Encontros e Desencontros

4.2K 390 25
                                    


Dias depois da noite do baile, Gaten veio a minha procura perguntando onde eu estivera e o porquê de não ter dançado com ele, foi complicado explicar tudo, mas ele saiu ressentido.
Eu queria dizer que fiquei mal por não ter estado com ele no baile, mas não consigo deixar de pensar em Ethan e a nossa dança ridícula aos presentes do bar, rio só de pensar nisto. Eu me senti muito...feliz, muito feliz mesmo.

— Aurora! Minha loirinha preferida, por que você não me conta o que aconteceu logo de cara? ! O príncipe, com você! – Finn e eu fazíamos o café da manhã para a realeza, a cada fala dele ele me cutucava.

— Não foi nada demais e fale baixo, vão pensar outra coisa! – minhas bochechas coram e eu começo a arrumar os talheres.

— Conta tudo... Você não viu a minha apresentação e tive que aturar Gaten falando que você não compareceu ao baile estes dias todos que não encontrei você!

— Nós fomos para os vilarejos mais pobres, de cavalo.

— Não creio! Aquele Puro-Sangue Inglês! Será que ele deixa fazer trancinhas na crina dele? Que sorte sua... O que será que ele poderia ter visto em você? – ele ri e olha para minha cara indignada. – desculpa amiga. Ah sim, mas isto não deve durar muito, ouvi boatos de que ele irá noivar com a princesa Harley de Hawell.

Ele irá mesmo se casar?

O pior é que eu estava certa, ele só queria brincar comigo.

Deixo cair por acidente um dos pratos que levava para o salão, isto deixa os meus colegas de trabalho assustados. Droga. Vou ter de limpar tudo isso e pagar trabalhando o triplo, quádruplo do horário.
Finn me ajuda a limpar a bagunça que acabei de fazer e fica resmungando coisas inimagináveis para si mesmo.

— Não se iluda, nem perca o seu emprego – ele joga fora os cacos e leva os outros pratos para o salão.

Sento em uma banqueta e fico pensando sobre o assunto.
Eu sou uma amiga para ele, nada mais... Lógico, eu sou uma cozinheira que trabalha para ele. E logo ele se casará com a princesa de Hawell.
Por que eu fiquei tão espantada com isto?

Vou levar a bandeja com o café e dou de cara com a família real adentrando o salão, abaixo a cabeça e evito encarar Ethan.

Deixo a bandeja na mesa principal, rodeada de janelas amplas, que no verão são abertas para que o vento circule alegremente nos corredores do castelo. Na mesa sentam-se o rei Robert, a rainha Marise, o príncipe Julian e por fim, Ethan. Percebo o seu olhar em mim, mas o ignoro e volto para a cozinha em passos rápidos.

— Por que você está tão apressada? — pergunta Alice.

— Ah, por nada, Alice — disfarço a minha expressão preocupada, mas eu continuava mexendo nos meus dedos, gostaria de ter um bolso no vestido —  Tenho que levar mais alguma coisa?

— Não, você tem a sua hora livre.

Deixo o meu avental em um cabide e procuro minha bolsinha com o meu dinheiro. Não a encontro. Modo desespero, ligado.

Fico tão focada em encontrar a bolsinha que nem vejo Gaten na minha frente. Quando levanto o olhar, vejo-o segurando o meu pertence que há poucos minutos estava procurando desesperadamente.
Tento pegá-la, mas ele era muito alto. Começo a pular. Ele estica o braço ainda mais.

— Desisto — a minha voz não saiu como eu esperava, no final pareceu que eu estava brava. Estava mesmo.

— Você é muito baixinha! — ele me entrega a bolsinha.

— E você um gigante de três metros! Pensei que estava me evitando.

— Eu? Evitando você? Bem que eu queria... mas é meio que impossível — sorri e me dá o braço — Para onde você vai?

— Vou dar uma volta pela cidade e aproveitar para passar no mercado e comprar alguns ingredientes que faltam para o almoço... — ele me interrompe.

— Será que você não cansa de trabalhar? Sempre se preocupando com os outros e nunca com você! A minha mãe pediu que você fizesse isto?

— Bem... não, é o meu tempo livre,mas eu queria adiantar o trabalho — minhas orelhas ficam avermelhadas com sua opinião. Eu faço isso mesmo? Não me dou um descanso? — Você não precisa vir comigo.

— A senhorita acha que consegue escapar tão facilmente de mim?

Nós vamos caminhando para o centro da cidade. Passamos por um rio cheio de peixes com algumas aves esperando para conseguir seus alimentos. As lojas em frente indicavam o início do Centro.

   —Enquanto você se preocupa de comprar os ingredientes, eu vou procurar o café.

  —Café?

  — Anda logo, temos meia hora.

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora