O Vizinho

Kai

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Eu acordei primeiro. O relógio biológico de KyungSoo era todo bagunçado pelo tanto de café que ele tomava, fora as noites que ele passava estudando. Tinha dias em que ele acordava super cedo, e outros ele dormia até mais tarde. A primeira coisa que eu percebi quando acordei, foi como seu corpo estava macio e cheiroso. Não me entendam mal.. pelo que parecia, nós tínhamos procurado pelo calor um do outro durante a noite gélida.

Em algum momento ele virou de costas e eu dormi com a cabeça em seu ombro, meu rosto em sua direção. Muito cheiroso de fato.

Nossas pernas estavam entrelaçadas e ele me abraçava, eu não queria levantar por nada nesse mundo. Tão macio...

Senti quando ele acordou. Ele inspirou forte e seu peito subiu me alertando. Tentei parecer que ainda dormia. Ele não demorou a perceber a posição que estávamos. Tentei segurar o riso com seu susto. KyungSoo tentou se desvencilhar, mas eu reclamei e apertei o abraço. Ele parou de se mexer na hora e voltou a me abraçar. Acho que resolveu esperar eu acordar.

Quase não aguentei quando sua mão começou a brincar com meu cabelo. Ele ficou mexendo por um bom tempo e eu quase dormi de novo. Só que ele começou a contornar minha tatuagem e isso espantou qualquer sono. Eu usava uma camiseta sem mangas e sabia que a fênix aparecia sobre o meu ombro. Sentir o toque dos dedos dele percorrendo o desenho foi torturante.

“Eu sei que você está acordado, Jongin.” Ouvi a voz dele. Seu tom era suave apesar de ele ter acabado de acordar. Tomei um longo suspiro, tentando fingir que ele estava errado e que fora seu comentário que me acordou.

“Bom dia.” Eu disse tentando me espreguiçar sem sair daquela posição confortável. “Eu quero dormir mais.”

“Você não estava dormindo.” Ele falou, mas passou a mão em meu cabelo novamente. “Você estava gemendo alto.”

Eu estava? Nem tinha reparado. Isso acabava com qualquer chance de continuar ali, né? Suspirei saindo daquela posição tão agradável. Parei com o corpo parcialmente sobre o dele e o encarei.

“Sabia que você é lindo quando acorda?” Eu disse e me aproximei dele. KyungSoo ficou nervoso e colocou a mão no meu peito, parando meu movimento.

“Sabia que você ainda não escovou os dentes?”

Ele disse, mas estava corado o suficiente pare que eu soubesse que ele queria apenas evitar o beijo. Durante a manhã, esse pensamento ficou me perturbando. Eu estava claramente ultrapassando alguns limites. KyungSoo também não estava mais tão a vontade quando voltamos para a cidade de carro. Eu podia sentir que ele estava desconfortável e a culpa era minha. Nosso acordo estava ficando comprometido com as liberdades que eu vinha tomando.
Quando chegamos ao prédio, ele subiu na minha frente. Estávamos em silêncio. KyungSoo não iria a faculdade. Ele disse que não queria chegar tão tarde, mas estranhei mesmo assim. Sabia que ele odiava faltar.

No meu apartamento, liguei para o meu trabalho e avisei que iria atrasar. Meu chefe falou que meu pai já havia conversado com ele e eu podia tirar o dia de folga.

Depois de beber um pouco de soju, percebi que eu era incapaz de arrumar algo para passar o tempo. Eu só conseguia pensar na enorme confusão que tinha me metido. Sentei no sofá e apoiei a cabeça em minhas mãos. As coisas estavam indo tão bem. Por que eu tinha que ter aproveitado cada chance de agarrar KyungSoo? Agora ele devia estar em seu apartamento pensando que eu era um tarado que se aproveitava de qualquer ser humano do sexo masculino.
Ele estava fazendo a parte dele. E o que eu tinha feito? Fora o babaca, eu tinha ignorado todos os outros pretendentes que avistara pra ele. Achei defeito em todos eles... Então parei de procurar. Afirmei a mim mesmo que era porque minha semana tinha sido cheia. Tentei me convencer de que não havia nenhum motivo oculto por trás disso. Até o pensamento soou falso. Só que eu também não era o que ele queria. KyungSoo queria um homem carinhoso, responsável e que tivesse família como ideal de vida. Eu nem tinha um ideal para começar. Suspirei e levantei. Iria fazer aquilo que eu prometi.