Kai

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Minha sexta foi bem sem graça. Ironicamente, o departamento me deu a folga no dia seguinte ao feriado, e não nele em si. Acordei e fiquei com preguiça de arrumar a mesa do café. Limitei-me a tomar um suco direto da própria garrafa. Sentei no sofá sem nada para fazer e liguei a TV, mas não tinha nada interessante. Liguei para Sehun 'pra ver se ele queria sair, mas ele disse que tinha conhecido uma garota incrível e iria sair com ela. Recebi outras desculpas dos outros, e decidi não ficar no meu apartamento vazio. Peguei as chaves e saí. Comi um lanche qualquer na rua e fui caminhar no parque. Aquilo também não foi muito divertido.

Primeiro que eu estava andando sem rumo, e sozinho.

Quem gosta de ir á um parque sozinho?

Segundo que uma loira idiota ficou babando para mim e nem reparou quando o cachorro dela me fez de poste.

Voltei para casa cansado, irritado e depressivo, fedendo urina de cachorro. Abri a porta e estaquei com o som de uma música que eu não conhecia. Tinha outro som também que parecia um motor. Caminhei pela entrada e olhei para o lado da cozinha com o cenho franzido. Nada. Olhei para o lado da sala e inconscientemente um sorriso apareceu.

Encostei-me à parede e fiquei olhando KyungSoo trabalhar. Ele tinha falado muito sério quando disse que limparia minha casa, como eu havia pensado. Ele estava com roupas leves, completamente confortável enquanto trabalhava com uma animação que eu nunca tinha visto em ninguém que precisava limpar uma casa. Ele estava de costas para mim, e eu podia escutar sua voz acompanhando a letra da música, sobressaindo o som do aspirador de pó que ele utilizava.

Tentei reconhecer a letra, mas nenhum cantor veio a minha mente. Sorri quando o vi começar a se remexer levemente seguindo o ritmo da música. Era algo adorável de apreciar. Precisei de apenas uma olhada em volta pra saber que a limpeza já estava quase no fim.

Ele se assustou quando me viu e me jogou a primeira coisa que chegou em sua mão. Acho que eu devia ser grato por ele ter pegado uma capa de DVD vazio. Ou provavelmente estaria desacordado.

Depois que ele me reconheceu, fez uma cara de culpado que me deu até dó. Seus olhos já naturalmente arregalados cresceram tanto, que achei que fossem saltar para fora.

Era estranho.

Mas era um estranho adorável.

"Te machuquei?" Ele perguntou.

"Claro." Levantei fingindo estar gravemente ferido. Fiz uma careta, para ajudar a forçar o drama. "Lançar capas de plástico em um policial bem treinado pode ser fatal, você não sabe disso? Talvez agora eu precise de um médico urgente. Mas onde eu poderia arrumar um á essa hora?"

Ele balançou a cabeça parecendo indignado por ter se preocupado comigo, e desligou o som. Quando ele se aproximou de mim, cheirou o ar e fez uma careta.

"Isso parece..."

"É. Eu sei." Caminhei em direção ao quarto depois de pegar a capa de plástico no chão e entregá-la de volta para ele. "Um cachorrinho me confundiu com um poste. Acho que foi por causa da minha altura. Vou tomar banho."

"Seu irmão deixou um recado para você na secretária. Não quis atender." Ele falou da sala e eu ouvi o barulho do aspirador novamente.

"Tudo bem." Eu disse enquanto tirava a roupa no banheiro.

"Que fique claro que eu não gosto dele." O escutei gritar, mas quase não pude escutar por causa do som do aspirador. Franzi o cenho levemente curioso.

"Por quê?" Eu já imaginava que ele deveria ter falado algo idiota. Taemin já era um. Sem precisar fazer muito esforço. E ele só agia assim perto de mim.

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