Capítulo 22

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Lynn suspirou, ela queria chorar mas não iria dar a Carl o prazer de ve-la sofrer por ele.

– Lynn, deixe-me explicar o que aconteceu...

– Eu já sei o que aconteceu Carl, como é que você vai explicar um beijo numa outra mulher?

– Eu posso falar?

Lynn olhou para fora da janela. Ela estava com muita raiva.

– Quando você foi embora, eu fiquei desesperado e por um tempo, eu até te esperei voltar, até que eu não aguentei mais o seu silêncio e desaparecimento, e comecei a buscar maneiras de me distrair a noite...

– Eu sabia que você me traía...

– Não é isso que eu estou falando Lynn, deixe-me explicar.

Carl suspirou dessa vez. Ele tinha que falar cuidadosamente do que estava acontecendo antes de Lynn voltar para que ela não tenha a impressão errada.

– Eu comecei a sair para festas e bares a noite, tudo para te esquecer Lynn, e toda vez, quem estava ali ao meu lado era a Anna.

– Ah então aquela que é a Anna!? Eu sabia que ela tinha outras intenções!

– Como assim?

Carl perguntou.

– Deixa para lá... só um imbecil que não enxergava o que aquela mulherzinha queria na verdade!

– Lynn, a Anna esteve ao meu lado quando eu estava nos meus piores momentos, eu não acho justo você falar dela assim.

– Ah tá, agora você vai começar a defender a sua amante, é isso?

– Não é nada disso. Eu só acho que você poderia me deixar explicar a situação primeiro antes de julgar as pessoas!

Carl se alterou um pouco, mas logo se compôs.

– Olha Lynn, eu sai com a Anna algumas vezes, mas a única coisa que aconteceu entre nós dois foi um beijo... eu logo percebi que não dava para apagar a sua memória entrando num outro relacionamento então, terminamos.

– Então o que foi isso que acabei de ver?

– Ela estava chateada por eu ter terminado com ela e me pediu um beijo de despedida, foi só isso.

– E você como um cavalheiro, fez exatamente o que a megera lhe pediu, isso após ter dormido comigo a noite anterior!

– Lynn, você disse que não estava de volta, você disse que só veio passar uma semana aqui, me deixa entender então as suas intenções...

– Olha aqui Carl, a minha intenção está mais que resolvida agora. Eu não quero voltar para você, aliás, é bom mencionar aqui também que eu também te trai.

– O quê?

– É isso mesmo, e não foi só um beijo.

O coração de Carl parece que parou por um tempo. Ele olhou para Lizzy, que estava ouvindo tudo aquilo e decidiu parar com aquela conversa. Carl colocou Lizzy no seu banquinho de segurança no banco de traz, lhe deu um beijo e foi embora.

Lynn viu tudo como se em câmera lenta. Ela sabia que havia lhe machucado e se arrependeu profundamente por ter contado sobre sua traição. Ela abriu a janela do carro e gritou...

– Carl!

Mas ele não virou o seu rosto, simplesmente continuou andando de volta para o prédio.

– Carl! Espere...

Lynn gritou ainda mais alto, mas em vão. Ele entrou na recepção e não se virou nem uma vez.

Ao voltar para casa, Lynn começou a se desculpar com os pensamentos...

Ele me traiu também! Ele merecia! Esse casamento já tinha terminado a muito tempo, só ele que não queria enxergar isso...

O problema é que Lynn não estava conseguindo segurar mais as lágrimas. Por mais que ela se fizesse de forte, seu interior estava triste, amargurado, e a vontade era de sumir.

– Mamãe.

Lynn havia se esquecido de Lizzy e sua vozinha doce lhe deu um certo alívio.

– Oi querida.

– Você vai ficar com a gente?

– Lizzy, a mamãe ama muito você, nunca se esqueça disso...

– Eu amo você mamãe... mas... não vai embora.

– Eu não vou embora agora... mamãe vai ficar com você essa semana...

– Mas e depois?

– Depois mamãe tem que ir... mamãe tem uma outra casa, tenho que cuidar dela...

Lizzy começou a chorar.

– Lizzy, por favor não faça isso querida...

Lynn também chorou... disfarçadamente. Tudo que ela havia dito que nunca faria com a sua filha ela estava fazendo. Sua mãe lhe havia abandonado com a mesma desculpa... ela tinha uma outra casa para cuidar... e agora, ela estava fazendo o mesmo com Lizzy.

A vida tinha sido cruel para Lynn e agora, para Lizzy também.

A viagem de volta para casa foi longa. Lizzy chorou tanto que não aguentou e dormiu. No rádio, as músicas de amor só lhe enchiam de mágoas de Carl, de Jon, de sua mãe...

Quando Lynn chegou em casa, com Lizzy no colo, Carl já estava lá, no sofá da sala lhe esperando.

– Nós precisamos conversar.

– Hoje não Carl.

Lynn subiu as escadas, entrou no quarto de Lizzy, a colocou na sua caminha, e ao olhar para aquelas borboletas no teto, começou a chorar.

Amor em RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora