Léia's P.O.V.Estou tão cansada que, com prazer, me obrigo a parar. Estou andando por horas e nem sei mais onde estou. Diante de mim há apenas o mar de um lado e a vasta praia do outro.
Sento-me na areia fofa quase úmida bem perto do mar. O barulho das ondas e o vento salgado que bate em meu rosto me trazem paz.
Mas então eu me lembro de tudo que aconteceu, tudo que ouvi, tudo que vivi. Não seria o mar que me traria a paz que eu almejo bem agora.O canto de pássaros atrai meu olhar para cima, onde um provável casal de gaivotas voam pelo céu, agitando suas asas lado a lado. Eu os sigo até onde meu campo de visão me permite, o que não é uma longa distância.
Quando ambos somem, vejo no horizonte algo que parece um grande esqueleto desfigurado. Tal coisa chama minha atenção.Levanto, abano a areia da parte de trás da minha calça e sigo andando até o objeto, o que me leva menos de 30 minutos.
Ao chegar, percebo que é uma estrutura metálica, como se fosse vários andaimes sobrepostos de forma bizarra, que brilha ao sol quase poente.Estou tão entorpecida por todas as coisas que ouvi que esqueço do meu medo de altura por um momento e começo a escalar a estrutura. Chegando ao topo, sou recebida por uma base feita de tábuas de madeira que aparentam ser velhas e desgastadas por causa do tempo. Fecho o punho e soco a madeira. Ela não range, então me parece confiável.
Subo com dificuldade, mas logo estou sobre o chão suspenso. Olho a minha volta e o mar preenche o meu Norte, Leste e Oeste. Me sinto tão apavorada que sento bem no meio da estrutura, tentando me sentir segura.
Várias coisas passam pela minha cabeça, coisas boas e ruins, coisas que me confundem e que me deixam mal. Cruzo as pernas e as abraço, apoiando minha cabeça sobre elas, olhando para o sol poente.
Por um longo tempo, apenas penso. Penso em como minha vida poderia ser a partir de agora.Quando volto à realidade, me levanto e ando até a beira da placa amadeirada. O mar abaixo de mim me parece convidativo. Ponho um pé para além da borda, deixando-o suspenso no nada.
Um vento me atinge e, por instinto e medo, boto meu pé de volta para seu devido lugar e...- Léia?
Me viro, assustada, e, diante de mim, está ele, Min Yoongi, com um semblante de tristeza, desespero e preocupação.
- Aproveitou o embalo e veio me contar mais alguma coisa para estragar a minha vida? - digo.
- Léia, pare de ser fria. Eu só quero conversar.
- Nós já conversamos o suficiente, não acha?
- Não, não acho.Eu o fuzilo com os olhos e ele implora:
- Será que pode pelo menos me escutar? Por favor?
Eu reviro os olhos, cruzo os braços e assinto com a cabeça, dando permissão para que fale.
E ele fala:- Primeiro de tudo, acredite, eu estou tão triste quanto você está agora e eu vim aqui pedir desculpas novamente. Isso que eu fiz por todos esses meses foi um grande erro. Eu jamais deveria ter te "drogado" para que continuasse a esquecer de tudo que aconteceu e ter a vida que você sonhava, mas eu fiz e me arrependo. Eu entendo se você não quiser me perdoar, mas eu não consegui me controlar. Te ver sendo maltratada daquela forma foi uma tortura para mim, porque era minha culpa. Você só foi parar lá por causa de mim e dos meninos e aquilo acabou comigo. Eu decidi que você iria sair de lá por minha causa também. Foi triste te ver perdendo a memória mas, quando você nos reencontrou, você estava tão feliz. Ah, se você pudesse ver os sorrisos que você dava... entenda, eu só quis continuar com a sua felicidade. Foi por amor, Léia... - ele limpa uma lágrima que escorre pelo canto de seu olho puxadinho já inchado.
Eu ando até ele e, parando a pouco centímetros, acaricio sua bochecha pálida e olho em seus olhos.
- Eu sei que você não faria nada para me machucar. Eu sou eternamente grata por esse momento lindo da minha vida que você me proporcionou. Muito obrigada.
Ele sorri e puxa para perto, me beijando com necessidade.
- Nós deveríamos voltar. Nossa história tem que continuar - ele diz, sorrindo.
- Eu adoraria, mas não posso.Seu sorriso some assim que falo, transformando seu semblante para uma cara de dúvida.
- Como assim? Do que está falando?
- Não podemos continuar nossa história assim, não nesse mundo - digo me soltando de seus braços e andando para trás sem tirar os olhos dele.Ele me observa e consigo sentir seu desespero e aflição ao mesmo tempo.
- Eu não entendo, o que você...
- Nos vemos do outro lado - digo.Respiro uma última vez e solto meu peso para trás, sendo recebida pelo ar enquanto caio em direção ao mar.
- LÉIA, NÃO! - ouço ao longe.
Eu sinto como se estivesse flutuando durante um sonho, um calmo e suave passeio de férias.
Em segundos, vejo tudo que aconteceu desde que nasci: meus pais, minha família, meus amigos, minha vida no Brasil, a minha vinda à Coreia, meu primeiro encontro com meu grupo favorito, a convivência com meus meninos, meu amor florescendo por Min, as noites de risadas, as viagens, as brigas, tudo.Eu consigo sorrir uma última vez.
Sinto mãos em volta de mim. Yoongi cai comigo, junto a mim.
Quando atingimos a água que, da altura que pulamos seria dura como concreto, a última coisa que vejo antes de apagar são os olhos de Yoongi, pessoa que eu amei até meu último suspiro de vida.
《》《》《》《》《》《》《》《》《》
É isso. Acabou.
Meus sentimentos estão saíndo pelos meus olhos, de verdade. Escrever isso ao som de Forever Young não foi fácil.
Não quero comentar muito, só vamos sentir.
☆ = ♡
Beijo beijo, uniPOPcorns!
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Run as a Human, Fly as a Butterfly {Min Yoongi} - Livro 2
Fanfiction[Capa da maravilhosa @chanbreak ♡] Após uma série de acontecimentos mórbidos, Léia tenta continuar sua vida, como sempre fez. Depois, é levada para uma casa no interior do país, onde passa 1460 dias "presa" sem entender o por quê. Porém, em um certo...