Capítulo 18

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Melanie: Harry... – Disse, com a voz quebrada. Jace ergueu o rosto do pescoço dela.

A cena que Harry viu fora clara. Clara demais. Melanie sentada, rindo, enquanto o outro a beijava. Jace não era errado, deixara claras suas intenções. Errada era ela. O silêncio predominante, e dentro de Harry era como se o silêncio sufocante fosse quebrado por um objeto de vidro, que cai em câmera lenta, se espatifando no chão em trocentos pedaços. Ele tinha medo do que era capaz de fazer com aquela fúria. Ele mal conseguia falar.

Harry: Vamos pra casa. – Disse, em um silvo.

Melanie, sabendo que não adiantaria relutar, que seria pior, se levantou. Ela apanhou seu casaco e se levantou, saindo em silêncio, sem se despedir. Melanie, no estacionamento, ignorou o carro dele e foi pra casa no seu carro. Harry não apresentou objeção. Mas enfim chegaram em casa. Melanie fechou a porta, respirou fundo, e se virou, pra finalmente enfrentá-lo. Sua expressão não era a que ela esperava. Era pior. Muito pior.

O olhar dele tinha uma fúria reprimida. O rosto estava pálido, o que destacava os cabelos negros e os olhos verdes. Melanie soube, naquele momento, que nada que dissesse ia resolver. O que não melhorava em nada a situação. Ela o encarou por um instante e em seguida se moveu, indo pro ateliê. O cheiro de tinta óleo pareceu confortá-la, enquanto ela avançava. Porém os passos de Harry atrás de si afastaram a sensação de conforto. Ela se sentou em sua mesa, abrindo uma gaveta. Iria pintar, era cedo demais pra fazer qualquer outra coisa. Ela não queria ouvir a voz dele. Apanhou um estojo metálico com pinceis, e pôs em cima da mesa. Harry continuava lá. Melanie respirou fundo.

Melanie: Pode começar. – Disse, se levantando. Harry a viu caminhar até um pedestal, que segurava uma tela toda negra, com um quadrado vermelho na parte inferior. Não dava pra saber o que era. Mas ele não conseguiu se concentrar no que viria a ser aquilo. Não conseguia enxergar nada direito.

Harry: Esqueceu-se de que é casada, Melanie? – Perguntou, olhando-a. Melanie parecia calma. Só parecia.

Melanie: Como se você me permitisse esquecer, querido. – Respondeu, a voz neutra. Melanie apanhou um pincel médio, em meio a vários, e o passou levemente sobre um recipiente que havia repousado ali, com tinta vermelho sangue. Ela continuou o desenho, os olhos focados na tela. Precisava se acalmar.

Harry: Uma mulher casada não se permite estar nos braços de outro homem, Melanie. – Sibilou. Melanie revirou os olhos, e continuou, lentamente, com o pincel – Pelo menos não a minha. – Rosnou.

Isso bastou.

Melanie: O que não parece ser justo, uma vez que você não tem moral nenhuma pra falar sobre fidelidade. – Disse, se virando pra ele, o pincel ainda na mão.

Harry: Vai usar isso como justificativa? – Perguntou, debochado.

Melanie: EU NÃO PRECISO ME JUSTIFICAR! – Rugiu. A fúria de Harry só fez aumentar com os gritos dela – Sabe, Harry, ao contrário de você, quando eu me vesti de branco e entrei naquela igreja, quando eu fiz aquele maldito juramento, prometendo que ia ser fiel e que ia te amar, eu levei cada palavra a sério. – Disse, dura. Ela se virou e abriu uma porta de um armário. Logo a fechou, e voltou com um porta retratos, atirando sobre a mesa – Pelo menos eu levei a sério.

Harry olhou a foto. Ele e Melanie, saindo da igreja, sorridentes. Ele estava bem mais novo, o rosto bem menos vivido, e ela ainda tinha os cabelos tão louros quanto podiam ser. Ele em um smoking luxuoso, negro, e ela em um vestido branco, tomara que caia e de saia balão, com uma pequena tiara que prendia o véu a sua cabeça, e um sorriso estonteante no rosto.

P.S.: Eu Te Amo (Livro 1)  [H.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora