Capítulo 9:

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Alexandro Veras:

Cinco dias. Cinco malditos dias que não paro de pensar, de desejar aquela mulher. Uma atrevida que perpetua minha mente desde de domingo a noite. Provocadora! Micaela tem deixado angustiado, como se fosse um desafio que eu não sou preparado para lidar. Um mistério que sou incapaz de resolver. Seu temperamento tempestuoso me faz querê-la. Me trás vida, adrenalina e até consigo lembrar de quem eu era antes de Gabriela.

Gabriela! A mulher que me fez não querer nenhuma outra. A única que eu amei e que desejei mais que tudo construir uma família. A única que me fez desistir da minha profissão arriscada mas que tanto eu amava, para apenas estar a seu lado e ao lado de nosso filho. Minha mulher e filho eram tudo que eu precisava e nada mais. Até o dia que me vi sem eles e todo o resto perdeu o significado.

Sai da agencia sem pensar duas vezes. O vazio que dominou minha vida não me deixou seguir em frente. A culpa me corrói por não ter trazido Gabriela para junto de mim ou mesmo ter aberto logo mão de algo que mais tarde eu acabaria fazendo. A decisão veio para mim tarde demais. Eu não suportei viver naquele mundo sem Gabriela estar fora dele a minha espera.

É tarde de sexta feira. Essa semana eu fui na boate uma única vez e sei mesmo que não queira admitir, a esperança era encontrar aquela diaba loira. Por noites acordei tendo os olhos de Micaela em meus sonhos. Não consigo entender por que eu me afeto tanto com aquela mulher. Seu modo faceiro, desafiador e sedutor me tiram a paz, pelo menos o pouco que tenho. O desinquieto que sinto me perturbar, parece sumir e dar lugar a esse desejo louco que sinto por Micaela. A esperança de te-la na minha cama é tão forte quanto assustadora por que não senti nada parecido por Felícia e ela esteve comigo por um bom tempo. Esses sentimentos conturbados me confundem, logo eu que sempre prezo pelo controle de tudo.

Gosto de seguir sem rumo montado em meu cavalo. Gosto de ver minhas terras e sentir o vento tocar minha pele, assim como consigo respirar um pouco melhor quando estou sentado na beira do rio e toco o meu violão. As melodias das canções falam por mim. Falam da dor que sinto e do que quero esconder. Do que quero não sentir. Deixar as lembranças do passado me machucar um pouco mais que o costume. A dor na sua grande maioria e intensidade acaba sendo meu combustível. Eu me alimento disso para ter força de me levantar da cama pela manhã. Meu sofrer é a minha cruz pela falta de Gabi e do nosso menino. Aqui de onde estou consigo ver boa parte do que é meu. Minhas terras vai muito além do que se pode ver, e eu me acostumei a ser um homem do campo. Um vaqueiro, um Cowboy, um peão. Gosto desse verde.

-Tio Alex, entrou algumas reis da fazenda Recanto d'águia nas terras do senhor, agora eu nem sei como por que não tem furo nas cercas. Os arames estão todos nos lugares. –Marcos me avisa. Ele veio a meu encontro dirigindo a caminhonete da fazenda. Eu o ensinei logo que os trouxe para cá, para melhoria da lida e para qualquer emergência. O que me faz lembrar que o moleque já tem 18 anos e tem que tirar a CNH.

-Para que lado, Marcos?

-Vamos, eu te mostro. –O garoto me falou exatamente como as coisas estão. Seis reis de gado estão nas minhas terras e todas elas levam ferrado em seu coro o brasão da família, simbolo da Recanto.

-De fato o gado está aqui dentro, Marcos. Agora eu me pergunto como esses bichos entraram. Não há arrombamento nem buraco exposto nessa cerca.

-Só há uma explicação, tio. Alguém soltou as pontas dos arames e colocaram os bichos para dentro das suas terras, depois fecharam novamente. Veja que estamos nas extremidades da cerca e naquele morão é o final das pontas dos arames. –Marcos me mostra a única explicação plausível para isso e eu vou conferir de perto e ele está certo em sua observação. A cerca foi aberta nas pontas.

Verdades que Ferem-TRILOGIA VERDADES - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora