Capítulo 12

208 19 21
                                    



Micaela Valadares

-Eu? Eu sou Dice. –Falo dando ênfase e vida ao personagem de tive como base nas minhas atividades há dois anos. Coincidência ou não, esse apelido falado por Pablo me trouxe o espírito de justiça que habitava em mim, que sempre me acompanhou e que por um tempo foi mais que meu companheiro. Se antes de eu repudiava toda e qualquer forma de injustiça, depois da DCI minhas idéias e opiniões só se embasaram naquilo que sempre acreditei. Cassandra e Regina estão inertes com o que aconteceu aqui realmente não é para menos. Quis esconder meus dias de aventuras em busca de justiça, mas o meu espírito bradou e eu não pude e nem poderei me acovardar diante de uma situação como essa.

-Quem é você é o que fizeram com a minha amiga? –Cassandra se manifesta depois de eu ter colocado Mauro no seu devido lugar e ter lhe dado alguns avisos. Sua cara de espanto chega até ser engraçada se essa situação toda não fosse ao mínimo embaraçoso para mim.

-Essa sou eu, Cassandra. Eu e minhas faces.

-O que parece não serem poucas.

-Disso eu não tenha duvidas minha querida. Mas o assunto aqui em pauta é o comportamento desse machão aqui. Saia. Fuja de mim como o diabo foge da cruz. Se me encontrar por ai passe por outro caminho e alguém falar do o que aconteceu hoje aqui, você apenas diga que essa noite foi um apenas um pesadelo e que seu conselho é nunca mais tê-lo. Por que escute bem o que vou te falar, Mauro, eu farei você desejar nunca ter nascido. –falo cada palavra olhando bem dentro dos olhos cheios de medo do infeliz covarde. A minha vontade é deixar seu estado deplorável, seu rosto irreconhecível de tanta pancada. Pra ele saber o que uma mulher sente quando é agredida. Mauro sai deixando Cassandra e Regina na minha companhia. Os olhos de Regina são de agradecimento enquanto os de minha amiga é questionamento.

-Obrigada senhora! Eu não sei nem como te agradecer por que palavras não podem expressar o meu sentimento de gratidão.

-A única maneira de me agradecer, Regina, é você nunca mais permitir que ninguém te humilhe ou te maltrate. Principalmente um infeliz de um homem.

-Eu prometo pra a senhorita que nunca mais ninguém vai me humilhar.

-Prometa para você mesmo, minha querida. Não mude por mim que te conheço há poucos minutos nem por ninguém. Ame-se e você entenderá essa necessidade de estar antes dos outros em alguns momentos. Ser auto-suficiente é fundamental para o ser humano, amor próprio é primordial por quem sem essa ponte de via dupla você não será nada para ninguém. –termino meu pedido e Regina tem lágrimas nos olhos. Eu sei que a toquei onde jamais ela foi tocada. Sua auto-estima foi encontrada e sei que a lagarta passa pela metamorfose e transforma-se em borboleta.

-Me belisca para ver se estou tendo um sonho? A mulher loira que aquele delinqüente falava era você minha deusa Dice? –Pablo interrompe nosso momento com mais umas de suas perolas que já estou ficando acostumada. Sua expressão é de pura admiração.

-Sim, sou eu. Mas isso fica aqui. Não quero ter que lidar com a polícia fazendo-me de refém por fazer o que era de obrigação dela. O que no mínimo eles vão afirmar é que meus atos de justiça com as próprias mãos são crimes.

-E eles não têm razão? A lei não afirma isso?

-Sim. Assim como também afirma que todo cidadão tem direito a moradia, segurança, escolas e saúde. E veja só: a quantidade de moradores de ruas é alarmante, a nossa segurança em fiasco, as escolas com uma educação frágil e a nossa saúde é medida pela quantidade de leitos nos corredores de hospitais, sem atendimento medico. Isso é justiça? A nossa sociedade é justa?

Verdades que Ferem-TRILOGIA VERDADES - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora