Alucinações

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- Como foi? - Daniela aproximou-se logo após Adrien sair da sala. - Conseguiu algum avanço?

- Acho que sim. Suas perguntas eram muito diretas, não sabia exatamente o que fazer...

- Ou responder. Entendo. - Ela sorriu.

- Porque está sorrindo? - Perguntou. Não que ele não gostasse disso, pelo contrário, adorava vê-la sorrindo.

- Eu sei que espiar a conversa dos outros é uma coisa horrível de se fazer, juro que não sou fofoqueira! - Ela puxou-o para um canto excluído das pessoas. - Por que não me contou?

- Meu aniversário?

- É! - Resmungou.

- Porque pra mim não é uma coisa que eu goste de lembrar. Todos os anos eu passava ao lado dela e agora que não a tenho mais, me sinto vazio. - Sussurrou.

Daniela entendia a situação dele. Perdeu os pais aos nove anos e foi criada pela avó que era muito rígida. Seu sonho nunca foi ser médica, mas foi obrigada. Não queria se tornar uma decepção. Aos 19 sua primeira paixão apareceu e assim namoraram por quase dois anos. Separou-se do suposto noivo fazia alguns meses, mas era bem restrita diante dos seus sentimentos. Não tinha contado a ninguém, além do fato de não querer preocupar os outros e nem fazê-los sentir pena dela diante de sua situação.

- Eu entendo. - Sussurrou e sorriu triste.

- Porque sinto que eu não sei nada sobre você e você sabe tudo sobre mim?

- Com o tempo, Adrien. - Sussurrou ela com um sorriso no rosto. - Por que não vamos comer alguma coisa?

- Claro, seria ótimo. - Ele sorriu. Daniela entrelaçou seu braço no dele, rapidamente levando-o até o refeitório.

Seu estômago estava embrulhado diante de sua situação, ele tinha alguém para ajuda-lo pelo menos. Daniela nunca teve e nem quer preocupar os outros com seus problemas.

- O que quer comer? - Ela perguntou ajudando-o a se sentar.

- Qualquer coisa sem milho. - Ela riu.

- Claro, um minuto. - Ela saiu e ele ficou ali, perdido em pensamentos.

Adrien pegou-se pensando no dia que quase foi morto por um policial. Não é lá uma das histórias mais felizes, mas foi engraçado. As pessoas olhavam para ele como se fosse louco por estar rindo sozinho.

- Qual a graça? - Perguntou Daniela sorrindo ao se aproximar e sentar em sua frente na mesa.

- Nada, apenas lembranças. - Ele roubou um pedaço de bolo da bandeja. - Ah, Dan, o que você queria ser quando crescer?

- Queria trabalhar na parte da música, sabe. Sempre foi meu sonho ser uma cantora e... Poder transmitir minha mensagem usando minha voz. - A expressão da garota enquanto contava era suave; viajante. - Parece meio bobo...

- Não é. - Ele sorriu, pegando a mão dela. - Nada é impossível, só precisa saber procurar, realizar. Eu sei que você consegue. Lute pelos seus direitos.

- Obrigada, mas não é tão fácil quando está sendo influenciada por metade da sua família por gerações. - Ela ri. - Enfim, você contou para a psicóloga sobre a Marinette?

- Não. Ela ia me achar louco. - Ele sussurrou, olhando para cima. Não queria contar sobre as perguntas que a psicóloga fizera, mas se ela perguntasse não teria como fugir.

- Tudo bem. Eu sei que você não se sentiu bem contando para mim que era seu aniversário e sei que você não gosta de comemorar, por isso respeito seu espaço. Não vou contar pra ninguém. - Ela apertou mais a mão do garoto.

Eu Sem VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora