Capítulo 5

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Melanie

Abro os olhos lentamente para que eles se ajustem com a luz do ambiente, que aos poucos percebo ser o meu quarto. Uma dor de cabeça forte e latejante me acerta em cheio assim que acordo, coloco as mãos nas minhas têmporas num gesto involuntário para que a dor passe, o que parece ser inútil.

Por vários minutos fico deitada em minha cama  sentindo minha cabeça e tudo que tem dentro dela pulsar, e relembro a noite de ontem, finalmente um momento de paz, quando tudo parece está indo de mal a pior é realmente bom ter momentos assim, exceto quando te deixam com uma bela ressaca no outro dia.

Foi incrível ver os sussuros sumirem por pelo menos uma noite, essa foi a primeira noite em meses que tive uma boa noite de sono, eu dormir como uma pedra. E Deus sabe como eu amo dormir e como precisava disso.

Depois de um tempo  divagando  em pensamentos, eu resolvo me levantar e assim que  levanto vejo que essa foi a pior decisão da minha vida, minha cabeça roda e fica bem difícil me manter de pé e por fim acabo me sentando bruscamente na cama novamente. Com as mãos na cabeça olho para os meus próprios pés e tento criar forças inexistentes para ir até ao banheiro sem cair no chão no meio do caminho. Calculo a distância entre eu e o banheiro, não pode ser tão ruim assim, eu consigo.
Levanto novamente, dessa vez com mais calma, é como se eu estivesse aprendendo a andar novamente, um pé depois o outro e assim sucessivamente. Se alguém estivesse me vendo andar desse jeito pensaria que tenho algum problema mental ou algum tipo de deficiência física.

Quando chego ao banheiro, antes de tudo, eu ligo o chuveiro e me jogo embaixo dele com roupa e tudo. A que ponto eu fui chegar?
A água começa a cair pelo meu rosto e em alguns segundos eu estou toda encharcada, não há uma parte de mim que pudesse absorver mais uma gota de água. É o paraíso. A água cai em meu corpo relaxando todos os nervos e minha dor e tontura aliviam na hora. Eu poderia passar horas aqui sentindo essa sensação boa, mas não me demoro muito. Saio do banheiro enrolada na toalha e pego um pijama bem folgado no guarda roupas, para quem planeja passar o dia deitada esse é o look perfeito e com certeza o mais confortável para mim. Estou pronta para dormir novamente. 

Belial

Uma hora olhando para essa TV idiota. Trocando de canal o tempo todo a procura de algo que realmente chame minha atenção, nada parece bom o suficiente, ou talvez seja apenas minha mente que esteja muito confusa para achar qualquer programa de TV interessante.
O que as pessoas normais fazem para se livrar do tédio? Bom, eu não faço a mínima ideia.

A casa está extremamente silenciosa, como se a única criatura com vida aqui seja eu e o único som no ambiente seja minha respiração, mas a real situação não é muito diferente disso, Raphael e Arie não estão aqui há alguns dias, eles foram ter mais uma reunião com Miguel e, a Melanie está no andar de cima dormindo com provavelmente uma ressaca devido a noite de ontem. Noite passada... Eu tinha parado de pensar nisso, mas não tendo nada em que ocupar minha mente é meio difícil, então não vem outra coisa na minha cabeça a não ser o que a Melanie falou repetidas vezes enquanto dormia, ao que me parece era parte de um versículo bíblico que dizia; Sobre a asa das abominações virá o assolador.  Eu não quis falar com a Melanie sobre isso logo cedo quando ela acordou pela manhã, mas eu não vou deixar isso passar despercebido, sei que ela anda escondendo segredos de mim, não sei o nível nem o grau disso que ela vem guardando, até porque a única coisa que ela me disse até agora foi essa frase e ainda por cima ela nem estava acordada, pelo que sei pode ter sido muito bem só um sonho.

Melanie

Estou descendo a escada de fininho quando vejo que o Belial está jogado no sofá da sala dormindo, vou até ele, desligo a televisão e sigo meu caminho para a cozinha, estou faminta, passei o dia todo fazendo um bom trabalho em dormir  e em ignorar as ligações da Celeste, agora tenho que fazer um bom trabalho em evitar ter uma conversa com o Belial, não por não querer falar com ele, e sim por medo do que ele vai me dizer.

Preparo um sanduíche de peito de peru para mim e sento na bancada da cozinha. Sinto de novo aquele peso nas minhas costas, aquela sensação estranha de perseguição, então percebo que minha folga da loucura acabou, e agora, toda insanidade está de volta, com isso, os  sussuros logo voltarão.

– Melhor? — levo um susto ao ouvir a voz do Belial.

– Hum? — ele me encara com um olhar desaprovador.

– De ontem à noite — ele fala ainda me fitando.

– Ahh sim, obrigada — dou um sorriso sem graça, e volto a comer olhando para meu copo com suco, fazendo de tudo para evitar o olhar de Belial. Vejo pelo canto do olho quando ele senta numa cadeira a minha frente.

– Se divertiu noite passada? — olho para ele novamente não conseguindo sustentar o seu olhar e respondo secamente:

– Foi legal — legal não chega nem a um terço do que foi, mas não quero entrar em detalhes com ele. – Desculpe ter te dado trabalho ontem à noite — completo. Ele balança a cabeça.

– Você está agindo como se não me conhecesse, isso está sendo tão estranho para você quanto está sendo para mim? — engulo em seco e arregalo os olhos quando ouço o que ele me diz. Como posso responder a isso?

– Eu... — todos os pensamentos me fogem e apesar de eu fazer o maior esforço do mundo para encontrar o que dizer, a minha mente está em branco e fico com cara de idiota olhando para ele.

– Tudo bem se não quer falar comigo sobre isso — ele diz se levantando para ir embora.

– Belial, não faça isso ser tão difícil — digo tão baixo que duvido que ele tenha escutado, mas ele se vira para mim com uma expressão irritada.

– Eu? — ele esbraveja – Eu estou fazendo isso ser difícil? — ele dá uma risada seca e continua – Só estou tentado entender você Melanie, apenas tentando entender porque você está desse jeito, acha que eu não sei que esconde algo? Eu sou o único que estou fazendo alguma coisa para mudar essa situação ridícula que você nos colocou, então não vem me dizer que eu estou dificultando as coisas! — ele está certo, não tenho como argumentar com isso, eu sou a errada da história e tenho vontade de chorar por isso.

Belial caminha ofegante de um lado para o outro na cozinha, me deixando inquieta, não tendo nada a dizer ou a fazer, eu continuo sentada,
esperando.

– Você não vai dizer nada?! — ele pergunta indignado.

Cogito a possibilidade de contar tudo para ele agora mesmo, mas qual seria sua reação? Me apoiaria e diria que vai encontrar o que quer que isso seja comigo ou acharia que estou louca? Eu não estou pronta para arriscar. Também não posso ficar calada e deixar que isso acabe assim, eu tenho que agir e rápido, tem que haver uma escapatória.

– Belial, eu amo você, morreria por você, mas há coisas que você não precisa saber — eu digo, e quase consigo ouvir meu subconsciente zombando de mim pela minha falta de algo para dizer, pela minha escapatória idiota. Até eu mesma quase sorrio de mim e da minha cara de idiota, de como sou idiota. Sou um desastre.

– Sobre a asa das abominações virá o assolador — olho para ele sem entender – Você disse isso enquanto dormia ontem à noite.

– Eu disse? — tento me lembrar de ontem, não tive sonhos, nem ouvi sussuros, porque eu falaria isso? Eu não entendo, o que está havendo comigo? O que essa frase significa?

– Várias vezes — responde ele saindo da cozinha.

– Por que me disse isso? — pergunto antes que ele se vá.

– Achei que gostaria de saber — com isso ele some pela porta me deixando com meu pensamentos e as sombras que me espreitam.

Tudo voltou, tão rápido como se foi.

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Oi meus amores! Vou logo começar pedindo desculpas pelo tempo que passei sem publicar, sorry 😊 eu estava super ocupada, vou tentar recompensar postando outro capítulo ou amanhã ou segunda feira, okay?
Espere que estejam gostando do livro.  É isso, bjs 😘

Dark - A Tormenta Onde histórias criam vida. Descubra agora