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Léia's P.O.V.

O vento passa por entre as folhas ao meu redor, fazendo com que elas pairem pelo ar.

O lugar em que me encontro parece uma clareira: uma área descampada em meio a árvores.
Sinto que sou dona deste pequeno terreno já que, desde que eu o achei dentro do bosque, só eu sei da sua existência.

Estou sentada na grama com as costas apoiadas num tronco, papel e caneta nas mãos.
Dou uma conferida no relógio de sol que fiz no chão.
A sombra do sol marca 15:00.

Escrevo um "sinto a falta de vocês todos os dias" no pé da página, dobro o papel e ponho o mesmo no bolso juntamente com a caneta.
Me levanto, limpo as sujeirinhas em minha calça e vou caminhando de volta para o prédio.

Pego uma estradinha de terra da qual gosto bastante. As árvores que a cercam (tanto que nem a luz consegue passar) são recheadas de flores, uma mais linda que a outra.
Corro para chegar a tempo.

Pulo a cerca que divide o pátio de atividades do grande bosque, e me misturo com os outros pacientes que alí estão, como se eu não tivesse acabado de voltar de uma pequena fuga.

Vou para dentro da clínica, cumprimento alguns médicos que já cuidaram de mim e subo até o segundo andar, indo para uma sala no final do corredor.

Bato na porta, que se abre lentamente quando encosto o punho para dar outra batida.
O rangido da porta me incomoda, e vou entrando lentamente.
Lá dentro, verificando papéis, está a minha psicóloga.
Me ajeito, ponho o cabelo atrás da orelha e abro um sorriso leve.

- Boa tarde, doutora.

Ela me encara, o óculos na ponta do nariz.

- Boa tarde, Srta. Carter. Por favor, sente-se.

Eu me acomodo numa poltrona velha, preta e rasgada. A doutora senta em outra, bem mais nova e moderna, com uma caderneta na mão.

- Então, querida, me conte como anda tudo - diz ela.
- Ah, não tem muita coisa acontecendo, sempre faço o mesmo.
- Que seria...?
- Acordar, café, checagem, atividades...
- E os remédios?
- Tudo em ordem.
- Muito bem - ela anota algo. - E como está esse cérebro?
- Funcionando muito bem, já que ainda não morri - dou um sorriso de lado.
Ela não parece gostar muito.
- Desculpe - digo depressa.
- Ainda conversando sozinha?
- Não, além do mais eu nunca conversei sozinha...
- Sei... você diz que são os seus "amigos", não é mesmo?
- Correto.
- Conte-me sobre eles.
- Bem, eles são em sete. Nos conhecemos há anos, eles são uns amores. Já rolaram brigas, mas estamos em paz.
- Eles conversam com você?
- As vezes eles me deixam no vácuo por uns dias, até meses.
- E isso já faz quanto tempo?
- Uns quatro, cinco anos, mais ou menos.

Ela anota algo maior.

- Doutora, a senhora acha que algum dia, talvez, eles voltarão a falar comigo?
- Eles quem?
- Meus amigos.
- Léia, querida, talvez não. Só continue tomando os remédios, logo logo você estará melhor.

Não gosto do jeito que ela fala. Parece que há algo errado.

- Nenhuma remota possibilidade, doutora?

Ela me olha sem paciência nenhuma.

- Léia, você já tem 22 anos e acho que já está mais do que na hora de você deixar de lado essa sua imaginação e levar o seu tratamento a sério. Essa sua vida aqui é real, seus amigos não. Eles não vão aparecer do nada, puff, como um truque de mágica. Eles estão mortos, querida, mortos e enterrados debaixo da terra. Se você continuar tomando seus remédios, e mais alguns novos, logo logo você aceitará esse fato, vai se curar e vai embora daqui viver sua vida. Simples.

Ela sorri, mas consigo ver o veneno escorrendo pelo canto de sua boca.

- Então você quer dizer que meus amigos são a causa do meu problema? Da minha vida ser esse inferno?

Ela assenta com a cabeça, sem nem ao menos prestar atenção no que estou falando. Ela balança uma papel no ar.

- Vou entregar isso aos enfermeiros. Não se preocupe, Léia, tudo vai se resolver. Terminamos aqui, pode ir.

Me levanto e saio, correndo escada acima, até o quinto andar, onde só tem o meu quarto e lá fico, trancada, remoendo tudo que acabei de ouvir.
Não, não pode ser assim.
Pego meu papel e caneta e termino o que estava fazendo.

"Por favor, que isso não seja em vão."

《》《》《》《》《》《》《》《》《》

Boa noite, amoras!
Mais um capítulo (acabei de fazer, não briguem comigo pela má qualidade).

O que dizer dessa personagem doutora que eu mal criei e já odeio pakas?

Não se esqueçam de dar aquela apertada marotíssima na estrela marotíssima!☆
Ah, e muito obrigada à 100+ comentários. Eu to tipo "WTFFFF?????"
Estamos quase nos 100 likes (em apenas três capítulos :'D) então é noix ❤

P.s.: amanhã terá um possível Double Update, me amem.

P.s.2: tenho prova de matemática amanhã, então me desejem sorte ✌

Kiss, kiss, my uniPOPcorns
❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈❤🌈

Run as a Human, Fly as a Butterfly {Min Yoongi} - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora