| 33 | A Luz Dentro da Mentira (02/02)

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Léia's P.O.V.

O silêncio preenche o ambiente e os olhares de todos presentes na mesa vão de mim para o pote que seguro e para Yoongi.

- Léia, eu... - começa Min.
- Yoongi, não. Por quê?
- Léia, por favor... Me desculpe.
- Por favor, Min, chega de mentiras. Eu quero saber o porquê.

Ele tenta falar, mas desaba assim como eu. Em meio ao choro, a voz de Namjoon se sobressai e minha atenção se concentra nele:

- Sei que não tenho direito mas, se Yoongi não fala, eu falo. Isso pode ser doloroso, mas você precisa saber se tudo.

Eu assinto com a cabeça e ele começa a falar:

- Desde tudo que aconteceu com a gente, depois das sete mortes, nós achávamos que seria o fim, mas não. De alguma maneira, nos tornamos isso: almas, seres invisíveis e inaudíveis, mais imperceptíveis que o ar. Se formos na ordem cronológica de morte, Yoongi foi o primeiro a se tornar uma alma. Depois daquele dia, ele nunca te deixou, ele nem mesmo veio nos procurar. Nós vagamos pela Coreia, totalmente sem sabermos onde estávamos ou o que éramos. Nós achamos Yoongi por acaso, em uma casa bastante estranha no Norte do país, com plena consciência do que tinha acontecido e o que estava acontecendo.
- Por que ele tinha consciência? - eu pergunto.

Namjoon pega minha mão e sorri.

- Porque você deu isso à ele. Deu à todos nós.

Eu fico confusa e todos assentem com a cabeça, confirmando o que Mon acabara de falar.

- Mas como? - pergunto de novo.
- Pergunte à ele - Namjoon aponta para Min.
- Yoongi? - chamo-o.

Ele levanta os olhos lacrimejados e respira fundo antes de falar:

- Não sei se se lembra, mas você estava comigo naquela noite. Você me viu morrer em seus braços e eu, já como alma, vi você desmaiar sobre meu corpo. Minha consciência surgiu bem ali quando peguei você em meu colo, te deixando aninhada em meu peito e imune ao que estava em volta de nós com apenas um toque. Eu jurei te proteger por toda a eternidade e é isso que eu tenho feito desde então. Eu não saí do seu lado enquanto estava em coma e entubada naquele hospital. Eu te pedia para acordar todos os dias durante um mês e, um dia, você acordou. Você ficou transtornada ao saber das mortes e, depois de um tempo, se recusou a aceitar e isso foi um dos fatores para você ser levada para o hospício. Eles fizeram coisas horríveis com você lá e a única coisa que eu te ouvia pedir era para que nós te fôssemos te salvar. E foi aí que o remédio entrou na jogada. Eu descobri que eles estavam usando dois medicamentos em você: Acamprosato para seu problema de alcoolismo e Clorpromazina para sua "esquizofrenia". Passei um tempo estudando seus remédios e acabei percebendo que o uso do Clorpromazina era errado porque você não era esquizofrênica para tomá-lo. Sabe o que acontece quando se toma um remédio à toa, não é? Ele causa o que deveria combater. Só que não foi bem isso que aconteceu. O remédio causou um distúrbio em uma parte do seu cérebro responsável pelas memórias e, com esse distúrbio, tudo que você lembrava de ter vivido conosco sumiu. E foi aí que eu fiz a besteira. Eu vi aquele momento como a chance de dar a vida que você queria tanto longe daquele hospício. Já com sua memória apagada, nós nos comunicamos com você e nos tornamos matéria por dois motivos: sua fé e amor por nós. Antes de voltar pra Seoul e te encontrar no esconderijo, eu roubei o remédio e o usei em tudo que você comia e bebia desde aquele dia até hoje. Me desculpe.

Eu encaro seus olhos sem brilho e processo tudo que ele acabou de falar. Conforme recordo cada palavra, um pedaço do meu coração quebra e cachoeiras saem pelos meus olhos.
Em meio ao meu choro descontrolado de dor e aos soluços, digo:

- V-você realmen-mente mentiu para mim esse t-tempo todo.

Yoongi pega meus ombros e os acaricia.

- Sim, mas eu fiz por amor, Léia.

Me livro de suas mãos ao levantar da cadeira de maneira brusa, fazendo a mesma cair no chão com um estrondo, deixando todos assustados.

- Amor? Você chama isso de amor? Como você pôde, Yoongi?
- Eu fiz o que tinha de ser feito. Era o melhor para você.
- Você não tem ideia do que é o melhor para mim...
- Eu não queria te ver sofrer!
- NÃO? COMO NÃO? OLHA A MINHA SITUAÇÃO! OLHA O QUE VOCÊ FEZ COMIGO!

Ele fica quieto e dou as costas, ouvindo-o fungar enquanto ando em direção à porta.

- Yoongi, você deveria estar voltando a ser uma mera alma vazia. Sabe por quê? Porque eu não te amo mais.

Viro para ele e, de longe, consigo ver seus olhos lacrimejarem de novo e seu lábio inferior tremer.

- Léia, não diga isso... - ele diz com a voz amarga de choro.
- Eu digo e repito: eu não te amo mais. Você não é digno depois de tudo que você fez. Você mentiu, não posso mais te amar.

Pego a maçaneta da porta, giro e, enquanto abro-a devagar, digo olhando profundamente em seus olhos:

- Você é um monstro, Min Yoongi...
- Léia, não... - ele fala.
- Não tem mais volta. Eu te odeio.

Abro completamente a porta e saio andando de modo calmo para fora.

Ouço barulhos apressados dentro da casa e, quando me viro, Yoongi está em prantos e sendo segurado pelos meninos na porta.

- Léia, volte! Por favor, me perdoe! Eu te amo, não posso te perder novamente. Eu preciso de você, não me deixe assim! Eu imploro para que fique.

Essa cena parte meu coração já em mil pedaços, mas não dá mais. Tenho que ser forte.

- Eu te odeio, Yoongi, mianhae - digo chorando e pegando impulso para sair dali.
- LÉIA! - ele grita.

Saio correndo sem ver para onde estou indo, mas isso não importa mais.
Qualquer lugar é melhor que aqui.

《》《》《》《》《》《》《》《》《》

Oi! Desculpa ter sumido, não estava me sentindo bem e também não sabia como escrever o que vocês acabaram de ler.

#FeelsDestruidosComSucesso

Por favor, não taquem tijolos na minha cabeça <3

Se eu conseguir, vou postar mais um capítulo hoje. Se eu não conseguir, posto amanhã.

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Beijo beijo, uniPOPcorns!
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Run as a Human, Fly as a Butterfly {Min Yoongi} - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora