Os Quatro Guardiões - Livro 1 - O Oráculo

Capítulo 3

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Jó 33.24 – então terá compaixão dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça a cova; já achei resgate.

Êxodo 22.2 – Se o ladrão for achado a minar uma casa, e for ferido de modo que morra, o que feriu não será réu de sangue;

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CAPÍTULO III

O RESGATE

Woody

John Woodberry voava naquela estranha máquina em alta velocidade. Estava ferido, seu ombro doía por causa do ferimento. O sangue ainda escorria e seu manto lentamente adquiria um tom escuro. Foi ferido durante o ataque ao Templo da Lua. Ele tentou por algumas vezes lançar um feitiço de cura, mas sem sucesso. O profundo corte se fechava durante segundos, mas logo reabria. Parecia ter algum tipo de veneno que não deixava a ferida se fechar com magia, além de da sensação de torpor, Woody começava a ficar com a visão turva.

Ele precisava manter-se lúcido, se desmaiasse e perdesse o controle do Sea-Sky Rider as consequências seriam incalculáveis. O segredo, que por séculos foi protegido, estaria perdido para sempre. Woody tinha certeza que a garota havia recebido a mensagem, ela tinha o poder, e um dia poderia se tornar um poderoso oráculo. Com certeza Wade já estava a caminho da fonte. Este seria o era o local ideal para aterrissar, longe do olhar curioso das pessoas que moravam no campo e na vila.

A blindagem do veículo refletia o azul do céu, de modo que ficava praticamente invisível enquanto voava. Aquele não era um veículo comum. Apesar de estar enterrado na areia por anos e anos, não apresentava nenhum desgaste. Foi criado através de uma tecnologia que fora perdida e esquecida há muito tempo, era a infalível opção de fuga do templo. Não era movido por vapor ou combustão, nem nenhum tipo de tecnologia moderna, funcionava com uma energia renovável gerada por alguns tipos de pedras preciosas. Fora criado em um tempo longínquo, por uma civilização considerada extinta. Seus criadores eram os sábios habitantes da saudosa Atlântida.

Woody, como gostava de ser chamado, não estava mais aguentando a dor. Marcou a direção e deixou o Sea-Sky no modo automático. Tirou o punhal, preso ao cinto, e cortou o tecido de seu manto no local do ferimento. Em seguida fez outro corte na camisa branca, que nesse momento já estava parcialmente carmim por causa do sangue. Através do metal espelhado que revestia o veículo, pode ver a ferida. Havia um profundo furo entre seu ombro e o peito, precisava dar um jeito naquilo ou a perda de sangue iria o prejudicar ainda mais.

Procurou em sua bolsa e tirou um frasco contendo álcool. Com o punhal, raspou um pouco da crosta de sangue seco e com uma tira do manto umedecida com álcool, limpou a ferida. Ardeu muito quando sentiu o etanol, e Woody praguejou.

Em volta do ferimento havia um agourento tom esverdeado. Colocou o dedo médio e o indicador próximo ao local e concentrou-se. Pequenos pontos de luz começaram a ser formar no ar e foram em direção à ferida, uma luz dourada refulgia. Pequenas ondas de calor emanavam e uma nota musical suave podia ser ouvida. O corte diminuiu um pouco, mas aquela feia cor verde não havia sumido.

Tocou o meio da testa com o indicador o médio e novamente surgiram partículas de luz, eram pontinhos vermelhos desta vez. Ele afastou a mão do rosto e viu que surgira uma pequena estrela que emanava luz e calor. Sem pensar duas vezes, ele inseriu a estrela em sua ferida. Milagrosamente o ferimento cicatrizara, porém estava vermelho e aquela feia mancha verde continuava lá. Tirou uma garrafa bojuda da bolsa, e tomou um gole da poção púrpura. Sentiu as forças voltarem.

Precisava ver onde estava, colocou as mãos novamente sobre as esferas de luz no painel que controlavam o veículo e mergulhou-o para baixo das nuvens. Ainda estava longe, sobrevoava uma praia e uma mata litorânea. Sabia onde estava e que ainda levaria cerca de vinte minutos para chegar ao local desejado. Então subiu novamente, corrigiu o curso do veículo e disparou em direção ao vale, morada de seu melhor amigo: Carter Wade, o guardião do oráculo.