O Vizinho

Jongin

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Senti a raiva borbulhar no meu peito assim que olhei no rosto dele. KyungSoo estava chorando. Ele estava chorando. Tanto ele quanto Taemin estavam vermelhos e ofegantes. Olhei a faca na mão dele. Ele não segurava como se fosse atacar, mas os nós dos dedos estavam brancos. Virei todo o meu ódio para Taemin e coloquei minhas coisas no chão.

“Está tentando mesmo me irritar, Taemin.” Eu falei arregaçando as minhas mangas.

“Não vim aqui para brigar com você, Jongin.” Taemin falou se recompondo.

“O que você disse para o meu noivo dessa vez?” Perguntei com os dentes trincados.

“Ele veio me ameaçar com mentiras.” KyungSoo falou e notei o quão abalado ele estava.

“Deixe ele ver as fotos então.” Taemin falou olhando para KyungSoo com desprezo.

“Que fotos?” Eu perguntei.

“Vou te mostrar depois.” Ele falou.

“Não vou brigar com você, Jongin.” Taemin falou e parou na escada ao meu lado. “Só que se você se deixar levar pelo rostinho bonito que esse daí tem...” Prendi-o contra a parede, mas ele continuou a falar ignorando meu braço erguido “...vou ter que mostrar as provas ao nosso pai.”

Ele empurrou meu braço e desceu as escadas. Pensei em ir atrás dele, mas ouvi um som e vi KyungSoo sentado no chão com a cabeça apoiada nos joelhos. Ele ainda chorava. Fechei a distância entre nós com dois passos. Eu o abracei e ele escondeu o rosto no meu peito.

“Não chore, por favor.”

Com algum esforço, peguei minhas coisas e levei KyungSoo para dentro. Vi a mesinha de centro quebrada e senti a raiva brotar de novo. Perguntei a ele o que tinha acontecido. KyungSoo permaneceu em silêncio e me entregou um envelope amarelo.

“O que é isso?” Perguntei enquanto me sentava.

“Jongin, até quando nosso acordo irá durar?” ele perguntou e eu parei. Estava ali o momento que eu temia. Eu queria ter adiado isso. Maldito Taemin. Respirei fundo e esperei que a minha voz saísse normal.

“Bom, você já está praticamente noivo” falei forçando a voz.

“E nós enganamos sua família...” Ele falou e parecia...triste? Queria imaginar que fosse assim. Abri o envelope e deixei minha boca aberta ao ver o material.

“O maldito pesquisou sua vida!” falei cerrando os punhos. KyungSoo se aproximou de mim e ele parecia mesmo nervoso.

“Ele foi atrás do meu padrasto, Jongin! Sabe o quanto eu tentei encerrar meus laços com eles? E agora, simplesmente, seu irmão foi lá procurá-los.”

“Pelo menos ele não pode inventar nada muito grave.” Falei, mas pensava exatamente o contrário.

“Seu irmão me disse que o meu padrasto me acusou de roubar a família antes de fugir de casa! Eu saí com a roupa do corpo! O que aquele idiota acha que eu peguei?”

“Vou resolver isso.” Falei enquanto passava a vista pelos papeis. “Esse é o seu histórico médico? Que diabos...? O que Taemin estava pensando?” Perguntei a mim mesmo. Eu estava indignado com quão longe ele tinha ido.

“Ele disse que queria que eu terminasse com você.” KyungSoo falou e eu olhei para ele. Eu não queria o fim. Não queria que ele chegasse assim. No fundo, não queria que ele viesse nunca.

“Por que não disse a verdade para ele?” Perguntei sabendo que era o único modo dele manter sua dignidade intacta.

“Mas se eu contasse você ficaria mal perante a sua família.” Ele disse e me olhou como se eu fosse idiota. E eu quis muito abraçá-lo. “Pensei que poderíamos usar isso como desculpa para você terminar comigo.”