MARINA
— Ah gente, não precisava — com surpresa vejo trazerem o bolo, que parece divino e tem em cima dele uma pequena vela com o número dois.
— Deixa de ser chata, é claro que precisava — Diana me censura — Uma promoção tem que ser sempre comemorada. Ainda mais a sua...
— Ei, como assim ainda mais a minha? — faço-me de ofendida, brincando, pois entendo o que quis dizer.
— Pensamos que não fosse durar um mês e olha só... — Bia aponta o número da vela — Após longos dois anos, não só permaneceu, como agora comanda a porra toda.
Olho para o lado, esperando que ninguém tenha escutado minha amiga desbocada. Ela ri da minha preocupação.
— Ai Mari, deixa de se preocupar com o que os outros estão pensando! Ninguém nos conhece. Nunca mais nos verão depois desse dia, então ligue o...
Ergo o dedo indicador num gesto de ameaça para que ela não complete a frase.
— Como é exagerada! Só falaria "dane-se" — Bia ri, jogando a cabeça para trás, chamando mais atenção por causa da risada do que pelo palavrão dito anteriormente.
— Nesse ponto concordo com a Bia — Diana retoma a palavra e não sei ao certo a qual ponto de concordância está se referindo.
— Sobre comandar a porra toda? — questiono perdida, provocando o riso nas duas.
— Claro que não, quer dizer, isso também, entretanto estava falando sobre você estar muito preocupada. É seu dia, baby, divirta-se! Coma um pedaço generoso dessa bomba de caloria, depois peça umas bebidas e acabe a noite transando loucamente com o seu boy. E o resto que se dane.
— Isso garota — Bia e ela se cumprimentam, batendo as mãos espalmadas, como se fizessem parte de uma equipe — Diretora de elenco, não é para qualquer uma. Principalmente em uma produtora como a Gemni.
Sei que elas estão cobertas de razão e que deveria estar dando pulos de alegria, afinal meu feeling havia feito com que progredisse muito rápido em apenas dois anos. Para quem entrara como uma simples assistente de produção, era um salto e tanto.
— Estou muito feliz meninas, e sim, é claro que comerei esse bolo sem culpa, pelo menos agora, amanhã me mato para perder o que ganhei — sorrio — Também, ainda que não combine, pretendo pedir um vinho, ou quem sabe uma tequila — pisco.
— Putz, então não está sorrindo por causa do boy? Qual é? O que o corno do Flávio fez? — Bia questiona tão alto que minha vontade é de tapar sua boca.
— Ele não fez nada, Bia!
— Hum hum — balança a cabeça sem acreditar — Dividi muitas coisas com ele, inclusive o útero de nossa mãe para não perceber uma coisa dessas.
Sim, a desbocada não é apenas uma das minhas melhores amigas, como também irmã gêmea do meu namorado. Foi graças a ela que entrei na produtora. Bia já trabalhava no RH da Gemni e pensou na namorada do irmão, com formação em rádio e Tv, quando o diretor de elenco, na época, demonstrou urgência em conseguir mais uma assistente.
— Quem sou eu para duvidar? — Diana baixa os olhos, diante do meu olhar, pedindo ajuda — Ela o conhece muito melhor do que eu.
— Vai desembucha... O que ele fez?
Olho meu copo e mordo o lábio inferior rapidamente, ao perceber que está vazio. Se eu enchesse a boca com um pedaço generoso de bolo, talvez não tivesse que responder. Agora Bia e Diana estão me olhando, aguardando a resposta.
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Um Abrigo para o Coração (Degustação)
RomanceÀs vezes tudo o que desejamos é alguém que nos salve. Às vezes, tudo o que buscamos é o perdão de nossas faltas. Mas sempre precisamos de um abrigo seguro paras os nossos corações. Marina Ele tinha os olhos castanhos mais tristes que consi...