Capítulo 9

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– Tenho que ir agora — disse repentinamente. Emma e Celeste viraram suas cabeças para me olhar num ritmo sincronizado.

– Mas você acabou de chegar!! — resmungou Emma, fazendo careta. Celeste balançou a cabeça em concordância com ela.

Olhei para as duas e tentando arrumar alguma desculpa plausível para escapar e ir atrás do homem misterioso que estava perseguindo-as. As luzes vermelhas de perigo ainda piscavam na minha cabeça, elas estavam acesas em uma enorme tela led brilhante, e meu subconsciente dizia que era perigoso sair sozinha em buscas de resposta.

– Para onde você tem que ir com tanta pressa? — perguntou Celeste olhando para mim com seriedade.

– Marquei de me encontrar com o Belial — contar essa mentira doeu muito, porque era isso que eu queria estar fazendo agora. Mas eu sabia que minhas amigas só me deixariam em paz se acreditassem mesmo que eu ia me encontrar com ele.

– Vocês voltaram? — dessa vez quem falou foi Emma.

– Não, não voltamos... Ele quer falar comigo, eu não sei do que se trata — menti mais uma vez... Eu estava me tornando uma perfeita mentirosa, e provavelmente a pior amiga de todas. – Estou atrasada meninas — disse por fim e me levantei não dando chance delas continuarem fazendo perguntas.

– Tudo bem, tchau Mel  — cederam.

– Tchau meninas.

Peguei meu carro e dirigi feito uma louca em busca de uma agulha no palheiro. Rodei pelas proximidades de onde Emma disse que tinha despistado o homem, mas a estrada estava deserta... O tempo está nublado e alguns pingos de chuva estão começando a cair do céu.

Passei numa rua com poucas casas e algumas lojas pequenas, atenta a qualquer detalhe ou pessoa estranha que me chamasse atenção. Continuei dirigindo.

As árvores passavam lentamente pela janela do meu carro, eu estava indo devagar, para não deixar passar qualquer detalhe, mas depois de meia hora procurando algo que nem eu mesma sabia se existia eu comecei a questionar minha sanidade.

Quem em sua plena consciência, persegue um perseguidor?

Estacionei o carro e encostei minha cabeça no volante, já estava me sentindo derrotada e amargurada, mal tinha iniciado minha busca e já estava falhando drasticamente na missão.

O que mais me irrita é o fato de ter uma voz no fundo da minha mente que sempre me diz que eu estou ficando maluca, vendo coisas onde não há nada para ver. E o fato de que eu estou começando a acreditar nessa voz me irrita ainda mais. Será mesmo que a Emma viu os olhos negros do homem ou estavam com tanto medo que imaginou coisas?

Provavelmente eu me precipitei nessa decisão de dirigir sem rumo e na estrada chuvosa procurando um cara que eu nem sei se é realmente quem está atormentando os meus sonhos.

Fiquei sentada no carro com raiva por ter feito papel de trouxa e frustrada por não conseguir descobrir o que está acontecendo comigo, acreditando que a única coisa que eu preciso é um psiquiatra, uns bons remédios tarjas preta seguido de um bom tratamento de choque.

Olhei a vizinhança, tudo está calmo, parado... Até o vendo e a chuva são silenciosos. Abri a porta do carro precisando de um pouco de ar fresco, a chuva fina começou me melhorando aos poucos e o vento frio fez me pele se arrepiar várias vezes. Me encostei no capô do carro e cruzei os braços para me aquecer, mesmo que o frio estivesse me agradando, me atraindo.

Fui me afastando do carro sem ao menos perceber, e sai caminhando pela rua, olhando para as casas trancadas e cortinas fechadas. Eu queria parar de andar e voltar para o meu carro, para a segurança... Mas o meu instinto me dizia que eu tinha que continuar, algo sussurrava no meu ouvido para eu continuar em frente e foi o que eu fiz.

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