Cap. 15

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*Lívia*

O fim de semana passa lentamente, não fui destratada em nenhum momento nesta Fazenda, no entanto o clima é muito tenso entre pais e filhos. Sim os dois filhos, pois Renan tenta interceder por Renato à todo instante, até acho muito bonito de sua parte.
Em determinado momento durante o jantar de sábado, meus futuros sogros iniciam a conversa de que o Rê deve retomar os estudos e se formar, e retornar à Itália para isso. Eles alegam que o filho mais velho precisaria em determinado momento tirar férias, encontrar uma moça para se casar também, que o mesmo precisa respirar outros ares já que ele não saí da vinícola. Que Renato precisa entender que a família e todos os negócios da mesma estão sempre pairando sob os ombros de seu irmão.

Me sinto uma intrusa ali, parece que não estou à mesa. Vez ou outra seus pais lançam olhares em minha direção enquanto falam. A conversa que começou amistosa se torna uma discussão em italiano entre eles. E eu estou ouvindo e compreendendo boa parte do que falam. Sim eles dizem que sou a culpada pelo comportamento do caçula deles, que sempre foi ajuizado. Foi como um soco na boca do estômago. Peço licença e me retiro, acredito que eles nem me ouviram falar nada pois não olham em minha direção, nem mesmo dizem nada à mim.

Caminho pela varanda mais ainda posso ouvir a conversa e tudo isso está me matando por dentro. Chego ao jardim e me sento em um banco, olho a imensidão daquele mar de estrelas, na cidade não dá para vê - las como aqui. Só me lembro de ver esse mar estrelado quando passava minhas férias em Paraty. Afasto o lugar de meus pensamentos e foco em tudo que ouvi lá dentro, eles não me aprovam e acham que a culpada pelo comportamento do Renato sou eu. Mais à quem eu quero enganar? Lembro muito bem dele me dizer que voltou para o Brasil por minha causa, pois não conseguia viver longe, mais agora é diferente estamos juntos e nos amamos, temos a certeza do que sentimos um pelo outro. Tanto que eu falei com ele para voltar à estudar, agora está atrasado pelo menos um ano pelo que sei.

Não irei permitir que ele jogue seu futuro pela janela. É o negócio de sua família, ele tem que voltar à estudar nem que para isso tenha que voltar à Itália. Sei que seus avós moram lá e que posso visitar ele sempre que puder e ele pode fazer o mesmo, pode vir e me visitar. Se nos amamos tanto assim acredito que a distância não será nada. Ora já ficamos dois anos longe um do outro e nem sabíamos deste amor que sentíamos um pelo outro. É isso ele vai voltar e estudar, se formar e estaremos juntos disso tenho certeza. Não irei tocar no assunto pois sei que ele não gosta, irei aguardar ele falar comigo primeiro, caso não fale então entro no assunto.

*Renato*

Não acredito que meus pais fizeram isso comigo. Discutimos em pleno jantar. Meus pais realmente não me entendem, sei que preciso voltar para a Toscana, sei que meu irmão não pode levar a família e os negócios nas costas. Mais eu não tenho o mesmo talento que ele para os vinhos. Só que não posso fugir pra sempre, quem sabe eu não descubra algum talento não é? Isso mesmo irei retomar os estudos e acabar logo com isso.

E o que irei dizer para a mulher da minha vida? Ah sim, olha Lívia lembra que eu estava estudando em outro país? Pois é... então vou ter que voltar pra lá e terminar os estudos.
Será que ela irá entender? Claro que vai entender né Renato, estamos falando da Lívia.

Neste momento meu irmão surge na varanda e se senta na mureta e me encara.

- Renan : Mano, eu não vim ao Brasil para te tirar daqui. Não sabia que aqueles dois iriam entrar em uma discussão assim do nada em pleno jantar.

- Renato : Eu sei Renan, não precisa se justificar. Eu realmente entendo o que eles falaram, só que não precisava ser na frente da Lívia. Cara imagino o que ela deve estar pensando, que ela tem culpa por essa situação. Ela é toda meiga e dengosa, ela se retirou da mesa que nem vimos. Preciso encontrar ela.

Ondas de Emoções (PAUSA INDETERMINADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora