Parte 15

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Acordei com Kath me fitando, suas mãos repousavam sobre suas pernas cruzadas, usava uma calça preta e uma jaqueta jeans escura, seus cabelos estavam arrumados numa trança leve.

- Bom dia, Annie!

- Bom dia... É... O que você está fazendo no meu quarto à essa hora? - Sorri amarelo

- Eu estava pensando... - ela virou a cabeça em direção a janela e os olhos pra mim, retribuindo o sorriso - Não te vejo desde o baile, estava passando pelo corredor e decidi entrar.

- Mas a porta tava trancada.

Ela virou a cabeça para mim, ajeitando a transa e pressionou os lábios.

- Nunca está - Kath levantou da poltrona, foi em direção a porta e olhou pra mim enquanto a abria - saia desse quarto, o dia está lindo lá fora! Ah, e boa sorte.

- Com o que?

- Você vai lutar comigo, bobinha - havia uma felicidade fingida e sarcástica na sua voz - vai precisar de sorte.

Ela saiu do quarto e fechou a porta. Suspirei e revirei os olhos pensando qual era o problema dela.

Depois de tomar banho e colocar uma roupa decente eu saí do quarto, dando de cara com Damon, encostado na parede do corredor, olhando para o teto. Parecia pensativo.

- Bom dia. - Anunciei e ele olhou para mim.

- Será.

Havia uma frieza na sua voz que me deixou curiosa.

- Aconteceu alguma coisa?

- Você não terminou a segunda etapa da iniciação.

- E isso te irrita?

- Talvez. Não gosto quando as coisas não saem conforme o planejado.

- Não foi minha culpa. O que você chama de iniciação, eu chamo de "quase morte" e o fato de não ter dado certo foi porque um estranho me salvou. Sabe, Damon, vocês tem uma forma muito estranha de receber novos membros.

Eu comecei a caminhar em direção a escada e quando passei em sua frente, Damon segurou meu braço e me puxou.

- É isso que você acha? Que eu queria te abandonar lá para morrer? - havia raiva no tom da sua voz - Você não sabe de nada.

- Talvez se você me contasse tudo, eu não julgaria tanto.

O modo como Damon me olhava sempre me vazia sentir algo estranho, mas dessa vez me arrepiei - talvez por estarmos próximos demais - percebi que era melhor parar de desafiá-lo e olhei para baixo puxando meu braço de volta.

- Damon, preciso falar com você. - Era a voz de Kath, impetuosamente séria.

Ele foi em sua direção, como se tivesse esquecido que eu estava ali e os dois entraram no quarto dele juntos. Algo me disse para ficar perto da porta e sem querer - é claro - ouvir a conversa dos dois, e sim, foi o que eu fiz.

- Eu conheço você - Kath falou num tom de voz alterado.

- Você não vai me encher com seus chiliques logo hoje, vai?

- Não se você me falar a verdade.

- Que verdade Katherine?

- Você sente algo por ela?

- De onde infernos você tirou isso?

Silêncio.

- Fala. - Ele insistiu.

- Eu percebi que você ficou preocupado demais quando ela estava no cemitério. E eu vejo o jeito como você olha pra ela, é do mesmo modo que você olhava pra...

- Annie? - Victor apareceu atrás de mim e eu não consegui ouvir o resto - o que você tá fazendo?

- É... ahn... Eu tô... - Virei pra ele pensando numa desculpa pra dar.

- Sim?

- Procurando meu brinco, deixei cair por aqui ontem. - Agora que concluo que sou uma péssima mentirosa

- Tá bem... - ele riu - o brinco. Quer ajuda?

Eu corei.

- Não.

Ele ficou analisando meu rosto e eu só consegui devolver um sorriso falso e tímido.

- Sobre ontem à noite, você sabe que não...

- Não foi nada demais? Claro, fica tranquilo - eu o interrompi e dei mais um sorriso falso.

Ele franziu a testa e coçou a parte de trás da cabeça.

- Eu ia falar que não precisa acontecer de novo caso você não queira e que eu havia gostado, mas tô vendo que você não sente o mesmo.

- Desculpa, Victor. Não foi isso que eu quis dizer, eu só...

- Relaxa, tá tudo bem. - Ele virou as costas e desceu a escada. Do quarto de Damon não vinha mais nenhuma voz. Desci atrás de Victor, mas não havia ninguém na sala.

Duas faces do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora