Capítulo 2 - Caos

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           Andei por várias quadras, me escondendo de tempos em tempos atrás de algum baú de lixo reciclável ou de portas ou pilastras de lojas. Não poderia ser visto por aquelas pessoas, até porque eu não sabia se elas ainda eram pessoas. Estavam catatônicas, andavam lentamente pela rua.De repente ouvi gritos:

          - Socorro! Socorro! Alguém me ajude!

           Acelerei o passo em direção ao chamado de socorro. Ao me aproximar, vi uma mulher presa dentro de uma loja, com a grade de alumínio baixada e umas três ou quatro pessoas sacudindo a grade e tentando entrar. Do outro lado da rua, tentei fazer com que ela percebesse que eu estava ali, sem chamar a atenção daquelas pessoas. Demorou alguns segundos, mas quando ela me viu, fiz um sinal para que parasse de gritar. Ela hesitou em fazer o que pedi, talvez por estar em pânico, mas em seguida ficou em silêncio.

           Fiquei com medo de ser visto, mas precisava ajudar aquela mulher. Eu não sabia quem eram aquelas pessoas e nem porque queriam entrar na loja. Naquela confusão, talvez quisessem roubá-la. Fui me aproximando com cuidado. Gritei o mais alto que pude e em seguida saí correndo. Alguns deles vieram atrás de mim. Dobrei a esquina e me joguei dentro de um baú de lixo, fechando a tampa em seguida. Ouvi passos e grunhidos, que logo pararam. Levantei a tampa e percebi que não eram pessoas normais, pois estavam sangrando e seus olhos estavam diferentes. Não conseguia acreditar que fossem zumbis.

          Ao sair do baú de lixo, fui visto e aquelas "pessoas-criaturas" vieram em minha direção, gritando e babando. Peguei o cabo de vassoura com ponta de faca, e, num movimento rápido, consegui atingir a cabeça de um deles, que caiu ao chão. Empurrei o segundo com toda a minha força. Corri para a loja e vi que as demais pessoas haviam saído dali. Então, pedi à pessoa que estava dentro que me deixasse entrar. Ela levantou a grade só o mínimo para que eu me jogasse para dentro por baixo, e em seguida, a baixou e trancou de novo.

          - Oi, me chamo Diego, e você?

          - Oi, eu sou a Marcela.

          - Certo. Faz tempo que está aqui dentro?

          - Em torno de uma hora. Eu e uma amiga viemos para cá, pois é o local de trabalho dela. Não conseguimos ligar da casa onde estávamos. Estava tudo quieto, com muitos corpos ainda na rua. O barulho da grade chamou a atenção destes zumbis. Nos trancamos aqui dentro e estamos assim desde então.

          - E onde está sua amiga?

          - Lá atrás, tentando ligar para alguém.

          - Ok, vamos até ela.

           Marcela me levou até sua amiga. Precisávamos saber se ela havia conseguido fazer a ligação.

          - Karen, conseguiu ligar para alguém conhecido? - perguntou Marcela.

          - Não, amiga. Não há sinal de telefone e nem de celular. Quem é esse aí? - indagou Karen.

           - Este é o Diego. Ele acabou de matar os zumbis que estavam na grade da loja. Acho que meus pedidos de socorro estavam chamando eles para cá. - respondeu Marcela.

          - Oi Diego. Fique à vontade. - disse Karen.

          - Obrigado Karen. A propósito, precisamos sair daqui. Estamos encurralados. - observou Diego.

          - Nem pensar, não vou sair daqui. - falou Karen.

          - Olha só, se por qualquer problema o alarme da loja disparar, ficaremos cercados, sem conseguir sair. Precisamos de água, comida e armas. A cidade está um caos. - tentou Diego.

Apocalipse Z: Zona de quarentenaOnde histórias criam vida. Descubra agora