(Cap. 42) O Quebra-Gelo

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-– Você está ao menos ouvindo o que eu estou falando?- – Dinahcruza os braços e crispa os lábios.

-– Sim. O que eu realmente não entendo é o motivo de tanta preocupação.- – O moreno olha para a loira com um olhar cansado.

–- Agora sim eu tenho certeza de que você não ouviu nada do que eu te disse.- – Puxa seu Café Mocha para mais perto. –- Ou melhor... Nada do que eu venho te dizendo há tempos! –- Bufa. –- Que merda, Allan! Você é meu amigo e tem que...

-– Eu também posso afirmar que você não vem ouvindo nada do que eu te digo há um bom tempo.- – Ele diz interrompendo-a com um sorriso fraco. – -Venho te dizendo a mesma coisa, mas você não quer me ouvir. -– Brinca com o canudo na espuma de seu Cappuccino Canela. – -É por isso que não entendo.

-– Mas Allan...

–- "Mas Allan..."- – Ele repete imitando-a e interrompendo novamente. -– Dinah... Se você não correr atrás da solução, você vai continuar com seus problemas.- – Ele diz sério passando a mão nos cabelos. –- Se você não parar de achar que tudo é errado ou que tudo é um problema... Você não vai viver! – -Diz a ultima frase pausadamente. A loira suspira, olha pela janela e observa uma breve competição de um homem com uma mulher tentando pegar um táxi. -Uh, deve estar frio lá fora. – Você até pegou licença médica por causa dessas coisas. Dinah, você estava ficando doente!- – Olha para ela com olhos de cuidado. -– Parece até que gosta de sofrer.- – Balbuciou vendo que a loira continuara a olhar a competição do lado de fora do Starbucks.

-– Eu só quero... –- Voltou a olhar para seu amigo. -– Só quero me decidir. Me entender. -– Olhou para a mesa. –- Por que isso é tão difícil? -– Crispou os lábios.

-– Mas aí é onde você está errando. -– Ele diz e ela levanta os olhos para ele novamente. -– Na minha opinião, claro.- – Dá de ombros. –- Você não tem, necessariamente, que decidir nada. Se fosse com outro sentido, talvez. Mas nesse?!- – Levanta as mãos na altura do rosto questionando-a. Ela tem a expressão confusa e ele volta a falar. –- Pense comigo: Se eu disser aqui que todo nerd é virgem, todo gay é promíscuo e toda loira é burra.- – Ela levantou uma sobrancelha. -– O que você me diz?- – Se apóia na mesa com os cotovelos.

-– Eu digo que você é um idiota. -– Falou de olhos cerrados e ele ri.

-– Sim... Mas fora isso. -– A estimula.

-– Que você está generalizando e rotulando pessoas que tem essas características de modo equivocado.- – Se põe na mesma posição sobre a mesa que ele -– Mas o que eu teria mesmo vontade de dizer era que você é um idiota. -– Sorri forçadamente e ele devolve o sorriso.

–- Isso mesmo. Parabéns. -– Ele toca com o polegar a linha do lábio inferior dela retirando um pouco de espuma dali. -– Então eu vou te perguntar: Por qual motivo eu estou sendo um idiota nessa situação e você não está sendo uma se nós estamos fazendo a mesma coisa? –- Eles se encaram durante alguns segundos. Os olhos castanhos estavam interrogativos.

-– Eu não estou entendendo aonde você quer chegar, Allan.- – Ela continua parada encarando-o. Ele revira os olhos e fala olhando para o lado.

-– Alguém tem papel e caneta aí? Acho que preciso desenhar algumas coisas para que minha amiga aqui entenda.- – Estica o pescoço para trás e sente um pequeno chute na canela. -– Ai!- – Ele reclama e ela sorri forçadamente para ele de novo.

-– Explica. -– Pede soltando o ar pelos pulmões e encostando novamente as costas.

-– Você está aí toda preocupada porque ainda não conseguiu se rotular. E isso é ridículo. -– Fala gesticulando. -– É como você disse: Coisa de idiota. – -Faz uma pausa e vê a loira fechar os olhos e massagear suas têmporas. -– E eu sei que você é uma mulher inteligente. -– Ouve-a rir pelo nariz ironicamente. – -Você não precisa se rotular como gay ou bissexual. -– Relaxa os ombros e ela abre os olhos. –- Danem-se os rótulos! Viva. -– Ele sorri e ela continua olhando para ele. –- Se quiseres ir para cama com um homem... Vá. Se quiseres ir com uma mulher... Vá também. Ninguém tem nada a ver com isso. A vida é sua, o problema é seu e o corpo principalmente.- – Ela engole seco e encara suas unhas cor bordô. – -Não deixe com que a sociedade abale o seu psicológico dessa forma. Ninguém acorda e vai trabalhar por você. Muito pelo contrário! Você carrega aquela empresa nas costas. Danem-se todos! -– Estendeu a mão para ela por cima da mesa. Ela olhou para as grandes mãos do seu amigo e repousou a sua em cima. – -Eu quero ver você feliz. Vai atrás do que você quer, mas vá sem medo de querer muito mais. Pois se daqui você pode enxergar longe, quando você chegar lá enxergará muito mais longe ainda.- – Ela sorri para ele. E ele conclui que ela nunca havia sorrido daquele jeito, envergonhada. –- Não adianta ter um bom emprego, sucesso e estabilidade financeira se você não tem paz de espírito. Só viva. Tudo é válido quando você não prejudica a ninguém ou a si mesma. -– Ele abre um grande sorriso para ela quando a vê com um sorriso tímido.

The Twin Sister (Norminah)Where stories live. Discover now