O passado no presente

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Eu e Christian ficamos no sofá assistindo Diário de uma paixão enquanto Carla dormia feito uma porca no quarto de minha mãe.

Por sorte ela acordou alguns minutos antes de mamãe chegar em casa e Christian a levou pra casa.

Eu até entendo a preocupação de Christian com essa mudança radical de Carla. Eu acho que essa mudança tem algum motivo. Provavelmente seja a dor. A dor pode mudar as pessoas. Mas ela parece tão bem quanto ao fato de eu e Christian estarmos juntos.

Eu não sei, algo parece estranho.

Afasto esse pensamento da minha cabeça e me volto para Arthur fugindo de mim mais uma vez. Ele pelo visto não vai nunca me dizer o que queria. E não parecia muito contente com eu e Christian juntos também.

Só falta ele estar apaixonado por Christian. Não posso confiar muito. Apesar dele ter apagado o vídeo do celular de Júlia, sinto que ele ainda é uma ameaça.

Mas será que ele não mudou ? Será que vindo pra cá ele finalmente não amadureceu igual à mim ?

Minha mãe já foi se deitar, ela parece bem feliz com seu novo emprego na revista. Tem até comprado mais coisas pra dentro de casa.

Por mais que as coisas estejam indo maravilhosamente bem pra mim eu sinto como se algo fosse dar errado. Talvez seja a curiosidade de saber o quê Arthur queria me dizer. Eu precisava saber de qualquer jeito.

De tanto pensar eu acabo dormindo. Não espero receber uma mensagem de Christian avisando se chegou em casa. Eu simplesmente apago no sofá e acordo com uma tremenda dor no pescoço.

Minha mãe já poderia providenciar uma cama pra mim ou alugar uma nova casa com mais um quarto.

Sigo direto pro chuveiro e tomo um banho gelado porquê ainda não tínhamos chuveiro elétrico.

Assim que saio do banho vejo minha mãe se arrumando de frente pra um espelho que fica na parede da sala.

-Já pode comprar um chuveiro elétrico e um sofá-cama pra mim.-Digo.-Estou morrendo de dor.

Ela rir.

-Pode deixar.-Ela diz enquanto termina de pentear o cabelo.-Hoje mesmo providenciarei isso.

-Agradeço.-Respondo indo em direção à cozinha, pego uma maçã na geladeira e dou uma mordida.

Eu adorava as maçãs verdes que vovó trazia dos EUA. Sinto saudades de minha vó. Será que ela está bem ?

E meu avô ? Será que me culpa pela sua morte ?

Afasto esse pensamento e penso no que minha mãe disse. Eu precisava me perdoar. O problema é que era difícil.

Pego na minha carteira a foto de vovó e a olho. Uma lágrima cai de meu rosto. Eu sinto tanta falta dela. Talvez ela não tivesse ido embora se vovô ainda estivesse vivo.

Minha mãe me abraça e pergunta o porquê de eu estar chorando. Eu apenas dou de ombros e pego minha mochila no sofá.

-Vai passar.-Digo por fim.-Tenho que ir, mãe.

-Boa aula querido.-Ela responde e eu bato a porta.

Dessa vez Arthur estava sozinho no ponto, ele parecia bastante pensativo.

-Bom dia.-Digo e ele me olha de relance.

-Bom dia.-Ele responde depois de um tempo.

-Cadê os encostos ?-Pergunto.

-Júlia e eu brigamos por sua causa, daí ela evitou vir à escola hoje.-Ele responde.-Quanto ao Eduardo eu já não sei, acho que foi pra escola antes.

Maus HábitosOnde histórias criam vida. Descubra agora