KyungSoo

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"Para entender bem o funcionamento da hipófise, é importante estudar inicialmente o seu suprimento sanguíneo." Li a frase pela que seria a décima vez tentando ignorar Crooked. "Este é feito por dois grupos de artérias originadas da artéria carótida interna: as artérias hipofisárias superiores, direita e esquerda, irrigam a eminência mediana e o infundíbulo; as artérias hipofisárias inferiores, direita e esquerda, irrigam principalmente... ¹"

Neo hana mitgo manyang haengbokhaesseotdeon naega

Fechei os olhos e tentei contar até dez.

Não funcionou.

Levantei da mesa e procurei meus tampões de ouvido.

Funcionou por um tempo até o infeliz do meu vizinho aumentar o volume.

Useupge namgyeojyeosseo

"Maldito morador do 7D!"

Obviamente nem todas as pessoas conseguiam respeitar a lei do silêncio. Apoiei os cotovelos sobre a mesa e coloquei as mãos na cabeça. Precisava ir bem na prova no dia seguinte. Não podia correr o risco de repetir o período. Alguma coisa bateu na parede do outro lado me assustando.

"Ok!" Disse me levantando. "Isso é mais do que eu posso suportar."

Fechei meu livro de histologia e o levei comigo. Eu não estava muito no meu normal depois das dezenove xícaras de café, mas isso até serviria. Eu deveria estar com os olhos vermelhos e com olheiras e esperava que isso fizesse meu vizinho pensar que eu estava meio louco. Abri a porta e percebi que o som estava ainda mais alto ali do lado de fora.

Yeongwonhan geon jeoldae eobseo

Parei em frente á porta ao lado da minha e bati. Não houve resposta então comecei a tocar a campainha. O filho da mãe continuou me ignorando de propósito ou porque não conseguia ouvir. Deixei o dedo direto na campainha sem tirar e fiz uma cara de doido. Depois de algum tempo, a porta abriu e a primeira coisa que ele fez foi tirar a minha mão da campainha.

"Esse som não combina com o ritmo da música." Ele disse sorridente e só então reparou realmente em mim e em meus olhos loucos.

Fui capaz de sentir o susto que ele levou e me segurei para não sorrir. O olhei com todo o ódio que consegui já que era difícil não sorrir para ele. Quando Kim Jongin se mudou para o meu prédio, eu fui um cara entre as muitas mulheres que se encantaram com ele. Quer dizer, eu sou homossexual, como não repararia? O cara é alto, tem um cabelo maneiro, um sorriso lindo e um corpo perfeito. Do tipo que quando sorri, tem o poder de fazer uma mulher se esquentar e ter pensamentos impuros. Acontecia comigo também.

Mesmo que eu não fosse uma mulher.

E ele ainda é policial ou algo do tipo e quando usa farda faz a gente ficar sem fôlego. Ele também sabe ser encantador e charmoso como se soubesse exatamente o tipo de reação que provoca nas mulheres. E não só nelas.

Eu não tinha certeza se ele realmente era hétero, apesar de que as inúmeras mulheres que passavam pelo apartamento dele não me deixavam muitas dúvidas.

O modo como ele me ignorava completamente fez com que o meu encantamento, de passivo que nunca nem teve um macho, por ele diminuísse consideravelmente embora eu ainda imaginasse ele sem camisa de vez em quando.

Agora, eu tinha catalogado o Kim perfeito na gaveta dos homens héteros tarados compulsivos com uma etiqueta de sonhos impossíveis.

Aproximei-me do rosto dele e vi, com satisfação, ele dar um passo para trás. Olhei bem dentro dos olhos dele tentando mostrar raiva e deixá-lo intimidado. Não sei se funcionou muito e não quis arriscar. Voltei a uma posição normal e levantei o livro bem em frente ao rosto dele.

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