A Rainha

Quando os tiranos ascendem

  O sol nasce em Aussie iluminando o dia.
Faltam três dias para o casamento e há poucos dias descobri o quão apaixonada estou por aquele príncipe ruivo.
Escutar aquela garotinha do vilarejo foi indescritível. Não posso acreditar que alguém pensa na possibilidade de eu me casar com Ethan!
Tantas coisas passam pela minha mente, mas depois de ter estado em Merces, lembrei o quanto amava correr pelas ruas abatidas com a terra quando criança e percebi o quanto sentia falta de meus pais.
Já pensei em mandar algumas cartas, mas esta ideia havia partido faz tempo, porque eles não sabiam ler e minha tia não morava mais ali. Mas agora que a ideia volta à mente, talvez eu possa escrever os tranquilizando e enviar um mensageiro para ler. Ou talvez poderia conversar com a rainha e pedir para, se possível, trazer os meus pais para perto de mim.
  Decido ir para os aposentos reais e falar com a rainha. Bato a porta e logo ela se abre.
A criada que abriu a porta se curva para mim. Fico envergonhada com o ato.
  — Bom dia, sou Aurora. Qual o seu nome? – pergunto a ela.
  — Bom dia, senhorita. M-Matilda, senhorita. Como posso ajudar?
  — Matilda – sorrio– Você pode me chamar como quiser. Será que posso falar com a rainha?
  Matilda sorri timidamente e concede passagem.
  — Claro que sim, A-Aurora.
  Adentro o quarto.
  A rainha estava sentada em sua cama, olhando para alguns blocos de papéis relacionados com o casamento de Ethan. Minhas esperanças de que ele se pronunciaria interferindo na união foram jogadas na lama. Ele nunca interferiria contra a felicidade de seu povo.
  — Bom dia querida, espero que tenha estado confortável aqui no palácio.
  — Sim, e muito, Marise... Desculpe-me por tê-la deixado nervosa e preocupada com o seu filho...
  — O que você está falando?!
  Fico como um pimentão.
  — Desculp...
  — Nada de desculpas. Além de Ethan, eu fiquei preocupada com você, minha amiga. Se for mim e por este reino, nada de mal irá acontecer com você novamente. Meu filho indo atrás de você foi uma das melhores coisas que aconteceram em dias.
  — C-como assim?
  — Uma mãe conhece seus filhos. Achas que não percebo os olhares cruzados? Mas enfim, o que você deseja? – Marise ri.
Senhor.
Agora o meu rosto parecia mais para um molho de tomate misturado com pimenta.
— Estava pensando em enviar uma carta aos meus pais. Mas eu precisaria de um mensageiro.
— Depois de você escrever a carta, irei mandar um mensageiro aos seus aposentos – ela sorri – apenas isto?
— Sou muito grata pela senhora por isto – sorrio e sigo para o meu quarto.

***

Sinto o cheiro do papel. Molho a pena na tinta e começo a escrever.

"Queridos papai e mamãe,
Estou com muitas saudades. Tenho tantas novidades para contar que não caberiam nem em dez folhas!
Primeiramente, acho que já escutaram que eu virei de criada à Dama de Companhia da Rainha. Queria informar que estou me acostumando a todas as frescuras do castelo, mas nunca vou deixar de ser quem eu verdadeiramente sou.
  Isso tudo ocorreu devido eu conhecer Ethan, o príncipe.
Envio uma quantia em dinheiro insignificante a todo o amor que vocês me dão.
Em breve vou reencontrar os dois.
  Eu amo vocês para todo o sempre
                                                                                                                    Aurora."

  Dou várias relidas e envio junto com o mensageiro que esperava.
Pouco tempo depois, recebo uma criada com uma espécie de carta em mãos.
  — Senhorita, mandaram enviar esta carta.
  Pego de suas mãos e vejo. Não era bem uma carta, mas sim um convite do Duque de Rise.
 
   "Convite
Os reinos Valerie e Hawell convidam Aurora de Niven a celebrar o casamento do príncipe herdeiro do trono de Valerie Ethan Teodore Anthony Bates e a princesa de Hawell Francisca Harley Elisandra Hawell.
Local: Catedral de Valerie, Reino de Valerie
Data: Amanhã

Você verá a minha ascensão."