Um passo de cada vez

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  — Parece que a senhorita De Niven não fora punida como desejei, alteza – o Duque de Rise falava com desgosto sobre Aurora e com ironia a palavra "alteza".
Aquele dia estava sendo péssimo.
— A senhorita De Niven fora punida pela forma de não ganhar o salário mensal. – anos treinando para ser o futuro rei, pelo visto, virei um habilidoso mentiroso.
— Punida!? Apenas punida por não receber o salário? Ora essa... Ela insulta a mim e é punida por não ganhar o salário que é uma miséria? Isto não é castigo. Eu esperava que ela fosse expulsa! Chicoteada!
— Lamento informar, mas possivelmente os seus desejos não são os meus, muito menos os do rei Robert.
Adoraria a presença de minha mãe nesta discussão. O Duque era sempre muito cansativo. Infelizmente ela teve de se retirar por causa de uma emergência na lavanderia.
— Você. Nunca servirá para carregar uma coroa em sua cabeça. Escute bem as minhas palavras: um dia, não a terá em seu devido lugar.
  — Isto é uma ameaça ao herdeiro do trono?! – Tyler, meu guarda e amigo de confiança, que acompanhava-me para garantir a minha segurança e estava em seu posto quase petrificado, grita.
  — Leve isto como aviso, alteza – o Duque se retira para sua carruagem, bate a porta ao fechar.
  Aperto a manga de meu blazer, mas finjo arrumar as abotoaduras.
  — Ethan, é verdade que a sua pretendente é sobrinha deste... do Duque?
  — Coincidência, não?
— Pois se eu fosse você, faria de tudo para não cair nas mãos de Rise. Aurora e o senhor dariam um belo casal.
— Ei, como sabe de Aurora?!
— Meu príncipe, andou desligado dos rumores do palácio?
Rio e olho para ele balançando a cabeça.
— Meu pai não iria deixar. Afinal, Aurora é uma criada, posso tê-la apenas como confidente, uma amiga.
— Não custa nada sonhar.
— Bom, Tyler, você poderia avisar ao cocheiro para dar um banho em Max?
— Sim, alteza.
Ele faz um aceno e se retira. Pego Julian e o giro no ar, que estava brincando de dar piruetas em meio às flores e que agora subia em minhas costas. Entro correndo no palácio fazendo várias pessoas se assustarem, rimos baixinho e subo as intermináveis escadas até os aposentos reais. Nossa mãe estava sentada em um banco no corredor arrumando alguns folhetos, parecia concentrada.
  — Se não é a rainha Marise... o que está fazendo, mãe?
  Ela olha para mim e para o meu irmão, sorri, incrível não estar usando o seu óculos para ler alguma coisa. Deixo Julian no chão.
  — Apenas assinando alguns contratos.
  — Não é sobre o meu casamento, é?  – faço uma expressão desesperada e ela começa a rir.
  — Não, é sobre a minha dama de companhia.
  Dama de companhia? Depois de todos estes anos sem uma dama desde a morte de minha tia Martícia... quem será esta?
  — Temo que seu pai fique enfurecido, mas tenho bons argumentos. Ela é uma surpresa, já está vindo... se quiser fazer-me companhia até reencontra-la, quero dizer, conhecê-la...
  — Tudo bem – sento ao seu lado e fico observando a imagem da família real estampada na parede. Felizes, sim, muito felizes. Nós estávamos assim.
Julian vai buscar os seus brinquedos e os traz para o corredor, a Ama terá um trabalhão para convencê-lo de guardar todos em seus devidos lugares.
Ficamos naquela mesmice até que a dama de companhia surge da escadaria.
Meu queixo cai.

A RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora