Tédio negro

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Os anos se passaram. Eu suponho que poderia ser poético sobre o tédio daqueles anos. A escuridão da monotonia. Tudo era igual, dia após dia, ano após ano. Entretanto, nem mesmo poesia faria justiça. Muito pouco me surpreendeu durante todos aqueles anos.

Jordon, Montana, 1995. Refeitório da escola. Novamente.

Rosalie estava pensando sobre seu reflexo em uma janela. Novamente. Emmet estava tentando imaginar uma nova forma de competição. Novamente. Alice estava observando Jasper cuidadosamente, e Jasper estava... sofrendo.

Novamente e novamente.

Edward?

Sim, Alice, eu pensei, movendo meu olhar para cima e depois para baixo. O que ela tomaria como sina de que a estava ouvindo, embora para mim tivesse outro significado.

Como ele está indo?

Dei de ombros, não querendo dizer nenhuma palavra sobre os pensamentos de Jasper.

Como ele estava indo? Ele estava atualmente imaginando a forma mais estratégica de aniquilar uma multidão de humanos inteira sem ser pego. Ele jamais faria isso, é claro, era só uma forma de passar o tempo para ele. Embora eu realmente sentisse que ele viajava um pouco demais em suas fantasias.

Mas então, ele começou a reagir fisicamente à essa fantasia. Ele estava pensando sobre como sua garganta estava queimando, a corrente de veneno fresco em sua boca...

Chutei sua cadeira. Não senti que minha atitude foi rude, considerando que aquilo era algo que eu vinha fazendo com regularidade.

Ele se virou e me lançou um olhar basilisco. Se eu tenho que suportar essa dor, ele ameaçou em sua mente, ao menos me deixe aproveitar minhas fantasias.

Franzi a testa e olhei para o lado. Ele deveria saber que eu, de todas as pessoas, entendo quão perigoso os pensamentos podem ser. Ele poderia estar apenas pensando sobre um assassinato em massa naquele dia, mas e o dia seguinte? Ou o próximo? Se ele realmente estava comprometido com o nosso estilo de vida como ele dizia, ele deveria abrir mão dessas fantasias sombrias.

Edward! Disse uma voz muito ansiosa. Fechei meus olhos brevemente antes de responder.

"Relaxe, Alice," cochichei "Está tudo bem."

Então por que eu vejo Jasper atacando uma sala de aula cheia de alunos?

Então eu vi a sua visão. Ela estava certa, droga. Suspirei.

"Talvez hoje seja um bom dia para matar aula", murmurei.

"Com licença?", Rosalie perguntou, incrédula.

"Mantenha sua voz baixa", cochichei. Lancei um olhar agudo para Jasper.

Cale a boca, Edward. Já estou cheia de todo mundo ficar adulando o pobre Jasper.

"Sinto terrivelmente que o mundo não gire ao seu redor", eu disse secamente.

A chuva caiu na distância e um trovão estrondou...

Virei minha cabeça para Alice, nós sorrimos.

"Quando?", perguntei a ela.

"Em mais ou menos duas horas", ela respondeu.

Me virei para Emmett e disse, "Vai chover, perfeito para baseball." Ele deu um imenso sorriso.

Jogamos baseball até o sol desaparecer. Não foi o jogo mais prazeroso. Rosalie continuou reclamando sobre suas roupas ficarem sujas. Emmett estava reclamando que as bases não estavam longe o suficiente. Alice estava constantemente trapaceadno, usando sua visão para prever os eventos antes que acontecessem. Jasper estava infeliz, e de despeito, ele projetava sua raiva ao restante de nós.

Jogamos mal e brigamos no decorrer do jogo. Pobre Esme teve suas mãos cheias, tentando resolver nossos confrontos. Eventualmente, ela desistiu e se sentou na beira da clareira. Carlisle apareceu por volta da meia noite. Ele não disse uma palavra, nem mesmo em seus pensamentos. Ele se sentou ao lado de Esme,envolvendo um braço em volta de seus ombros.

"Eu não trapaceei!", rugi para Emmett.

"Você tem que ter trapaceado!" ele rugiu de volta. "Você deve ter sabido que eu estava esperando uma bola curva!"

"Se você realmente quiser discutir trapaça, converse com Alice." Eu disse.

"Alice não pode ler mentes" ele encarou. De repente, Emmett pegou sua virilha e cuspiu uma rajada de veneno no chão. Olhei para o veneno e em seguida para ele. "Isso foi... nojento."

"É o que eles fazem na TV," ele deu de ombros.

Jasper então lançou uma onda de calma, temperada com sentimentos de culpa. Lancei a ele um olhar reprovador.

"Desnecessário", murmurei.

"Acho que precisamos de umas férias prolongadas com a família", Carlisle anunciou, dando um passo à frente. Olhei para ele curioso. Visões de neve encheram sua mente. "Estamos indo para o Alaska."

Dei um gemido. Férias para eles, tortura para mim. Ótimo... simplesmente ótimo.

Verde, Vermelho, Dourado.Onde histórias criam vida. Descubra agora