Capítulo Treze - James

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-- Vamos então? -- Cecilia diz, saindo da cozinha.

Demoro a perceber que ela falou comigo.  -- Vamos! -- Levanto e a sigo para a porta. Pego as chaves no aparador.

-- Não vou para a cidade. Precisava sair de casa e ficar longe de você para conseguir pensar.

-- Entendo, posso sair com o carro e fingir que te levei. Volto daqui a uns minutos. -- Digo, caminhando em direção ao carro.

-- Quero que vá para a casa do lago, comigo.

-- Pensei que quisesse ficar sozinha.

-- Eu quero, mas preciso que esteja lá para conversarmos depois que organizar os pensamentos. -- Ela me dá um sorriso sem graça. -- Podemos ir?

Aceno com a cabeça, destravo o carro. Entramos e o silêncio se apossou do carro, e ficamos tensos, incomodados com o clima.

Não demoro muito para chegar ao lago.

-- Vou ficar lá dentro. -- Ela diz, evitando olhar em meus olhos.

-- Ficarei aqui, esperando por você. -- Digo, e a vejo descer do carro e se afastar.

E observando-a ir, percebo que não sei como nossa relação ficará. Cecilia é transparente até demais quando se trata de emoções. Pude perceber isso ao longo dos dias que passamos juntos, os seus olhos dizem tudo.  Quando ela não me olha nos olhos, sei que há algo de errado e sua cabeça está a mil.

Desço do carro e caminho para tentar espairecer. Pego algumas pedras pelo caminho e vou atirá-las no lago, preciso de distração. Toda vez que sinto que algo vai dar errado ou fico muito nervoso, como agora, tenho vontade de fumar ou então ingerir bebida alcoólica, quanto mais forte melhor. Essa tem sido minha "maneira" de relaxar, comecei esse vício a alguns anos atrás, quando Anton se foi.

Prometi a minha mãe que não faria isso novamente, apesar da tentação.  Mas daria de tudo para poder dar uma tragada. Sinto como se não merecesse ser feliz, sempre que algo bom acontece em minha vida, logo se vai.

Não sei quanto tempo fiquei imerso em pensamentos e atirando pedras no lago, só sei que o céu se tornou escuro.

-- James! -- A voz da Cecilia me desperta e me viro para olhá-la. Seus braços estão cruzados e seus  olhos vermelhos. Isso não vai acabar bem. -- Eu preciso de uma coisa.

Eu a sigo para dentro, fechando a porta atrás de mim. Cecilia começa a se despir.

-- Wow! O que você está fazendo? -- Pergunto, confuso. -- Você quase me mata de ansiedade e agora está pelada. O que está acontecendo?

-- Eu preciso de você! -- Ela sussurra, baixando a cabeça.

-- Cecilia! -- Eu me aproximo e faço que me olhe. E não gosto nada do que seus olhos me dizem.

-- James...

-- Não estou gostando nada disso. Da para se vestir e conversar. -- Peço.

-- Por favor. -- Ela quebra a pequena distância quando cola o seu corpo no meu e me beija. Eu sinto o gosto de despedida quando sugo sua língua. Suas mão sobem minha camisa, nossas bocas se separam apenas por alguns milésimos de segundos para o tecido passar.

Não deveria ceder tão fácil assim, mas já acostumei a ter as pessoas que gosto, me deixando. Eu vou aceitar tudo que ela me der, por que talvez nunca mais terei nada dela.

Seus olhos me mostravam tristeza e também decisão. Sei o que isso significa, sei como isso vai acabar.

O jeito que ela me toca, que me olha, que me sente, me deixa saber que apesar de qualquer motivo nos levou a um fim, ela quer ter isso gravado em sua mente.

O Melhor Amigo Do Meu IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora