Capítulo 2:

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Micaela Valadares:

Melissa e Deivid não questionaram minha decisão apesar de eu saber que eles esperava que eu ficasse em São Paulo e refizesse minha vida de onde eu a parei, mais é que minha mente não se adequa a essa monotonia de empresas e etc. Como falei, estou muito satisfeita com o trabalho desenvolvido por minha equipe. Já meus pais não só não gostaram como me acusou de abandoná-los novamente; embora eu afirmasse que as coisas eram diferentes e que a nossa distancia era relativamente perto em relação ao exterior, eles ainda assim não lidaram bem com minha decisão. Nana e Dona Luiza tinham chegado de um cruzeiro dois dias depois do meu retorno ao Brasil. A viagem foi um presente de aniversário que Deivid juntamente com Melissa arquitetaram para Nana e ela prontamente convidou Dona Luiza para lhe acompanhar. Melissa me falou que as duas se tornaram grandes amigas e que o posicionamento dela e Deivid de não se afastarem de nenhuma delas, eles as convenceram de dividir a casa já que é tão grande; além de tudo, tem a ajuda e uma confiança impar que só elas duas são dignas para cuidar do Luquinha.

-Menina, suas roupas são muito escuras; Te deixa com uma expressão sombria!

-Eu não gosto de roupas claras, Nana. Eu prefiro algo mais obscuro e sombrio como você fala. Meus gostos no geral mudaram numa porcentagem de 80%. Eu já não sou nem de longe aquela menina que usava rosa e se via doce como um favo de mel. Esses dois anos me fizeram avaliar que aquilo era nada comparado a minha essência.

-Você se fechou e deixou a essa "Micaela meiga" adormecida.

-Não! Eu matei essa Micaela e renasceu uma nova Micaela. Uma que não tolera muita coisa e que detesta frescuras. Eu não sinto falta do que eu já fui, Nana. Eu fui obrigada a ser essa que está a sua frente e agradeço as condições que me impuseram quando eu tive que viver foram.

-Você me fala de coisas que eu não sei do que se trata.

-Onde está dona Luiza?

-Eu já vi que quer mudar de assunto, mas respondendo a sua pergunta, Dona Luiza está com o menino Lucas, foi dá-lhe comida. –Eu a olho e ela tem uma feição em seu olhar que já conheço e confesso que senti saudades. Nana é para mim como uma avó, assim como melissa lhe tem um acarinho especial eu também tenho.

-O que a vida te fez, menina? – Com seus olhos cheio de compaixão me pergunta.

-Nada que eu não estivesse pronta para abraçar, Nana. Eu estou aqui não estou? Firme e forte e até mais madura do que um dia já fui. Agora vamos cuidar em terminar de arrumar essas malas que a minha priminha mais Deivid já devem estar chegando. –Eu paro e penso em como Melissa superou seus limites. –A mesma vida que fez de Mel uma mulher mais forte e guerreira é a mesma que me deu essa armadura que eu uso, Nana. Eu ainda tenho cicatrizes que não sararam e eu sou obrigada a me vestir assim, de forte...

-Você é e sempre foi forte Micaela. Você só não deixa que essas feridas se fechem por que você acredita que é mais fácil lidar com elas te machucando do que um dia ver apenas as cicatrizes e saber que já não dói mais. Sabe porquê? –Eu balanço em negação a minha cabeça e um no se forma em minha garganta. –Por que você sabe que quando isso acontecer, você estará preparada para amar mil vezes, se preciso! –Foi inevitável. Nana consegue me decifrar em meus mais profundos medos. Eu não impeço das lágrimas caírem e ela me toma em seus braços me confortando em um abraço mais que bem-vindo.

Terminamos de arrumar minhas malas que se resume em duas com as poucas roupas que Micaela e eu compramos. Eu não fiz lá uma grande compra já que tinha tomado a decisão de ir para a fazenda em Minas. Quando eu chegar em montes claros me organizarei de acordo com o lugar; Essas coisas fazendas e suas culturas. Estou deitada no sofá da sala brincando com o Lucas; ele ri de minhas maluquices e seu sorriso autentico me aquece o coração.

Verdades que Ferem-TRILOGIA VERDADES - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora