Cap. 12

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*Lívia*

Dormi na casa do Renato após o nosso jantar, ele tem o dom de me acalmar. Pegamos no sono logo pois eu estava exausta mentalmente, claro que ele não sabe desta parte. Senti que rolou um clima estranho entre ele e André, só me faltava essa. No entanto ele não comentou nada comigo, mas sinto sua necessidade de marcar território... Afffs tão primitivo.

Lá pelas 02:00hs da madrugada acordei assustada, Renato não notou pois estava em um sono de pedra de dar gosto de se ver. Mais uma vez me sinto suja e impura, esse sentimento que parecia ter sumido voltou com tudo após a ' Visita ' de Fernando, meu estômago embrulha somente de lembrar que, aquele doente estava me espionando dentro de minha própria casa. DEUS ele me tocou novamente e só o Senhor sabe o que é que ele poderia ter feito comigo. Corro em direção ao banheiro e me tranco lá, escorrego apoiada na porta e começo à lembrar dos acontecimentos de hoje...

Fernando só pode estar louco, é um doente mental só pode ser isso. Mais por quê estou tentando justificar suas ações? Não devo nada à ele...
Aquela historia de ser a ' Escolhida ' para ser a mãe de seu filho foi demais pra mim. Mesmo após o banho ainda sinto seu cheiro empregnado em mim, pode parecer loucura eu sei. Me sinto suja, e lembro que aquelas mãos estiveram tocando meu corpo hoje, calando minha boca com uma delas para abafar meu grito. Uma ânsia de vômito me vêm, corro na direção do sanitário e coloco tudo pra fora, dou descarga e vou até a pia e lavo minha boca, escovo meus dentes três vezes. Me lanço para dentro do box e ligo o chuveiro não me importando com a temperatura da água, com pressa tiro minha camisola e a calcinha, entro debaixo daquela duxa fria e me banho, busco o sabonete líquido e a esponja e me esfrego até sentir minha pele arder, choro em silêncio. Olho a minha pele e vejo que pareço um pimentão vermelho, devagar vou me abaixando e me encolhendo, abraço os meus joelhos na altura dos seios e fico em silêncio, somente sinto a água correr pelo chuveiro.
Se não fosse por André não sei o que teria acontecido...
Me sinto grata à esse anjo protetor que me foi enviado naquele momento.

Agora muito mais calma, desligo o chuveiro e saio do box, me seco e coloco minha camisola novamente.
Sei que tudo isso é angustiante e não quero me prender à esse passado, por mais que eu saiba que nunca poderei apagar da minha vida o que me aconteceu. Parece que meu passado insiste em me atormentar. Não vou me deixar abater, seguirei meus planos com Renato e irei conhecer seus pais formalmente. Com esta decisão tomada me deito ao seu lado e o abraço, logo ele muda de posição e sinto seus braços contornando minha cintura e beijando minha nuca, me arrepio na hora, sinto sua ereção crescente em contato com minha pele, retribuo dando um beijo carinhoso e toco seu peito em sinal de que não é a hora, ele entende e sei que pra ele também tem que ser na hora certa, devo ter muita sorte por ter encontrado um homem lindo e romântico. Contarei à ele tudo na hora certa se achar que realmente posso confiar esse passado. Ele me abraça e faz carinho em meus cabelos e logo já estou dormindo.

Um mês após o ocorrido com Fernando em minha casa recebemos a notícia de que o próprio foi hospitalizado com urgência, parece que seu organismo já depende das medicações. Ele precisa ficar no hospital à partir de agora, na espera de um doador. Chance de uma em milhão praticamente, já que não há ninguém na família que seja compatível para o transplante.

Ao receber a notícia pela madrugada, vovó começa a passar mal. Luana entra em desespero e eu também é claro. Papai está viajando à negócios e só volta no fim da tarde.
Ligo para a emergência e peço socorro, enquanto Luana tenta acalmar Dona Laís e se acalmar ao mesmo tempo. Sandra aparece com todos os documentos da minha avó e seguimos rumo ao Hospital.
Na ambulância vovó tem uma parada cardíaca e entro em desespero junto à minha irmã, nossa avó é levada às pressas até a emergência e ficamos ali as duas abraçadas no corredor do hospital chorando sem nenhuma notícia. Depois do que se parecem horas à fio, após ter preenchido intermináveis papéis, finalmente uma médica vêm em nossa direção e à reconheço no ato. É a cardiologista que cuida de nossa família.
Dra. Simone Avilar nos dá um sorriso tranquilizador e nos conta a real situação de vovó, ao que parece a notícia de Fernando estar hospitalizado e nada bem de saúde, afetou em cheio o coração de Dona Laís, agora ela está estabilizada e fora de perigo. Ela nos faz inúmeras recomendações em relação à saúde de nossa matriarca. E diz que em dois dias ela terá alta, com todas as recomendações sendo seguidas à risca. Neste momento André adentra na recepção e nos abraça, ele passa à noite toda conosco naquele hospital. Ele disse que meus tios foram avisados sobre vovó, e que não poderiam vir agora pois Fernando está em observação, então ele se propôs à vir e dar notícias à eles.

Ondas de Emoções (PAUSA INDETERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora