Capítulo 1

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CANDACE -  17/07/2040

Estou correndo por minha vida.

Foco-me em apenas continuar correndo, o suor pinga a partir de meu rosto, e meus pés presos em uma bota de couro estão pedindo clemência, apesar disso, sei que esta perseguição não pode continuar para sempre, é apenas uma questão de resistência, de quem desiste primeiro.

Azar o deles, eu poderia fazer isso o dia inteiro.

Os motivos que me levaram a estar aqui são complicados, mas vamos resumi-los a uma grande quantidade de dinheiro.

Por quem estou sendo perseguida? O nome dele é Eugene Hudson, ele lidera uma companhia clandestina que sequestra crianças e as vende para o governo. Escórias como essa estão presentes por todo país e são responsáveis pelo meu sequestro e o de milhares de crianças dos países menores.

Há cerca de 10 homens armados no meu encalço, aproximando-se cada vez mais. A região não colabora visto que estamos na parte norte do país e sua vegetação é constituída principalmente por gramíneas, o que não favorece minhas tentativas de achar um esconderijo. Tudo o que vejo são lampejos de algumas árvores retorcidas e alguns animais do campo. Procuro correr em zigue-zague para dificultar a ação dos capangas de me balearem, deduzo que suas ordens não são de me matar pois o alcance de uma arma como aquelas é de cerca de 800 m .

Estou chegando a uma região que se assemelha a uma floresta e percebo que o barulho das galochas cessou. Olho para trás e noto que os capangas desistiram. Jogo-me no chão e começo a rir histericamente, babacas.

Meu momento de crise passa e resolvo adentrar a região de árvores para procurar comida e um lugar para passar a noite. O lugar é agradável, possui alguns arbustos com frutinhas comestíveis e uma árvore oca que vai dar origem ao meu esconderijo improvisado.

Decido caçar algum animal antes da noite cair por completo e encontro um de pelagem escura com o tamanho semelhante ao de um gato, me preparo para acertá-lo com uma de minhas facas, quando noto que um cheiro péssimo é exalado, largo o gambá imediatamente e acabo me contentando com as frutinhas.

A noite caí lentamente e a escuridão toma conta de tudo, o que posso fazer é voltar ao esconderijo e aguardar o amanhecer para dar o fora desse lugar. Esgueiro-me tentando voltar ao lugar de onde parti sem ser devorada por alguma besta ou encontrar qualquer tipo de surpresa indesejável.

Uma chuva torrencial me pega desprevenida, e apaga completamente a trilha que tinha feito para encontrar o caminho até a árvore. Finalmente, me rendo à exaustão e desejo por um minuto estar de volta ao lugar que mais amaldiçoei, ah infame escola militar!

Acho que o fato de não estar enxergando um palmo a minha frente faz com que todos os meus outros sentidos se aflorem, consigo ouvir todos os ruídos simultaneamente, galhos se quebrando, passos de animais, as gotas caindo no chão... Tudo parece coreografado, em uma harmonia sutil a natureza produz uma música suave, gentil que chega aos meus ouvidos e me convence de que talvez eu possa encostar a cabeça no chão molhado e aos poucos sucumbir ao completo turvamento de meus olhos pesados.

Filhos do caosOnde histórias criam vida. Descubra agora