Não é verdade repetia o garoto para si mesmo.
Ainda estava tentando convencer a si mesmo de algo inevitável.
Não podemos voltar no tempo e consertar os erros que cometemos. O jeito é seguir em frente, construir um novo objetivo. Uma nova forma de viver.
O coração do garoto ainda estava ferido e ficará assim até outro amor ocupar essa dor, transformando-a em felicidade. O que ele achava impossível, pois só tinha olhos para ela e sempre teria. Nada mudaria.
Ao mesmo tempo em que o amor cura, ele destrói. E a destruição é catastrófica e a cura é maior ainda. Em uma grande área o amor alcança e não só te cura, como dá esperança. Faz você continuar com essa vontade de viver. Sem eles, nosso mundo não faz sentido. Você se sente vazio e mesmo que tente convencer a si mesmo que ele não faz diferença, não muda nada.
Você pode enganar o mundo inteiro, menos a si mesmo.
Ele a via em seu inconsciente, andando pelo terraço enquanto a luz da lua iluminava seu rosto e seus olhos azuis brilhavam ao ver o que tinha preparado para ambos. Viu seu semblante de felicidade diante dos fogos de artifício na virada de Natal. Viu seu sorriso ao lembrar-se do "Para Sempre" que só eles compartilhavam.
Adrien estava memorizando cada expressão da garota, seja de felicidade ou mágoa. Ele a queria para ele pelo menos em sua memória, para sempre.
- Sr. Agreste? - Ouvia a voz distante da enfermeira.
Abriu os olhos e deu de cara com Daniela debruçada sobre seu corpo na cama. Ela rapidamente se afastou, corada. Ela era loira de olhos azuis e usava um óculos grande de grau, o que fazia o vermelho de suas bochechas destacarem. Ele parou para refletir por um breve momento.
- Você me deu remédios para dormir. - Sussurrou.
- Eu não podia matá-lo!
- Você ia ser julgada ou presa, não é? Não queria responder por morte de vítima hospitalizada.
- Não é isso! Eu não quero matá-lo, pois o senhor ainda tem muito o que viver! Muitos amores e uma vida enorme para passar, sofrer com coisas como essa faz parte da sua vida, você só precisa lidar com elas! Você não pode mudar o que aconteceu, mas pode lutar pelo que ela queria! E ela queria ver você sorrindo, não importa as circunstâncias!
- Eu a amava tanto. Mas você tem razão. Não me peça para repetir, por favor. - Sussurrou. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. - Eu sei que tenho muito que viver e sei que será difícil daqui para frente, mas não consigo suportar a ideia de acordar em casa de manhã e não a ver do meu lado, seus lindos olhos azuis me encarando...
Ela ajeitou os óculos, desviando o olhar.
- Eu não posso dizer que entendo. Nunca perdi alguém importante pra mim. Nunca tive esse tipo de pessoa em minha vida, na verdade. - Sussurrou Daniela, a baixando a cabeça. - E eu não posso dizer que sinto muito por isso. Ao mesmo tempo você se sente sozinha e livre. Eu entendo como você se sentia antes de conhece-la.
- Eu sei. Obrigado. - Adrien sorriu um pouco triste. - Você pode levantar minha cama, por favor? Estou dormente.
- ah claro! - Ela se apressou em levantar a cama, deixando-o sentado. - Sua fisioterapia começa amanhã. Logo você poderá voltar a andar sozinho, seus ossos ainda estão desestabilizados assim como seu corpo. Se esforce e você voltará a andar mais rapidamente.
Ele silenciou-se enquanto entrelaçava as mãos em seu corpo. Seu rosto estava coberto por lágrimas salgadas que agora secavam lentamente. Daniela tinha-o ajudado e ele nunca esqueceria isso. Ela foi uma parte importante da sua recuperação física e mental.
- Preparado para os exames gerais? - Sorriu Daniela. - Vou chamar o médico.
- Não sei por que ainda não se tornou médica. - Sussurrou.
- Ah... Tive que trancar a faculdade. Não tenho dinheiro para acabar de paga-lá, por isso só estou de estagiária. Como não tenho diploma, é impossível. Estou juntando dinheiro aos poucos. - Explicou.
- Eu sinto muito. - Lamentou o garoto.
- Tudo bem, é bom sentir que você lutou pelo que dinheiro que recebeu. Você sente que é independente e que não orecisa de ninguém ao seu lado para dizer o que fazer. Bom, falando nisso, você não tem família?
- É meio complicado. - Suspirou. - Minha mãe desapareceu quando eu era pequeno, meu pai vive ocupado com o trabalho e não tenho irmãos. Sou filho único. A única pessoa que poderia vir me visitar era minha secretária a pedido do meu pai só para ver se estava tudo bem comigo. A pessoa que se preocupou comigo até agora, me acolheu e me amou acima de tudo foi ela. E ela morreu. - Sussurrou Adrien mudando bruscamente de expressão.
- Eu... Lamento. - Daniela entrelaçou as mãos em frente ao corpo. - Bom... Vou deixar o senhor nas mãos do médico. Logo você poderá sair daqui e faremos a fisioterapia.
- Graças a deus. Obrigado, Dan. - Adrien lançou um sorriso na direção da garota.
Abaixando a cabeça, retirou-se do cômodo às pressas para procurar o médico.
Algumas horas depois, logo depois dos exames, Adrien foi levado a sala de Fisioterapia. Daniela ajudou-o com a cadeira de rodas, guiando-o até o local.
- O que prefere fazer primeiro? - Perguntou a garota claramente animada.
- Podemos começar devagar? Não estou pronto para...
Ele foi interrompido por uma leve brisa que percorreu seu corpo e arrepiou sua espinha. Ele agarrou com força a cadeira, como se pudesse ser levado a qualquer momento. Os seus cabelos loiros foram levemente movidos pela brisa, atrapalhando sua visão. Ele arregalou os olhos.
Ele a sentia ali. Do seu lado, com a mão em seu ombro. Com os lábios contra sua testa envolvendo-o num manto de carinho e amor.
Ela estava ali.
Ele tinha certeza disso.
- Adrien? - Perguntou Daniela.
O garoto balançou a cabeça, afastando esse pensamento.
- Tudo bem? - Perguntou a garota, preocupada.
- Sim, apenas achei ter sentido algo. - A voz dele virou um sussurro carregado de sentimentos.
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Eu Sem Você
Fanfiction#19 em conto: 22/11 #30 em conto: 31/10 Começo: 27 de Outubro de 2016. Término: 20 de Novembro de 2016. - Um dia você terá motivo para passar a acreditar, como eu tive, e até lá estarei aqui para te guiar. - Ela acariciou as asas da borboleta, faz...