu sabes, estava a tentar protege-lo"- olhou novamente pra mim e fez um olhar preocupado desta vez, por momentos quase consegui ver os seus olhos marejados. "E nesse dia tivemos uma discussão acesa e ele descontrolou-se.. e agrediu-me.. fui parar ao hospital por uns longos dias. E então foi nesse ano que ele foi internado intensivamente num hospital psiquiátrico durante um ano.. foi muito doloroso para ele"- senti-me mal por Carol. Parecia ser tão boa mulher.

"Mas eu perdoei-o, sei que naquele dia estava fora de si, e como disse foi um filho para mim, uma forma de eu atenuar a dor do meu falecido filho"- ao falar esboçou um leve sorriso como se algumas memórias se tivessem apoderado dela.

"Oh eu.. eu sinto muito. Não era minha intenção.."

"Não há problema, não há problema! Diz-me então, disseste que o Harry estava pior? Ainda continua a estudar, não continua? Esse rapaz era um malandro! Sempre a pregar-me partidas, nunca estava quieto!"- riu-se um pouco e eu própria também, tentando formar aquelas imagens na minha cabeça, que em palavras pareciam ser hilariantes.

"Sim, está a estudar aqui na universidade, departamento de filosofia. E quanto à.. doença, tem tido muitos ataques, está constantemente preocupado, sempre a olhar para todos os lados, diz que o estão a chamar e a insultar, sempre o mesmo praticamente todos os dias. Não sei o que ei de fazer para o ajudar"- disse de forma a responder às perguntas de Carol.

"Sabe menina...?"

"Catty"- disse com um sorriso, fazendo também com que um pequeno sorriso aparecesse na cara de Carol.

"Sabe menina.. Catty, o Harry foi um menino muito revoltado, não gosto de dizer isto mas ele tinha as suas razões. Tudo tem de ter uma razão e ele não era excepção."- aproximou-se um pouco e continuou a falar. "Eu não lhe posso contar muita coisa mas.. eu estou a gostar de falar consigo e também acho que não estou a pecar por ajudar aquele rapaz que foi das coisas mais carinhosas que tivemos por aqui, acredite. Lembro-me perfeitamente do dia em que a mãe o deixou aqui, estava completamente confuso, não sabia o que se estava a passar. A mãe ainda o veio visitar algumas vezes no primeiro mês mas depois nunca mais apareceu"- anuí para que Carol continuasse. Estava a ouvir mas na realidade não queria, agora já não queria. Uma mãe que deixa o filho assim não é definitivamente uma mãe.

"O casal Styles provinha de uma família bastante rica, posso dizer que eram muito preconceituosos. Isso foi o que levou ao abandono do Harry aqui, a família só pensava no que os outros iriam dizer, na reputação. Ele podia ter tido uma vida tão diferente! Mas quando descobriram que o filho tinha uma anomalia a nível mental, pareceram ficar de rastos, mas eu não acreditei nem um segundo naqueles rostos. A mãe apenas dizia que não podia ter tido um filho assim, era impossível, o pai apenas a olhava de lado como que a confirmar a sua afirmação"- sentia os meu olhos a lacrimejar, sentia-me mal, muito mal.

Como é que uma mãe é capaz de fazer isso ao seu próprio filho? Naquele momento só desejava para que Harry não soubesse daquilo, desejava para que não lhe tivessem contado nada, mas no fundo eu sabia que ele tinha esta história toda guardada com ele, quer dizer, era impossível que ele não soubesse o motivo de cá ter vindo parar.

Não sabia o que responder, mas percebia totalmente as atitudes de Harry para com os que o rodeiam, uma vingança na cabeça dele, e imagino que esta vida, digamos a que tem vindo a tomar nestes últimos anos não tenha trazido progressos para a sua doença, percebo que não tenha sido fácil, percebo toda a sua lógica, menos a sua atitude perante Carol, ela que foi a sua mãe de verdade durante anos, que mesmo depois de tudo acabou por o perdoar, porque é o que uma mãe faz.

Harry's POV

Eles estavam mesmo atrás de mim. Nunca paravam de me perseguir, nunca se cansavam de correr. Como era possível? Não paravam de chamar. Merda, corre, corre! As minhas pernas já não conseguiam acompanhar as minhas ordens nem a minha respiração. Atravessei a passadeira e abri o mais rápido que pude a porta de vidro do prédio de Catty. Eles desapareceram mas eu ainda os ouvia a chamar-me. Entrei no apartamento e caí contra o sofá. Levei a mão ao peito e tentei respirar. Tinha calor, estava calor a mais, mas eu sabia que estávamos em dezembro e não podia estar calor. A minha cabeça latejava e uma das minhas mãos batia com força no chão. Ouvi vagamente o telemóvel a vibrar no bolso e consegui pegar nele, mostrando o nome Catty no ecrã.

"Harry? Já estás em casa?"- ouvi a sua voz doce e o barulho da passagem dos carros. Imaginei-a a caminhar na rua, naquele momento, e qualquer coisa na minha respiração melhorou. "Harry? Estás bem?"

"Não.. consigo.."- eu estava a tentar, inspirar, expirar, mas os pulmões não me obedeciam. ".. respirar".

"Calma, eu vou, eu estou a ir, estás no apartamento? Estás?"- a voz aflita de Catty a correr demasiado rápido acalmou-me ligeiramente, ela ia estar aqui daqui a pouco, eu não ia estar sozinho, não gosto de estar sozinho.

"Si..m.."- consegui dizer, sem forças.

Deixei-me ficar no chão, não me mexi, e pareci voltar totalmente ao normal. Mas eu não sabia porque estava assim, porquê que aquilo tinha acontecido. Não sabia quanto tempo havia estado a correr, pareceu muito.

Ouvi Catty entrar a correr não muito tempo depois mas não sabia como fazer para me mexer. Ainda sentia os batimentos cardiacos muito acelerados e se mantivesse os olhos abertos por muito tempo começava a ver tudo turvo. Catty fez com que me sentásse e logo de seguida abraçou-me, não disse nada só me abraçou, e conseguia sentir perfeitamente o seu coração acelerado, e muito mais que o meu.

"Caramba, Harry! Que susto! Não me pregues destes sustos muitas mais vezes!"- não conseguia ver a sua face mas estava preocupada, tão preocupada que doía, não queria deixá-la assim, mas estava mesmo numa situação de aflição. "Ouviste-me?"- disse continuando com uma mão no meu cabelo. "Não faças isto muitas mais vezes. Eu amo-te, Harry".

E naquele momento, percebi mais um pouco acerca do conceito amar. É estar lá, estar lá quando realmente precisamos, acalmar, dizer que tudo vai ficar bem mesmo que não seja a verdade, não querer magoar, concordar, falar, desabafar nos momentos bons e maus. E naquele momento percebi. Percebi o que todos os dias estava presente nos meus pensamentos como uma incógnita.

"Eu também te amo" disse, ainda não estava bem em mim mas estava a experimentar sentimentos novos, sem perceber nada do que se passava comigo. Puxei-a de novo para mim fazendo com que ficasse no meu colo, abracei-a com os meus braços de forma a sentir que fosse minha.

Estava a nutrir sentimentos tão rapidamente que tudo estava a ser estranho para mim, nunca em toda a minha vida pensei que iria amar alguém, e agora cá estou eu, caidinho pela bela rapariga que se encontra no meu colo.

(Mais um capítulo para a 2ª temporada!! Então gostaram? Esperamos que sim! Todas preparadas para o concerto? Digam para que sítio vão! Talvez fiquem mesmo ao nosso lado e não vão chegar a saber. Ehehe lya see ya)

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