A Rainha

Merces

Acordo.
Já havia amanhecido e os cavalos estavam descansando. Provavelmente a viagem ainda duraria mais alguma horas. Agora não pararei mais.
— Ethan, vamos agora?
— Sim, Tyler – montamos em nossos cavalos e começamos o caminho.
  — Aurora é mesmo uma garota especial – Tyler diz para mim sorrindo.
  Passamos por um vilarejo. Os cidadãos, percebendo a nossa presença de longe,  começam a vaiar.
  — Mas para onde vai o príncipe herdeiro!? Trazer mais desgraça aos pais!? – alguns zombam sem medo.
  — Toma cuidado com a tua cabeça, talvez possa perdê-la no caminho! – mais risos tomam conta da estreita rua. Risos que partem o meu coração.
  — Meu próprio pai deixou-me à mercê do perigo. Pior ainda, partiu o meu coração, porque cada palavra que meu povo pronuncia e que me fere provém das suas ações – falo para Tyler.
  — Não dê ouvidos a eles, Ethan.
  — Se eu não der, quem mais irá fazer isso?
  
                                                                               ***

  É difícil gostar de alguém quando esta pessoa o machuca ou o fere de determinada maneira. É muito mais confortável escutar palavras carinhosas e elogios, mas as pessoas precisam entender o porquê daquele alguém não dizê-las.
  Os moradores do vilarejo muitas vezes tentam explicar suas condições, mas nunca são ouvidos. Nunca veem suas vidas mudarem para melhor. São desprezados. Eu não iria querer tornar-me mais outro nobre ignorante.
   Havíamos chegado em Merces. Esta cidade parece nunca mudar, tudo estava como eu havia visto e lembrava de minha infância, de alguns anos alguns meses atrás. É um impecável e bonita cidade, onde todos se conhecem. Aconchegante.
   Estávamos disfarçados para não chamar a atenção e Gaten descobrir de nossa vinda. O único problema é que não posso nem imaginar onde Aurora possa estar.
  Começamos a procurar por algo que nos indique o caminho e resolvemos perguntar para as pessoas, falamos as características de Gaten e de Aurora. Ninguém parece ter visto nada e eu entro em desespero e começo a destruir tudo que havia em minha frente.
  — Ethan! Pare! – Tyler grita e o vendedor de uma loja, a qual acabei de estragar todos os legumes e frutas, aparece e começa a gritar comigo também.
  Paro.
  — Será que eu não poderia sustar em paz?! A garota que eu amo foi sequestrada, e isso parece um bom motivo para quebrar coisas e também parece ser um bom tema para um livro – falo tudo muito rapidamente e percebo a cara do vendedor da loja em minha direção. Ele estava muito vermelho e tornou-se a ficar roxo de raiva, acho que estava começando a passar muito mal, devia-lhe faltar ar – mil desculpas senhor vendedor... eu... irei pagar tudo! – a expressão dele não mudava – em dobro!
  O homem desmaia e cai na rua.
  Essa eu não esperava.
  Droga.
  — Alguém aqui possui alguma informação médica?! – grito.
  — Eu! – uma mulher que estava dentro da loja aparece ao nosso lado para prestar socorro.
  — Por favor – pego de meu bolso todo o dinheiro que pagará os danos e muito mais e entrego a ela – guarde isto e entregue a este bom senhor. Estou confiando isto a você.
  Partimos à procura de Aurora.
  — Eu os vi, estavam indo mais ao norte, para a floresta – uma senhora fala – a garota era bonita, parecida comigo quando jovem – ela sorri.
  — Meus agradecimentos à senhora! – corremos para a floresta.
  A floresta não é tão grande quanto a de outras cidades, mas alguém poderia se perder nela. As copas das árvores são altas e a falta de visibilidade por conta dos troncos não é recomendada para se andar à cavalo.
  Encontramos uma clareira.
  Uma cabana e um cavalo se encontram ali.
  Desço de Max e cuidadosamente, solto o cavalo de Gaten.
  O sequestrador acabou de perder o seu único transporte de fuga.