O preconceito existe sim !

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O cara que me segura pelo colarinho me joga no chão e se vira para o meu pai que ainda está com a arma apontada em sua direção.

-Vocês vão explicar na delegacia agora o por quê de bater em dois meninos.-Diz meu pai pegando o telefone.

Os dois caras correm e meu pai dispara, porém nenhum dos tiros pegam neles.

Corro para levantar Arthur. Ainda estou em choque. Eu nunca tinha passado por coisa parecida e um lado do meu rosto estava dormente e doía.

Nunca tinha sido machucado dessa forma só pelo simples fato de ser gay. Era uma sensação horrível. Sensação de que você é um verme sabe ? Mesmo sabendo que eu não era.

Era algo inexplicável.

-Você está bem ?-Pergunto.

-Precisamos levá-lo pra um hospital.-Diz meu pai.

Só agora caio em sí. Meu pai estava aqui, meu pai me salvou. Mas por quê ? Ele não me aceitava, eu não entendo.

Porém eu simplesmente respondo:

-Temos.-Levanto Arthur e o carrego com meu pai até o carro.

Ligo para minha mãe e explico toda a história, ela diz que vai até o hospital. Logo em seguida ligo pelo telefone de Arthur para sua família. O telefone dele estava rachado, porém eu conseguia discar.

-Precisamos ir na delegacia depois, isso não pode passar batido.-Digo.

Meu pai estaciona o carro de frente pro hospital e me olha. Eu não conseguia decifrar seu olhar naquele momento, porém ele assente.

Entramos no hospital e Arthur é finalmente atendido e cuidam de seus ferimentos. Acho que passamos horas alí até nossas famílias chegarem.

Minha mãe e meu pai se olham por um breve instante e depois desviam seus olhares para nós.

-Você está bem ?-Ela passa a mão pelo meu rosto inchado.

-Vou ficar.-Digo.-Depois você vai na delegacia comigo ?

-Claro filho.-Ela assente me abraçando.

-Eu vou junto.-Meu pai se senta ao nosso lado.

Me viro para ele confuso. Eu ainda não conseguia entender o por quê dessa preocupação. O por quê dele ter me salvado. Ele me condenava por ser gay. Eu não entendo.

-Por que está me ajudando ?-Pergunto.

-Porque eu sou o seu pai.-Ele segura minha mão.-E não quero ficar velho e sozinho por causa de um preconceito bobo. Você ainda continua sendo meu filho.

-Devo acreditar ?

-Olha Patrick.-Ele continua.-Não vou te dizer que vai ser fácil, que vou te entender assim da noite pro dia...Mas eu vou tentar, por nós. Porque eu sinto falta de vocês.

Olho para mamãe e ela dá de ombros.

-Todos merecem uma segunda chance.-Ela diz.-Dê essa ao seu pai, assim como fez comigo.

Meus pais me deixaram na casa de minha vó há dois anos atrás e só voltaram agora. Eu nunca imaginei que esse momento fosse acontecer. Por mais que eu sonhasse com ele, por mais que eu almejasse ver minha família unida. Nunca imaginei que fosse acontecer.

Não vou negar que me doeu muito quando eles preferiram seus status do que à mim. Porém todos nós estamos mudando. Nascemos danificados mas aprendemos a consertar uns aos outros.

Minha mãe estava certa, todos merecem uma segunda chance. Eu tive uma, mamãe também, por que ele não ?

Acho que era isso que vovó e vovô queriam. Ela estava certa quando disse que o tempo resolve tudo.

Maus HábitosOnde histórias criam vida. Descubra agora