Olhei uma última vez à minha volta antes de entrar. Está escuro e as únicas luzes que se vêm são os faróis do carro. O avião tem as luzes apagadas, provavelmente para não ser detetado pelas autoridades locais. Se é que há autoridades locais por aqui. Apesar da escuridão dá para ver que o avião aterrou numa planície rodeada por árvores.
Deve ser mesmo tarde para já estar de noite, e eu tenho a certeza que era de manhã cedo quando saímos da América. Isso só quer dizer que devo estar mesmo na Europa, agora onde é que já não sei...
Pus os meus braços à minha volta e reparei que ao respirar fazia nuvens de vapor de água. Deve ser do frio e isso exclui alguns países europeus mais quentes visto que estamos no final da primavera.
Assim que entrei no carro reparei que havia uma divisória a separar a parte de trás do carro da parte da frente. Sentei-me ao pé da janela mas rapidamente me apercebi que não conseguia ver lá para fora. Carl entrou e ambos pusemos os cintos.
Durante a viagem nenhum de nós falou e o silêncio estava a incomodar-me. Abri a minha mochila e procurei algo com que me pudesse entreter. Não encontrei nada e como estava cheia de fome peguei numas bolachas que estavam dentro da mochila e comi-as. Depois de as comer, só mesmo para irritar quem quer que este carro pertença, pus o pacote de bolachas vazio na porta do carro e fiz de propósito para deixar migalhas por todo o lado.
Durante pelo menos duas horas fiquei a olhar para o ar sem dizer nada. Eu estava a apanhar cá uma seca!!! Peguei no meu telemóvel para ver as horas e reparei que eram. Era meia noite e pouco. Como não tinha rede no telemóvel não conseguia ver qual o operador. Não era que isso me fosse ajudar muito. Eu não conheço nenhum operador sem ser os da América.
A viagem prolongou-se durante mais algum tempo até que o carro começou a abrandar. Sentei-me mais direita no banco, o nervosismo começava a afetar-me. Quando ouvi Carl a abrir a porta e a sair do carro tentei abrir a minha porta mas esta estava trancada. Esperei mais um pouco até que ouvi Carl e mais alguém a falar do lado de fora.
Encostei-me o mais que podia à porta para poder ouvir a conversa mas mesmo assim não consegui ouvir nada. De repente senti a mão de alguém a abrir a porta e desencostei-me da porta o mais depressa possível. Segundos depois Carl abre a porta e faz-me sinal para sair para o lado de fora.
No lado de fora estava ainda mais frio do que quando sai do avião.
Sai do carro com a minha mochila às costas e olhei à minha volta. À minha frente estava uma casa com três andares toda feita de pedra, ou pelo menos parecia-me pedra. No andar de baixo não havia nenhuma janela, apenas uma porta dupla de madeira gigante. No primeiro andar havia algumas janelas tal como no segundo e no terceiro andar. Apesar da escuridão da noite que não me deixava ver com precisão o que estava à minha frente pareceu-me ver mais algumas casas isoladas lá para o fundo, todas ligada à casa principal por corredores com poucas janelas ao ar livre.
Quem quer que estivesse a falar com Carl já ali não estava.
A casa estava bem escondida pelas árvores da floresta que a rodeavam. Tudo aquilo era espetacular mas o que mais me impressionou foi a quantidade de guardas, acho que eram guardas, que andava à volta da casa. Eles andavam aos pares e cada um tinha pelo menos duas armas. Uma na mão e outra guardada no suporte que cada um tinha à cintura.
Agora é que não posso mesmo voltar atrás. Agora é que é impossível fugir caso seja preciso. Cerrei os punhos, mas no que é que eu me fui meter? Agora mais vale alinhar com eles, não tenho outra alternativa e se isto me ajudar mesmo a vingar a morte da minha família então eu vou ajudá-los com todo o prazer.
Carl dirigiu-me até à porta principal e esta abriu-se com um ranger insurdecedor. Se alguma vez pensar em fugir é melhor lembrar-me que a porta da frente está fora de serviço devido ao barulho que esta causa. No lado dentro tudo estava bastante bem decorado. Não estava nada à espera disto. Estava à espera de, bem, eu não sei bem o que estava à espera que isto pareça. Mas nunca estive à espera que o lado de dentro se parecê-se com uma mansão riquíssima.
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Dark and Grey
ActionA guerra rebentou, podia ter começado na Europa ou na Ásia, mas não, a guerra começou nos Estados Unidos da América. Logo nos primeiros dias de guerra Avery perdeu os pais e o irmão mais velho. Sem ter para onde ir e não podendo ficar na América, Av...