Nem que seja por 5 segundos.

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- Pai?

- oi querida.

- pai pode me levar para escola?

- claro. Vou pegar as chaves.

- Vai fazer o que para o jantar?

- hoje é terça, vou fazer uma salada e talvez suco verde.

- ótimo.

- o que foi? Pergunteis sabendo que ele queria me falar algo.

- nada querida, me espera no carro.

- e por que está olhando assim pra mim?

Ignorei ele completamente.

- só acho legal você está fazendo amigos.

     Eu podia sentir o peso no olhar dele, eu podia sentir o medo de me perder. Então não discutir, fui até o carro e esperei por ele. Quando estávamos no carro, o silêncio pairava todo o ambiente. Suspirei...

- pai eu nunca mais vou fazer aquilo, eu não vou deixar você sozinho.

- eu sei, eu te amo Louise.

    E falando isso mais uma vez ele tocou no meu ombro com a mão. Eu sabia o quanto eu tinha feito aquilo doer nele, eu sabia que era como se ele tivesse morrido. Mas por um certo tempo eu também morri. Olhei para o relógio e vi que ia me atrasar. Abracei ele, e me despedi.

- eu estou bem. Não se preocupa comigo.

    Assim que cheguei na escola a Lídia já veio correndo para o meu lado.

- hoje tem jogo, você vem não é?

- eu vou jantar com o meu pai hoje.

- mais você janta com ele todos os dias.

- eu sei mas...

- nada de mas, chama ele pra vim também.

- é, seria uma boa. Disse meio que não gostando da ideia.

- então está fechado.

- fechado. Mais ou menos.

    Seguimos no corredor até chegarmos a nossa sala. História, uma das minhas matérias preferidas o professor já foi se apresentando dizendo que esse ano não ia ser moleza e que iria adorar reprovar alguém. E ele disse isso olhando para o Enzo e para o Patrick. Não acredito que eu disse Enzo. Pensei... é a mesma coisa.

- Professor o senhor não pode fazer isso. Disse o Lorenzo todo sorridente.

- não posso? Perguntou o professor com ironia.

- minhas notas com o senhor estão ótimas.

- isso até eu descobrir de quem você está colando.

    Adorei ele. Não tive como não soltar um breve riso. Mas pra minha má sorte foi um breve riso um pouco alto.

- Senhorita Mary Louise?

- não. Nossa precisava do nome completo?

- hum Mary? Gostei vou te chamar te Mary. Disse o Lorenzo olhando pra trás com um sorriso sínico.

    Fiz uma cara feia pra ele que só fez ele se diverti ainda mais. Nossa eu não sei como vou aguentar ele.

- ok silencio sem namoro na sala de aula. Vamos continuar.

   Eu nesse exato momento estou me sentindo morta, ja podia me enterrar. Meu rosto começou a pegar fogo, baixei minha cabeça bem rápido. Pois se ele visse algo do tipo só ia aumentar ainda mais a implicância comigo. O intervalo tocou não esperei a Lídia dessa vez, fui quase correndo para o pátio da escola, eu precisava escrever para Jonatas e hoje não seria como ontem. Ele sempre esteve em primeiro lugar não vai ser agora, que isso vai mudar. Sentei em um dos bancos amarelos onde quase todos ficavam conversando, minha sorte é que nesse não tinha ninguém. Abri minha mochila peguei meu diário e comecei a escrever para o Jonatas.

- Querido Jonatas. Está cada vez mais difícil, com você tudo era mais amplo mais aberto. Você devia vim me ver. Eu sinto sua falta. Não aguento mais isso de ver você só em sonho. Às vezes eu fecho os olhos e vejo você comigo mas isso só está cada vez piorando. Pensei que com a mudança eu pudesse fazer novos amigos e me tonar a pessoa que eu era quando você estava ao meu lado. Meu pai acha que tem alguma coisa errada por eu estar mostrando pra ele que eu estou bem. Mas na verdade... eu não estou. O dia hoje parece que não está passando e esse Lorenzo me tira do sério me faz passar vergonha. Agi como se quisesse a todo custo me envergonhar. Jonatas eu não sei mas se posso fazer isso sem você, por favor aparece nem que seja só por 5 segundos... Se poder, por favor aparece hoje. Te amo, para sempre sua, Mary Louise.

- Nossa até que fim encontrei você. Isso é um diário?

- é... sim é.

- você tem quantos anos 13?

- Lídia hoje não.

- tá. Tá bom, desculpa. Você não parece bem, está pálida.

- é por que não comi nada.

- então vamos para cantina, o Patrick já está nos esperando lá.

- não sei se quero ir hoje para cantina.

- ah... ok. Quer ficar sozinha?

- sim, por favor.

- mas você ainda vem pro jogo não vem?

- sim, pode me esperar.

- tá bom qualquer coisa você me liga.

    Ela não tinha culpa, ninguém na verdade. Só eu sou a culpada por ser egoísta demais. O intervalo tocou e eu não consegui comer nada. E nem prestar atenção na aula. Passei a aula toda rabiscando no meu caderno, procurando algo que fizesse sentindo na minha vida patética. Não posso deixar meu pai perceber não posso! Repeti esse mantra pra mim umas 10 vezes, talvez assim eu me convencesse de fazer o certo dessa vez. Peguei o ônibus escolar, pra minha surpresa muitos alunos também iam nele. Não quis pegar carona com a Lidia, e também não queria incomodar meu pai. confirmei a parada com o motorista, ele olhou na lista e disse onde eu tinha que descer. Quando eu já estava chegando em casa, uma sensação de paz me tocou. Algo que me fez rir na mesma hora, essa mudanças de humor são instantâneas quando eu sei que ele está aqui. Passei correndo pelo o meu pai alegando estar com dor de barriga. Mentirosa zombou meu inconsciente que estava meramente consciente nesse exato momento.

- Jonatas! Pulei nos braços dele, meu Deus quanta saudades.

- Mary Louise, você precisa parar de pensar em mim o tempo todo.

- não posso, e mesmo que pudesse eu não quero.

- eu preciso ver você bem. Preciso ver você feliz.

- eu estou feliz. Comecei a beija-lo e ele retribuiu como sempre.

    Deitamos na minha cama e ficamos nos olhando por minutos até ele começar a falar de novo.

- Mary, o seu pai não vai ficar feliz se continuarmos nos vendo.

- ele não precisa saber. Disse isso quase chorando.

- uma hora ele vai descobrir.

- Jonatas eu não consigo sem você. Eu tentei eu juro, mas...

- não pensa mas em nada, vem cá deita no meu peito.

    Fiz exatamente o que ele mandou. Me aconcheguei no peito dele e consegui sentir a paz. Aquela paz que só ele me trazia.

- Mary Louise o seu pai está subindo.

- não Jonatas, não vai embora...

- eu preciso ir...

- querida, está ao telefone?

- sim acabei de desligar. Eu estava ao telefone com a Lídia, nós vamos para o jogo de futebol hoje.

- achei que iriamos jantar.

- e vamos depois do jogo, queria saber se você quer ir comigo?

- Nossa... Faz tempo que não saímos juntos. Claro que quero.

- então fique pronto antes das 18:00 tá bom?

- claro. Você está bem Lu?

- sim pai, estou melhor do que ontem.

Eu & Você. 1° Temporada E O Sonho Começou.Onde histórias criam vida. Descubra agora