Capítulo 2

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Fiquei a olhar para a televisão durante mais algum tempo.

Eles estão mortos. O que é que eu faço agora? Não tenho dinheiro nem para onde ir. Não tenho primos porque o meu pai e a minha mãe eram filhos únicos e os meus avós morreram ainda eu não tinha nascido.

Voltei a olhar lá para fora. As ruas estavam desertas. O único barulho que se ouvia eram as pancadas secas de alguém a marchar ao fundo da rua.

Esperei mais alguns minutos até conseguir ver quem era. Eram soldados.

Só não sei se são os soldados Americanos ou os Alemães.

Eles estavam a descer a rua, em direção ao Sul. Ou seja eles estavam a ir em direção a miami.

Eles não podem ser as tropas Americanas. Olhei mais atentamente e reparei na bandeira alemã que eles traziam bordada no ombro.

As pessoas das outras casas começaram a sair à rua, não devem ter visto as notícias.

Uma mulher aproximou-se dos soldados mas não conseguiu chegar mais perto porque um dos soldados deu-lhe um tiro, matando-a.

Foi ai que voltei à realidade. Eles vão matar-nos a todos.

Corri até à mesa da entrada e vesti o meu casaco de cabedal preto. Peguei na espingarda e pu-la ao ombro, peguei nas facas e prendias ao cinto. Felizmente ainda estou vestida com a minha roupa de caça. Toda de preto e com suporte para armas. Peguei no revólver e pu-lo no suporte que tenho no cinto ao lado das facas.

Corro até ao quarto dos meus pais e levanto a carpete que está no chão revelando um alsapão. O meu pai sempre me disse que eu nunca poderia abrir o alsapão, só em caso de emergência.

Abro-o e tiro a mochila preta que está lá dentro. Dentro da mochila estavam recargas para a espingarda e para o revólver. Lá dentro tinha também mais duas pistolas, duas glock 19, novas e com os números de série raspados. Tinha mantimentos e água para uma semana, um saco cheio de dinheiro e uma carteira com 3 cartões de crédito com uma nota a dizer "caso o dinheiro acabe" e com o código escrito atrás. Na bolça da frente tinha os documentos e passaportes meus, do meu irmão, do meu pai e da minha mãe. Tirei os deles e voltei a guardá-los no alçapão deixando os meus na mochila.

Tirei a espingarda que tinha ao ombro, desmonteia e pu-la dentro de outro estojo mais pequeno e guardei-a dentro da mochila para que não dê nas vistas. Troquei o revólver por uma das glock porque o meu revólver já é um pouco antigo e se encravasse num momento crítico não seria nada bom.

Banggg banggg! Eles mataram mais duas pessoas e não foi longe daqui. Tenho de me despachar.

Peguei na mochila e fui até ao meu quarto. Em cima da secretária está uma bússola e um mapa da América do Norte. Pego em ambos e enfio-os dentro da mochila à pressa. Pego também numa muda de roupa.

Banggg banggg! Mais dois tiros. Eles devem estar mesmo perto de mim!

Corro até à sala e olho pela janela discretamente. A minha única maneira de fugir é pelas traseiras mas sem carro não vou longe. O problema, é que a minha mota está na entrada. Se ao menos eu conseguisse pôr a mota a trabalhar, subir para cima dela e ir a toda a velocidade pelo meu jardim até às traseiras...

Atrás da minha casa está outra rua. Para lá chegar teria de passar pelo meu jardim e o do meu vizinho que por sorte também tem passagem para a rua paralela à minha.

Não tenho nada a perder. Os meus pais estão mortos e se ficar aqui acabo por ser morta. Mais vale morrer a tentar do que não tentar e morrer na mesma.

Dark and GreyOnde histórias criam vida. Descubra agora