As nossas mãos estão unidas e divagamos pelas ruas de Sydney. O brilho das luzes da cidade em nosso redor confunde-se com o brilho dos seus olhos e da borda do seu sorriso. Passo segue passo, levanto o meu olhar e sorrio sem jeito, como as crianças que sorriem sem razão aparente. Sinto-me bem, sinto-me única. De seguida o desconhecimento, olho para mim e não sou eu. Ele não está mais comigo e a sua mão larga a minha. Nós não estamos mais juntos, não agora.

Acordo sem fôlego. Bufo ao relembrar-me do sonho que insiste em repetir-se, uma e outra vez, a cada noite que passa. Levanto-me sem vontade e da mesma forma pego em roupa para vestir e logo a visto. Apanho o cabelo num rabo de cavalo desajeitado e em poucos minutos saio de casa em direção à universidade. 

O fraco frio de Setembro já se faz sentir e as nuvens no céu adivinham chuva próxima. Retiro o meu telemóvel que marca as 10:47h do dia 4 de Setembro de 2017, o ano em que eu entraria na universidade. Felizmente, os meus estudos no secundário resultaram na média que eu pretendia para entrar no curso que sempre desejei. Estava a poucos papéis de completar a minha matrícula e de começar esta nova história da minha vida que tanto ansiava escrever.

De regresso a casa, pouso todos os papéis que me tinham sido entregues referentes ao meu futuro ano escolar na secretária e atiro o meu corpo para a cama, tentando esvaziar a minha mente. Quando já me encontrava de pé, não consegui ignorar o tecido vermelho que continuava sobre a minha cabeceira - a bandana da sorte de Ashton, segundo ele. Peguei nela e levei-a à minha cara, podendo sentir o seu cheiro inconfundível e a sua imagem encheu os meus pensamentos. Ele dera-ma numa das nossas despedidas, dizendo que ela iria proteger-me e dar-me tanta sorte como lhe dera a ele.

As suas palavras continuavam vivas em mim, era impossível esquecer tal discurso: a confiança na sua voz, enquanto a minha sempre esteve trémula; como o meu coração derreteu quando ele citou frases do "Perks of being a wallflower", um dos meus romances favoritos. 

-"Sei que um dia tudo isto não passarão de histórias e que as nossas fotografias não passarão de velhos retratos, e que todos nos tornaremos pais de alguém. Mas agora mesmo, estes momentos não são histórias. Isto está a acontecer."

Enquanto ele falava, todas as incertezas da vida pareciam tão certas. Assim como incerto era o nosso amor e o nosso destino.

E eu acreditei...

Na verdade, não o vejo desde esse mesmo dia. Ano de 2015, julgo eu. Depois dessa despedida, não houve um retorno. As notícias apareceram e o nosso quase namoro passou a um nada claro e doloroso. Eu vi-a as fotos e ele parecia feliz com a sua nova namorada e eu nunca desejei outra coisa no mundo se não a sua felicidade. 

No ano seguinte, voltei a vê-lo, sim, num concerto da sua segunda Tour Mundial. Ele não me viu e ainda bem, eu continuava onde sempre tinha sido o meu lugar, junto das fãs.

Em poucos anos, o som da sua voz já quase era esquecido, tratando-se de uma memória vazia, sem essência, à espera de permissão do coração para ser esquecida de vez. O seu cabelo ondulado mantinha as suas ondas na minha imaginação e o calor da sua pele ainda cobria a minha nos dias mais azuis.

O seu rosto aparecia nos meus pensamentos cada vez que soava a décima quarta música do seu segundo álbum - Invisible. Não sei se na verdade ela foi escrita a pensar em mim ou no nosso amor, que agora não passava disso mesmo, um amor invisível, pelo menos para ele.

Os tweets terminaram. Não faria sentido insistir num amor sem retorno e muito menos numa mensagem de quem já nos esqueceu. 

Ashton continuava o mesmo homem com cabelo castanho cor de avelã, agora mais curto, e olhos doces cor de esmeralda. O seu sorriso mantinha a sua forma perfeita e o seu corpo era agora decorado por duas ou três tatuagens. 

Eu era agora uma rapariga decidida a lutar por mim e pelos meus sonhos, a poucos dias de entrar na universidade. 

No final, alguma coisa eu aprendi com Ashton, devemos aproveitar o presente da melhor forma que soubermos, sem mas nem porquês, sem reticências que nos bloqueiem a caminhada. Porque um dia, todas as vivências e os mais platónicos romances serão apenas uma fotografia. Uma fotografia velha, meio rasgada, no fundo do nosso álbum da vida.

Mas eu não podia culpá-lo, afinal, não poderia haver outro, se não este final para nós dois.

Olá!

Adorei escrever este capítulo, foi sem dúvida, um dos meus preferidos.

Espero que tenham gostado tanto como eu e COMENTEM SEJA O QUE FOR.

Este é o penúltimo capítulo :( era suposto ser o último mas há ainda algo que quero acrescentar. O que será???

Vou guardar os agradecimentos e todo o usual stuff para o próximo e último capítulo e por agora, espero que tenham gostado deste e por muito que o final não vos agrade, esperem pelo fim (ou seja, próximo capítulo).

Bye, lots of love, Dani


Twitter | Ashton IrwinOnde histórias criam vida. Descubra agora