Capítulo 5

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Por que que o vovô nunca mais me procurou depois daquele dia? Por que minha mãe me levou para aquela vida para depois me passar como se fosse uma coisa descartável em sua vida? Por que que por mais que eu tente fazer tudo certo, não consigo fazê-lo? Por que Deus permitiu que tanta coisa ruim acontecesse comigo?

Que ódio! A vontade é de sumir. De fazer tudo errado, sair por aí e começar a fazer tudo que ninguém espera de mim. Afinal, desde que me conheço como pessoa, sempre fiz o que todo mundo esperava de mim e olha no que deu?! Estou aqui casada com um homem perfeito demais que me dá nojo só de chegar perto. Tenho uma filha, também perfeita, assim como eu era, que não tem noção do que a vida lhe trará um dia. Tenho essa casa perfeita, decorada pela minha sogra perfeita, que vive um casamento perfeito a anos. Todo mundo tão perfeito e eu, tão imperfeita... ah se soubessem quem eu sou de verdade, quem está por traz dessa faixada de Lynn Stafford. Nem eu sei quem é essa pessoa eu só sei de uma coisa, ela tem muita raiva.

Será que se eu voltasse ao meu passado e entendesse porque de tudo isso, essa raiva iria me largar? Será que se eu procurar pela minha mãe, ela vai me contar? Ela vai me pedir perdão? Ela vai me aceitar?

Ao olhar para fora daquela janela, já deitada na cama, Lynn como sempre pensando no seu passado e como as coisas poderiam ter sido para ela. Se ela contasse para Carl, seu marido, ele com certeza não iria apoiá-la, afinal, eles estavam casados há cinco anos e ele nunca soube do seu verdadeiro passado.

-Acho que vou ter que sumir. Ela murmurou.

-O que é isso agora? Carl repentinamente pegou-a falando sozinha novamente.

-Ah... Eu estava pensando o que é que vou cozinhar no sábado, seus pais estão chegando e você sabe que é sempre tão duro para mim ... fingiu Marilyn.

Na verdade, ela vem fazendo isso por algum tempo, pelo menos assim eles não têm discutido tanto ultimamente.

Carl olhou para ela vestida com a camisola branca que ele havia lhe dado de presente no aniversário de primeiro ano de casamento, e começou a desejar que as coisas fossem diferentes entre eles. Não é que eles não se amavam mais, mas há algo no meio dos dois, algo que ele não consegue ainda identificar o que é.

-Se você pelo menos me disse o que precisa, eu posso ajudá-la amanhã à noite com os mantimentos.

Ele disse suavemente e pacientemente, esperando que iria pôr fim a uma discussão futura sobre a chegada dos seus pais.

– Eu prefiro fazer tudo sozinha assim não me aborreço.

Ela se virou na cama e se deparou com ele olhando fixamente para ela.

– Que olhar é esse Carl? Ela indagou.

– Que olhar? Ele disfarçou e começou a colocar a camisa do pijama.

-Estava pensando sobre o que você disse e gostaria que você pudesse estar em paz com tudo isso, você sabe como é importante para a minha família vir, passar tempo com a Lizzy, com a gente... Foi uma das coisas mais difíceis para ela não poder estar aqui no aniversário da Lizzy no mês passado, lembra?

-Eu me lembro bem, e acho que vou ter que lembrar disso para o resto da minha vida! Só porque naquele dia eu estava cansada e queria descansar em casa, com a minha família, eu vou ter que ouvir isso para sempre agora.... sabe de uma coisa Carl? Eu vou falar a verdade para você, eu não estou nem um pouco a fim de receber visitas essa semana, muito menos a sua família perfeitinha tá bom? Ela se cobriu e virou as costas para Carl.

-Pois dessa vez você vai ter que receber a minha família perfeitinha! Eu estou cansado de fazer as suas vontades, quer saber de uma coisa? CANSEI! Ô mulher difícil!

-Difícil é a sua mãe. Difícil é viver aqui presa nessa vida rotineira. Difícil é ter que olhar para você todo santo dia!

-O que é que eu te fiz hoje Lynn? O que deu em você?

Lynn sentou na cama e disse:

-Sabe o que deu em mim? Eu acordei, foi isso. Eu acordei para a realidade da vida. Você não tem ideia da raiva que eu tenho dentro de mim de você, dessa vida, de seus pais, de tudo.

Lynn começa a chorar.

-Lynn, o que é que você quer de mim? Carl abaixou a voz.

-Nada Carl. Eu quero que você me deixe em paz, só isso. Posso ter isso?

E com isso, Carl foi se deitar mais uma vez, no quarto de hóspedes. Embora estivessem muito cansados, nenhum dos dois dormiu aquela noite, como nas noites anteriores, fingiram bem.

Amor em RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora