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Por volta das sete da manhã cheguei em casa, tudo estava silencioso como sempre. Fui no quarto da minha mãe e não a vi, devia ter saído com o Josias.

Entrei no meu quarto e suspirei, tentei não sorri mas foi envão. Estava tudo indo perfeitamente nos eixos...

Pelos menos foi o que pensei...

O Gustavo junto do meu pai,-pai esse que não vejo a séculos-, ambos com os olhos vermelhos e agitados, entraram em meu quarto.

--Droga Liz onde estava?-Gus ficou em minha frente, segurando firme em minhas mãos.

--Eu estava...

--Filha!-Meu pai me abraçou, e começou a chorar.

--Não estou entendendo o que está acontecendo.-Olhei para os dois agora ambos chorando.-Alguém por favor, pode me explicar que porra está acontecendo?-Tentei não gritar, mas foi como saiu. Um grito.

--Filha...sua mãe ela...-E novamente voltou a chorar, desde de quando ele chorava pela minha mãe. E que porra era aquela?

--Gus?-Pedi, ele fungou.

--Liz, por volta das seis e cinquenta a polícia foi avisada de um acidente de carro, um capotamento...-Tentei entender tudo aquilo, e a resposta para aquilo não era boa.-Sua mãe e Josias estavam no carro...

E nesse momento parei de respirar, como assim meus pais estavam no carro?

--Gus vai com calma e me explique direitinho o que houve?-Gritei ficando de pé e andando de um lado para o outro.

--Eles avisaram ontem a noite que iriam sair para pegar algo para o quarto do bebê hoje cedo, ela tentou te ligar mas...

Fiquei sem bateria...

Mas...

--Sinto muito....--Ele sentia?

--Gus, você sente pelo quê? Onde está minha mãe?-Gritei segurando firme seu rosto.

Ele apenas fechou os olhos, e vi as lágrimas desceram em cascatas pelo seu rosto. Deus, não!

-- Responde!!

--Eles não resistiram, nem ela, nem o bebê e o Jô...!-Soltei seu rosto e me afastei.

Não...

Meu olho queimou, e tentei ao máximo me manter sã, mas que porra era aquela? Onde eles estavam?

--Não brinque com isso!-Olhei para o homem ao meu lado.-E o que você está fazendo aqui depois de todo esse tempo?--Ele se quer me olhou.-Vá embora!

--Filha...-Lhe empurrei.

--Não sou sua filha!-Gritei, só então percebi que as lágrimas já tinham me cegado.-Vá embora...

Senti as pernas fraquejar, e sentei no chão. Aquilo não podia ser verdade...

--Gus?-Pedi chorando, ele apenas negou sentando ao meu lado me abraçando.

--Sinto muito pestinha!- Não!

[...]

No dia seguinte o Gustavo, meu pai e alguns familiares do Jô estavam a mil com os preparativos pro velório. Me neguei a ajudar...

Eu não conseguia simplesmente ajudar, em algo que eu ainda não conseguia acreditar que era realmente real... Meus pais se foram!

Junto de si, levaram também uma parte enorme do meu coração...

Eu estava quebrada!

A porta do meu quarto estava trancada, e eu conseguia ouvir o barulho das pessoas na parte de baixo. Meu coração, doía tanto. Era um dor tão absurdamente, dolorosa...

O Professor (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora