- nunca vi tantas pessoas querendo participar de uma peça, geralmente eu que tenho que torturar alguns alunos. Disse a professora Clarisse.
- a senhora podia me tirar, já que tem tantos candidatos assim. Falei olhando para o Lorenzo e a Marcela que estavam abraçados.
- eu não posso tirar você, você é a protagonista.
- professora Clarisse... eu ia continuar, mas a Lídia me puxou.
- Mary, você disse que ia tentar. Isso foi antes... suspirei e não falei mais.
A professora começou a separar os elencos. Achei que ficaríamos todos juntos, mas não. Só quem ficou realmente juntos, foram a Lídia o Lorenzo o Bruno e eu. Sabia escolha querida Clarisse. Ainda bem que eu gosto da sua filha. Fizemos alguns exercícios de fala e outros de expressão. Até ela vim com aquele negócio de toque de novo. Hoje não, hoje não.
- Alan e Bianca juntos, Marcela e Patrick juntos, Lídia e Bruno juntos, Lorenzo e Mary Louise juntos... ela continuou falando o nome dos outros atores da peça, mas eu só consegui ouvir esses. Não acredito que hoje todos vão ver como eu fico perto dele. Preciso me controlar, se for preciso vou até parar de respirar.
- andem em círculos, vocês já sabem o que fazer quando eu disser pare. Então comecem.
Começamos a andar um de frente pro outro em círculos, em nenhum momento eu olhei nos olhos dele, aquilo era demais pra um dia só. Em uma noite ele se declara, e na outra volta com a Marcela. Isso que significa amar o próximo.
- parem. Droga.
Paramos colados um no outro. Eu e minha cabeça baixa. Parece que a professora sabia que isso ia acontecer.
- se olhem por favor. Olhei para o lado e vi a Lídia olhando nos olhos do Bruno. Deve ser fácil, deve ser fácil.
Olhei nos olhos dele. Não é fácil, não é fácil. Não posso fazer isso. Sai da frente dele, peguei minha bolsa e sai correndo do teatro.
- Mary. Pude ouvir ele me chamando. Mas eu não podia mais ficar ali.
Sai tão rápido e fui para a parada de ônibus, eu tenho a chaves da minha casa. Vou pra casa. Preciso ir pra casa. Mary, não deve ficar sozinha. As palavras da minha medica veio agora à tona. Vou pra casa da vovó. Assim que eu cheguei na porta, o sensor da minha vó de tem alguém aqui apitou, pois eu nem apertei a campainha e ela já foi abrindo a porta.
- oi minha querida...
Comecei a chorar e abracei ela. Minha mãe não estava ali, mas ela estava, era estranho como um abraço faz a gente se sentir seguro.
- minha netinha, o que aconteceu?
- vovó, eu só quero ficar sozinha. Eu sei que não podia ficar sozinha em casa, mas posso ir pro meu quarto? Eu deixo a porta aberta.
- claro minha linda. Vai logo, vou fazer um lanche pra você. Só assenti e corri para o meu quarto.
Não posso pensar no Jonatas eu prometi, mas eu preciso dele. Como eu vou fazer? O meu choro só aumentou. E eu sei que logo o meu pai chegaria, aposto que minha vó já ligou umas 30 vezes pra ele. Olhei para o meu celular que não parava de tocar, tinha chamadas da Lídia, do Patrick, do Bruno até do Bruno... mas não tinha nada do Lorenzo. Se passaram alguns minutos e minha avó chegou com umas torradas e leite quente. Só a minha avó mesmo. Sorri pra ela, ainda com lagrimas descendo dos meus olhos. Olhei pra porta e o meu avô entrou no quarto.
- oh, querida. Só vi você uma vez assim. Sorri pra ele sem conseguir me lembrar de quando.
- foi quando o seu pai te proibiu de ver o Jonatas. Lembra? Nós ainda morávamos lá pertinho de vocês. Você pegou uma mochila com quatro ou cinco roupinhas e fugiu de casa. Ainda bem que foi pra nossa casa.
- ah vovó. Chorei ainda mais.
- eu sei que tem algo a mais no seu choro minha querida. Já fui adolescente, e sei que é a fase mais complicada que passamos. Mas sempre superamos. Disse o meu avô sorrindo e arrumando o meu cabelo.
- quando eu era jovem, tinha uns 15 anos, eu era bem bonita como você. Eu gostava de um garoto, chamado Samuel. Ele era o mais bonito da escola e com certeza o menos inteligente. Mas eu era apaixonada. E seu avô, era apenas o meu melhor amigo. Eu tive que sofrer, muitas e muitas vezes pra poder ver quem realmente estaria do meu lado. E hoje sou casada com ele a 45 anos. Não é muito mais é o bastante. Saiba que em qualquer situação que você tenha se metido vai passar. E a dor vai passar junto com a situação. E se for um garoto, ou ele vai mostrar que vale a pena ou você vai esquece-lo facilmente.
- não quero esquece-lo vovó.
- ah minha linda, então precisa sentar e conversar.
- é complicado.
- eu sei que é, mas... vai se resolver, você sabe que vai.
Fugi para o lugar certo com certeza. Acabei pegando no sono e só acordei com o meu pai fazendo carinho no meu cabelo.
- oi minha querida.
- oi pai. Disse abraçando ele.
- vamos pra casa? Só assenti. Levantei e fui abraçada com ele até a porta. Dei tchau a vovó e o vovô e agradeci os dois pelos os conselhos. Entramos no carro e meu pai resolveu falar.
- Mary, seus amigos ligaram. Estão preocupados.
- eu estou bem, amanhã eu ligo pra eles.
- tudo bem. Eu vi que ele ia falar algo mais se calou.
- fala pai.
- não é nada. Disse ele sorrindo.
- pai você é um péssimo mentiroso.
- por que não me disse que o Lorenzo estava na peça com você? E que você conseguiu um emprego pra ele?
- pai como soube disso?
- filha...
- pai? Como soube?
- Lídia... mas eu tive que arrancar quase por tortura isso dela.
- pai! Quase gritei.
- eu só falei o lugar onde você estava por que ela me contou. Eu sorri, meu pai tinha um jeito estranho de conseguir as coisas.
- não faça mais isso pai.
Ele sorriu e assentiu. Chegamos em casa e os meus planos de ligar para os meus amigos tinham ido de água a baixo. Pois estavam o Patrick a Lídia e o Bruno na frente da minha casa. Com uma caixa de pizza nas mãos e refrigerantes. Obrigado pai. Desci do carro e a Lídia me abraçou.
- nunca mais fuja Louise, você não sabe como foi difícil te achar.
- creio que o meu pai colaborou. Ela olhou bem seria pra ele e depois sorriu.
Os meninos me abraçaram e eu convidei todos para entrarem. Pedi para eles esperarem no sofá, eu ia tomar um banho. Voltei rápido, não queria deixar eles esperando. Assim que eu sentei do lado da Lídia ela falou.
- minha mãe disse que pode desistir se quiser. Ela não vai tirar nenhum ponto seu.
- não vou desistir. Disse sorrindo.
- mas... achei... achei que queria sair.
- não quero mais.
- então tá. Disse ela me abraçando de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu & Você. 1° Temporada E O Sonho Começou.
RomanceMary Louise é uma jovem de 16 anos. Que no ano anterior sofreu uma grande perda, mas não viveu o luto. Morava em Santos, São Paulo e decidiu junto com o seu pai Afonso que a vida nesse lugar já passara do prazo. Resolveram voltar para o Rio grande d...