Era fascinante como a cor do olho de Carlisle ficava mais claro enquanto caçávamos, de marrom dourado para caramelo. Meus olhos continuavam vermelho sangue e isso me incomodava. Carlisle me assegurou que meus olhos mudariam para dourado com o tempo, depois que meu corpo tivesse gastado todo meu sangue humano.
Eu queria ser como ele. Esse meu único confidente era compassivo e dourado. Mas eu ainda estava combatendo o monstro dentro de mim. Ou talvez estava apenas lutando contra eu mesmo. Parecia não haver nenhuma diferença entre os dois, especialmente enquanto eu ainda era um selvagem recém-criado. Enquanto eu permanecia neste estado sedento de sangue, estava ficando cada vez mais difícil se agarrar às minhas recordações humanas. Quem eu uma vez fui.
Ouvir os pensamentos de todo o mundo era um assunto diferente. Os pensamentos de outras mentes ficavam tão altos que anulavam freqüentemente os meus próprios pensamentos. Nesso primeiro ano, Carlisle me manteve cuidadosamente escondido da população humana. Ainda assim, se um humano se aventurasse dentro de alguns quilômetros de minha loacalização, eu podia ouvi-los claramente. Eu sentia como se tivesse perdendo os dois: minha humanidade e minha mente.
Levei um tempo para aprender a como controlar meu novo dom, como Carlisle chamava. Eu tinha dúvidas quanto a chamar isso de dom, se sentia mais como uma maldição. Minha cabeça pulsava com os pensamentos de outros, e ele me encontrava freqüentemente em um canto, encolhido como uma bola.
Ele me encontrou assim um dia, estremecendo e encolhido tão apertado que eu nem podia ve-lo. As vozes continuavam vindo a mim, rasgando minha sanidade.
Não não, Lesley, você não deve tocar nisso...
Eu quero tê-la antes do nosso casamento. É apenas o justo, inspecionar o produto antes da compra final...Me pergunto se os seios dela são firmes assim sem suas roupas...
Tempo ruim hoje...Droga se eu sair na chuva e arruinar meu vestido novo...Papai pagou caro por este vestido...
Mamãe é tão má, ela não me deixa ter nada...tudo que quero é um milk-shake de chocolate...má, má, má...
Ele nem vai perceber se eu pegar algo dos lucros, só um pouquinho por cima...ninguém vai saber...
"Por que eles não param de falar?" Chorei sem lágrimas.
Edward, você pode me ouvir?
"Sim."
Então focalize em minha voz e ignore o resto.
Fiz o que me disse. Levou muita concentração, mas eu fui capaz de bloquear as outras vozes. Era como se fossem dois rádios, lado a lado. As vozes e Carlisle. Eu diminuí o volume de todas aquelas vozes e aumentei a voz de Carlisle à todo volume.
Eu relaxei, enquanto deixava sair uma longa respiração. Interessante como eu tinha deixado de respirar todo aquelo tempo, e que não tinha notado que nem precisava respirar. Eu me desenrolei e apoiei as costas na parede. Carlisle se sentou próximo a mim e ambos olhávamos para frente.
Melhor agora?
"Sim, Carlisle," eu suspirei."Obrigado."
Poderá levar um tempo até voce se ajustar. Eu não tenho o seu dom, não tenho certeza de quanto tempo levará.
"Dom," eu ridicularizei debaixo de minha respiração.
Claro que é um dom. Se não fosse, eu não seria capaz de me comunicar com você desta maneira.
Ele me pegou ali. Eu realmente estava gostando da nossa silenciosa comunicação. Tinha alguma coisa bem mais profunda e mais pessoal sobre conversar com alguém em sua mente. Isso removia tantos detalhes superficiais envolvidos em uma conversa normal, e ía direto para o coração dos problemas. Estava começando a esquecer como eu conseguia manter uma conversa com alguém antes.
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Verde, Vermelho, Dourado.
FanfictionEssa é a história dos primeiros anos de Edward como vampiro. Desde a sua vida na europa, quando foi atingido pela gripe espanhola até a sua união com Carlisle Cullen e os demais membros da família Cullen.