O Professor (Livro 1)

1°

Acordei com alguém mexendo em meu cabelo, abri os olhos devagar e vi que era Ju,-minha melhor amiga.

--Bom dia!-Falou.

--Bom dia...-Puxei ela para deitar comigo.

--Como você tá?

--Tô bem...e você?-Ela virou o rosto.

--Eu estava antes, agora nem tanto.-Sorriu.-Vim te chamar para ir ao cinema comigo, e o Junior.-Vulgo namorado dela.

--O que vamos fazer lá?-Me sentei.

--Assistir um filme.-Ela bateu de leve em minha cabeça.

Apesar de todo aquele bom humor, e de todo amor que eu tinha por ela, eu não estava nem um pouco afim de sair...

--Não podemos fazer isso em casa?-Perguntei esperançosa.

Afinal ela é a última que morre!

--Não, agora vai tomar banho e escovar esses dentes pelo amor de Deus!-Tampou o nariz.-Você devia estar curtindo as férias, logo as aulas começam e você aí em pleno domingo a tarde dormindo.-Tive de concordar.

--É para isso que serve as férias...-Sussurrei me alongando.

--Errado minha cara amiga. Onde está seu namorado numa horas dessas, férias é período de curtição e azaração!

--Não tenho falado com ele ultimamente...

--Que se foda!Ele não te merece mesmo!

--Nisso eu tenho que concordar também...

Fui até o banheiro, e tomei um banho daqueles. Voltando para o meu quarto, observei ela digitar várias vezes no seu celular.

--Vamos cancelar?-Sorri mexendo as sombrancelhas.

--Vamos convidar.-Ela fez uma careta para o celular.-Ele realmente não tá nem aí para você.-E jogou o celular na cama.- Sério,o Renan é um babaca.

Olhei bem para o celular em cima da cama, e sim era o meu celular.

--Você chamou ele?-Abri as mensagens.

Eu: Oi, que tal sair hoje?

Re: não vai dar! Tô muito ocupado, e minha mãe precisa da minha ajuda. Você sabe como ela é...

Eu: Hum...Então até depois.

Re: ok.

Suspirei, um relacionamento visivelmente acabado. Ela estava certa, ele não me merece.

Me vesti da maneira mais simples possível, shorts uma blusinha bem básica, e um tênis.

Minha mãe me deu seu cartão,-confiança de anos. Ju só faltou morrer de alegria.

[...]

Ao entrarmos no cinema, o Junior veio na nossa direção.

--Oi amor! Oi Liz!-Beijou ela.

--Oi.-Olhei eles se pegarem e me deu vontade de chorar.-Será que vocês poderiam transar, apenas quando estiverem sozinhos? Estamos em um local público...-Eles pararam de "beijar".-Ótimo, vamos comprar as entradas.

Na fila para comprar as entradas, decidimos por fim assistir um filme besta de terror. Comprei as três entradas, e o Junior foi o responsável pela comida.

--O que vocês vão querer?-Perguntou.

--Quero um sanduíche, uma coca gigante, uma pipoca média, uma porção de batatas da grande e sorvete de baunilha.-Pensei um pouco mais.-Acho que é isso!

--Só isso?-Falou Ju rindo.-Eu quero o mesmo que ela, tirando o sorvete.

Ele foi, comprou tudo e voltou para onde nos estávamos.

--Vamos para a sala.-Falei.

Enquanto esperávamos nossa vez de entrar na sala do filme, ouvi a voz do meu namorado.

--Vocês ouviram?-Olhei para os lados.

--O que?--Ela fez o mesmo que eu.

--Estou ouvindo o Renan.

--Ela tá em casa, como você disse ajudando a mãe.-Junior lembrou-me.

--Acho que sim...

Ao entrarmos na sala os únicos lugares eram dois no meio, e um mais acima perto das caixas.

--Vou lá para cima. Nós nos encontramos na saída.-Peguei minha comida e subi.

Me sentei e logo o filme começou. Na metade do filme ouvi uns barulhos à frente onde havia um casal aos beijos. Tentei ignorar da melhor forma possível.

Quando o filme acabou as pessoas começaram a sair, e voltei a prestar atenção no casal a minha frente.

--Vamos pra sua casa?-A menina falou.

--Vamos minha mãe tá viajando.-Ele disse com um sorriso cafajeste.

Entendi o motivo da distância do meu namorado naquele momento, comecei a juntar toda a minha bagunça, quando xinguei alto sem querer, vi ele estático.

Larguei tudo ali e saí correndo.

--Liz?-Falou assustado.

Olhei para ambos antes de descer correndo as escadas. Meus amigos já estavam na saída me esperando, notei a preocupação de ambos ao me ver.

--O que houve lá dentro?-Ela foi empurrada.

--Liz.-Ele falou se aproximando.-Não é realmente isso que parece ser...

--Não, já entendi tudo. Faça bom proveito da sua vida.-Lhe dei as costas e segui para a saída.

O amor é uma droga.