Scorpius

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Assim que entrei em meu escritório chamei minha secretaria.

— Chegou algum cliente? — Perguntei.

— Não, mas Sr. Malfoy, tem uma pessoa aqui que gostaria de falar com o senhor, posso deixá-la entrar? — Ela perguntou.

— Tudo bem, mas diga que tenho um compromisso e não posso demorar muito. — Respondi organizando minha mesa.

— Ok. — Ela respondeu apenas.

Peguei os papeis da reunião e os coloquei em um canto da mesa enquanto escutei a porta se abrir. Inicialmente não vi ninguém, mas quando olhei um pouco para baixo vi uma menininha loira.

— Olá, olha se você veio vender chocolates ou biscoito, esqueça, não comprarei nada hoje. — Disse indo direto ao ponto.

— Não estou vendendo nada. — Ela disse parecendo achar graça disso.

— Então, posso ajudar em alguma coisa? — Perguntei estranhando. — Por acaso você se perdeu?

— Não precisa me ajudar. — Ela disse se aproximando um pouco temerosa. — E eu não estou perdida, meu papai está aqui.

— Então você quer que eu o chame?

— Não precisa chamar o meu papai. — Ela respondeu parecendo estar me analisando.

— Mas então o que você está fazendo aqui? — Perguntei sem entender.

— Eu estou falando com meu papai. — Ela disse sorrindo travessa.

— Mas só estamos nós dois aqui.

Ela respirou fundo e disse:

— Eu sei, mas eu já disse que estou falando com meu papai, porque você é o meu papai. — Ela disse calmamente, como se eu que fosse a criança.

Comecei a rir da menina, por acaso estavam tentando me tramar alguma coisa novamente? As revistas sempre queriam tramar algo para que eu acabasse me dando mal.

— O que tem de tão engraçado? — Ela perguntou colocando as duas mãozinhas na cintura, o que me fez lembrar de alguém do meu passado. Alguém que há muito tempo tento esquecer.

— Quem que te mandou aqui?

— Ninguém me mandou, eu vim sozinha. — Ela disse cheia de si, mas não acreditei, uma menina tão pequena não conseguiria chegar até aqui sozinha.

— Fala sério, quem te mandou?

— Eu já disse que ninguém me mandou. — Ela disse se zangando um pouco.

— Mas sabe, não sei por que insistem, não tenho outros filhos além do Órion.

— Eu tenho um irmãozinho? — Ela perguntou com os olhos brilhando.

— Como é seu nome?

— Sophie.

— Então Sophie, acho melhor parar com essa brincadeira.

— Não é uma brincadeira. Você é meu papai. — Ela disse séria, mas vi que seus olhos estavam cheios de agua.

— Tudo bem, então acho melhor ligar para sua mãe e esclarecemos isso. — Eu disse e vi que ela arregalou os olhos.

— Com a mamãe?

— Sim, com sua mãe.

— Mas ela está trabalhando. — Ela respondeu depressa.

— Não tem problema só quero conversar com ela.

— Tudo bem. — Ela disse derrotada. — Me empresta seu telefone?

Entreguei o telefone e ela rapidamente discou o número.

— Alô, mamãe? — Ela disse fazendo uma careta.

— Onde é que você está dona Sophie? Tem ideia de como estamos preocupados? — A pessoa que falava no telefone devia estar realmente brava, porque estava praticamente gritando, eu conseguia escutar a voz, a qual me parecia familiar.

— Eu estou com "ele" mamãe, me desculpe. — Ao que me parece o "ele" se referia a mim e já era uma referência conhecida pelas duas.

— Passa para "ele" agora!

— A mamãe quer falar com você. — Ela disse com um sorriso tímido.

— Alô.

Me desculpe por isso, será que você poderia trazer ela na sorveteria que tem perto da sua empresa? — Essa voz com certeza eu conhecia, mas não podia ser ela.

— Sim, chego aí daqui a quinze minutos.

Obrigada. — Ela disse antes de desligar o telefone.

— O que ela disse? — Ela perguntou assustada.

— Ela me pediu para te levar à sorveteria que fica aqui perto.

Ela não disse nada, apenas assentiu assustada. Terminei de arrumar minhas coisas, pois precisaria buscar Órion depois que entregasse a menina. Percebi que ela observava atentamente cada movimento meu.

— Como é mesmo o nome do meu irmãozinho? — Ela perguntou baixinho.

— Como?

— Como é mesmo o nome do meu irmãozinho? — Perguntou um pouco mais alto.

— Olha não sei o que você está querendo, mas se for realmente minha filha descobriremos logo.

Ela suspirou e perguntou novamente:

— Como é o nome do meu irmãozinho?

— O nome do meu filho é Órion.

— Quantos anos ele tem?

— Ele tem três anos. — Respondi enquanto terminava de arrumar minhas coisas. — Quantos anos você tem? — Resolvi ser mais educado com ela, pois e se fosse a verdade?

— Seis anos. — Ela disse com um pequeno sorriso.

— Bom, mocinha, já terminei de arrumar as coisas acho melhor irmos ver sua mãe.

Saímos da sala em silêncio, avisei minha secretaria que iria sair.

— Estou indo levar essa mocinha para a mãe dela e como já está quase na hora de buscar o Órion, então não vou voltar. Se quiser sair logo, está liberada.

— Obrigada Sr. Malfoy.

— Espero que ela não tenha ficado zangada. — Ela disse enquanto eu apertava o botão térreo no elevador.

— Quem?

— A mamãe.

— Por quê?

— Eu não devia ter vindo aqui, mas eu queria muito te conhecer, papai.

— Vamos combinar uma coisa?

— O quê?

— Que enquanto eu não descobrir tudo sobre isso, você não me chamará de papai.

— Mas...

— Nada de mais, ok?

— Tudo bem. — Ela disse fazendo um biquinho.

Segurei em sua mão enquanto saia do elevador e a guiei pela rua até a sorveteria.

Quando entramos olhei em volta e fiquei a imaginar qual daquelas mulheres era a mãe dela, supus que fosse uma loira que estava perto do caixa, pois todas as mulheres que estavam no local estavam de costas para a porta. Sophie soltou minha mão, suspirou e murmurou:

— É agora. Espero que ela não esteja muito zangada.

Deixei-a ir na frente para ver qual seria a mulher que ela iria, e para minha maior surpresa ela foi para a pessoa que menos esperava: uma mulher ruiva.

Surprise, Dad!Onde histórias criam vida. Descubra agora