Capítulo 7

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Se você acha que com o tempo a dor vai passar, isso é uma total ilusão. Hoje faz exatamente quatro dias que vim para a casa da minha mãe e esse sentimento excruciante só faz aumentar a cada minuto. Eu tento me manter forte quando minha mãe está presente, e quando não tem ninguém em casa eu desabo num choro incontrolável que dura horas. Me dei esses quatro dias para sofrer pelo meu relacionamento com o Belial, então, quando acabasse eu iria atrás se respostas. Esses dias passaram rápido e ao mesmo tempo devagar, é como se eu estivesse parada no tempo e ele não me esperasse no seu tick tack apressado, tudo se resume em segundos, minutos, horas e dias... Eu estou tão perdida quanto estou atrasada.

– Oi, querida — diz minha mãe colocando a cabeça dentro do meu quarto – Larguei mais cedo hoje — termina a frase sentando na minha cama.

Eu encaro minha mãe se dizer nada. Ela ainda está curiosa sobre porque eu voltei para casa, não dei muitos detalhes, disse-lhe apenas que tinha pedido um tempo ao Belial, e ela não saiu me enchendo de perguntas sobre isso, com certeza ela sabe que quando eu quiser eu vou contar e que não adianta ela me forçar a contar agora.

– Como você está? — ela pergunta ainda me olhando.

– Ótima — é como se essa palavra não tivesse significado ou que o significado dela fosse para mim totalmente diferente do que realmente é. Mas eu não posso contar que estou destruída para minha mãe, e mesmo assim, só olhando para mim dá para perceber que estou um caco.

Ainda olhando atentamente para mim ela assente para mim e desvia o olhar. Algo no chão prende sua atenção, ela levanta da minha cama e se abaixa para pegar algo, que depois percebo ser um papel. Ela abre ele e ler atentamente com as sobrancelhas franzidas. Eu que ainda não identifiquei o que está no papel fico curiosa para que ela me mostre logo.

–  O que é isso? — minha mãe me pergunta ainda encarando o papel, só então eu percebo o que está no papel, que por sinal foi escrito por mim. É a frase que disse enquanto dormia, anotei no papel para não esquecer e que agora está nas mãos da minha mãe.

– Não sei, estava escrito em algum lugar, achei interessante — havia uma desculpa mais idiota que essa? Que pessoal normal acha essa frase legal e não perturbadora? Deus, eu sou uma péssima mentirosa.

– Onde você viu isso? — ou ela está interessada no assunto ou está querendo me pegar na mentira.

– Na... Na internet, em um site — eu gaguejo e ela percebe que estou ficando nervosa com a situação.

– E o que estava pesquisando nesse site? — ughh, por que eu fui deixar esse papel logo aí no chão? Por que tudo tem que dar errado?

– Aah mamãe, por que o interesse? Não é nada demais — reviro os olhos e finjo está impaciente com suas perguntas, e não estar com medo de ser pega.

– Tudo bem — ela me dá um sorriso e
balança a cabeça positivamente.

Depois de alguns segundos em silêncio ela volta a falar.

– É um versículo bíblico sobre o anticristo "Sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele"  — ela cita para mim, fico surpresa que ela saiba, mas depois me lembro que ela é um anjo e que eles deve saber tudo sobre a Bíblia. Até a parte que eu não disse enquanto dormia ela falou, e essa referência bíblica pode ser um ponto crucial para minha investigação.

– O anticristo? — pergunto como quem não quer nada, não dando pistas do meu interesse no assunto.

– Sim, essa é uma citação sobre ele. Por que o interesse? — percebo que ela ainda está tentando ver se estou mentindo, essa com certeza é a hora de parar de perguntar sobre o assunto.

– Não é nada, só curiosidade — sorrio para ela e começo a mexer no cabelo tentando parecer despreocupada.

– Tudo bem, tenho que ir preparar o jantar agora, você vai descer para jantar com a gente?

– Não, eu comi um pouco antes de você chegar, estou cheia, acho que vou dormir um pouco — respondi já me deitando.

– Certo, durma bem querida — ela diz e se aproxima para dar um beijo na minha testa.

– Boa noite mamãe — digo e vejo ela caminhar para a porta do quarto e sair.

Fiquei curiosa com a descoberta do que aquela frase se tratava, o Belial com certeza devia saber sobre o que era já que ela era um anjo, então por que ele não me contou? Não, agora não é hora para pensar nisso, tenho até amanhã para começar minha busca, hoje eu não quero pensar em nada disso, quero apenas dormir, ter um sono tranquilo antes de tudo isso começar.

Fico olhando para o teto, não demora muito até eu cair num sono profundo.

***

Estou numa clareira no meio de uma floresta escura, parada, eu olho ao redor procurando alguma ameaça, porém, só há escuridão. Confusa, continuo olhando para todos os lados, agora procurando qualquer sinal de vida no meio de toda essa escuridão.

É como se eu soubesse que algo viria, que eu tinha um encontro marcado com alguém, só estava tão atordoada que não conseguia lembrar com quem ou o quê.

De repente o vento começa a rugir mais forte, as folhas das árvores voam de um lado para o outro, então, eu a vejo saindo dentre as árvores. Dessa vez, seus cabelos prateados estão soltos caindo-lhe pelas costas até o quadril, ela está vestida de preto e com um manto também preto. Seus olhos e o jeito com que ela se move é mais despreocupada e sem pressa dessa vez.

Ela faz um caminhada lenta até mim.

– Aqui estamos novamente — ela diz quando está una três passos de distância – Dessa vez irei responder algumas perguntas — ela diz e dá um sorriso tranquilo, que me passa segurança. Afinal, quem é ela?

– Quem é você? — ponho meus pensamentos em palavras.

– Sou Asha— ela diz isso como se só o nome dela me respondesse todas as perguntas não feitas por mim.

– O que você é? — pergunto um tanto impaciente.

– Sua sua chance de conseguir vencer o mal que está por vir —  suas feições mudam assim que ela começa a falar, dá para perceber que, o que quer que esteja vindo está assustando-a.

– Que mal está vindo? — eu pergunto olhando para a escuridão além da floresta, com medo de que algo maligno saia de lá.

– Ouça Melanie, o Filho da Perdição sabe de sua existência, não responda aos chamados dos seus servos, assim, ele não virá atrás de você — é difícil compreender as coisas que ela me diz, quando ela sempre é tão vaga. Por que ela não responde quem é esse filho da perdição e o que ele quer comigo? Assim iria simplificar muito a minha compreensão.

– Quem é o filho da perdição? — pergunto, mas ela não me dá sinal de que vai responder.

– Não há mais tempo, outros estão me seguindo, não posso arriscar que eles saibam onde você está — ela me encara e eu retribuo o mesmo gesto.

– Você não pode ir agora! Tem que esclarecer as coisas ou eu juro que vou enlouquecer! — eu grito frustrada.

– Não posso arriscar mais tempo aqui, eu tenho que ir — ela diz dando as costas para mim, porém, dessa vez sou mais rápida que ela e seguro o seu braço antes que ela vá muito longe.

– Você não vai sem me responder o que está acontecendo — digo olhando firme em seus olhos. Asha olha nos meus olhos, então, põe sua mão em meu pescoço e sinto uma forte dor no lugar onde sua mão está e solto o seu braço abruptamente.

– Isso irá ajudar a reconhecer, porém, espero que não precise — ela diz olhando para meu pescoço.

– Reconhecer o quê? — pergunto inutilmente. Ela já se foi.

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Oi oi oi, não estou atrasada dessa vez! E esse é um cap até grandinho. Espero que estejam gostando suas bitches ❤ comentem muito kkkk
Obrigada, de nada! Bjs 😘

Dark - A Tormenta Onde histórias criam vida. Descubra agora