Salvos pelo empresário

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Christian e eu nunca mais tivemos contato. Muito menos Carla tem falado comigo.

Eu acabei magoando os dois de formas diferentes. Acho que perdi Christian e ruiva pra sempre. Droga.

-Cara você tá com uma cara horrível.-Diz Elisa.

-Que motivador Elisa.-Diz Emily saindo da piscina.-Ei Patrick, o que foi ?

Dou de ombros.

-Carla e Christian não querem falar comigo eu acho.-Respondo.-Acho que perdi os dois de vez.

Emily se senta do meu lado e me abraça. Era tão bom o abraço dela. Era tão bom saber que mesmo depois de tê-la magoado tanto ela continua leal à mim.

-Você ao menos tentou falar com eles ?-Pergunta ela.

-Com Carla sim, mas com Christian não.-Respondo.-Antes de falar com Christian eu precisava falar com Carla, mas ela não quer nem me ver.

Emily contrai os lábios.

-Desculpa me meter.-Diz Elisa quebrando o silêncio.-Mas acho que você devia dar um tempo pros dois. Mesmo eu não sabendo do que se trata, acho que você precisa dar esse tempo pra eles. O tempo resolve tudo.

-Ou só piora.-Digo.-Mas obrigado pelo conselho Elisa, você é um amor.

Emily solta uma gargalhada.

-O que foi ?-Pergunto desconcertado.

-Você nunca disse isso nem pra mim.-Ela diz tentando conter o riso.

-Me erra.-Respondo.-Deixa eu ser bonzinho em paz.

Passei o resto da tarde pensando no que Elisa disse. Talvez fosse mesmo necessário dar um tempo pra eles. Acho que antes de eu falar com os dois, eles precisam se entender.

Não vou negar, Christian mexe comigo. É algo que nunca senti antes. Mas tenho medo. Não posso me prender à isso.

Assim que o sol se põe eu vou pra casa e no caminho vejo Pâmela e Pedro andando pelo calçadão com um cachorro. Eles me avistam e andam em minha direção.

-Patrick.-Indaga Pâmela.-Como você está ?

-Oi Pâmela.-Digo e esta olha para Pedro.

-Acho que vocês dois precisam ter uma conversa.-Ela diz.-Ouça ele, Patrick.

Achei que já tinha terminado tudo com Pedro naquele dia quando me libertei dele. Mas parece que pra ele ainda faltava algo.

Olhando agora pra ele, eu já não me sinto como antes. Eu já não perco mais a fala, eu já não sinto meu coração querer pular pra fora, eu já não sinto mais nada por ele. É indiferente pra mim.

Eu me libertei dele e tem sido ótimo pra mim. Esquecer nunca é fácil, mas é preciso. É preciso pra conseguir seguir em frente. É preciso pra que você possa finalmente se abrir pra novas oportunidades.

E chega uma hora que você olha pra trás e lembra de tudo como um aprendizado. E eu aprendi com ele que não devo entregar meu coração pra qualquer um.

-O que eu queria te dizer naquele dia era que...

-Pedro, está tudo bem.-O corto.

-Calma, deixa eu falar poxa.-Ele rir.-Bem, olha eu queria mesmo tentar ter algo com você, mas sabe, as coisas foram acontecendo tão rápido, você foi gostando de mim rápido demais e eu fiquei com medo de não conseguir te corresponder.

-Por isso preferiu sumir ?-Pergunto.

-Confesso que fui um covarde fazendo isso, fui um babaca. Mas eu só não queria que você sofresse, eu gosto muito de você Patrick e torço pra que seja feliz.

-Eu sofri muito.-Digo.-Mas me fortaleceu pra caralho também. Sabe, Pedro, agora eu consigo entender você, eu te perdôo.

O perdão. Isso mudava tudo. E era um perdão sincero. Porém eu perdoava à todos, mas ainda não conseguia me perdoar. Não sei, era estranho.

-Eu tentei depois quando começamos a estudar juntos, mas sei lá, eu vi que não era mais a mesma coisa.-Continua ele.-E foi aí que conheci Pâmela e ela mudou tudo. Tudo bem, eu menti pra você sobre minha sexualidade, eu sou Bi. Mas eu não sei como explicar o que senti por ela sabe ?

-Nem tente, eu não iria entender.-Fico cabisbaixo.-Nunca passei por coisa parecida, nunca amei alguém de verdade.

-Nem eu ?-Ele pergunta desconcertado.

-Acho que eu fiquei encantado com o fato de você ser o primeiro garoto. Eu queria que fosse especial sabe ? Queria que você fosse o primeiro e último, porém as coisas não funcionam assim no mundo real.

Ele assente.

-Espero que seja feliz com Pâmela, ela merece.-Digo olhando para Pâmela.-De todas as amigas que já tive ela foi a mais leal, a que mais me ajudou. Espero que algum dia ela me perdoe por todas as minhas besteiras.

Me viro pra ela. Eu precisava fazer isso. Precisava reparar todos os meus erros antes de tentar começar uma vida nova.

-Pâmela você é uma pessoa maravilhosa, você não é pior e nem melhor que ninguém. Eu fui um idiota completo com você. Eu fui tão injusto em não enxergar o que você fez por mim. No momento mais crítico da minha vida foi você quem me tirou da solidão com sua amizade.-Digo e tento conter o choro.-Se eu soubesse ter dado valor nós seríamos amigos até hoje, me desculpa.

Ela me puxa pra um abraço. Pâmela e eu não nos abraçamos à dois anos. Eu me sinto tão mais leve agora.

-Está perdoado.-Ela diz por fim.-Espero que seja feliz onde está.

-Digo o mesmo.-Respondo e me volto para Pedro.

-Cuide bem dela.-Digo.-A gente se vê por aí.

Ele assente e eu corro para pegar meu ônibus que como sempre vinha lotado.

Vejo da janela os dois se beijando e rindo sem motivo. Queria viver isso um dia.


[...]


Estava escura a rua por onde tenho que passar, porém eu ouço gemidos de alguém num beco. Me aproximo do beco escuro e os gemidos só aumentam, eles vinham de perto de uma lixeira e eu começo a reconhecer a voz que pede por ajuda.

Arthur.

Me abaixo e ilumino seu rosto com a lanterna de meu celular. O estado dele era apavorante, seu rosto estava coberto de hematomas e sangue escorria de sua boca.

-O que aconteceu aqui ?!-Pergunto assustado.

-Me ajude, por favor, apenas me ajude.-Seus gemidos se misturam com soluços e eu o levanto e começo a carregá-lo em direção à luz.

-Arthur onde você mora ?-Pergunto.-Preciso avisar aos seus parentes.

-Não!-Ele grita.-Me leve pra sua casa, por favor.

Atravesso a rua carregando ele em minhas costas, a rua estava deserta e só tinha iluminação dos postes, eu estava começando a ficar com medo.

O pior era que Arthur era pesado, o que me fazia andar bem devagar.

-Arthur quem fez isso com você ?-Pergunto.

-Vamos embora, rápido.-Ele diz.

Ouço passos atrás de mim. Alguém tira Arthur das minhas costas e me empurra para o chão.

-Mais um viadinho pra apanhar.-Diz um dos caras com aparência mais velha e com o corpo forte.

-O que vocês vão fazer com a gente ?-Pergunto me levantando, mas levo um soco em cheio no rosto e caio no chão de novo.

-Raça de merda.-Diz um outro cara me pegando pelo colarinho da minha camisa.-Aqui viado não tem vez.

Um carro passa por nós e para. Alguém desce. Meu pai.

-Larga o meu filho !-Ele grita apontando uma arma que era de vovô cujo ele sempre guardava pra caso de emergências.

Maus HábitosOnde histórias criam vida. Descubra agora