Julius se mostrou solícito por ter sido acolhido, buscando ser útil no que precisasse ser feito. Apesar disso, sua presença gerava desconfiança em Gabriele, que pensava pouco saber a seu respeito. Era o mais velho da turma e as informações que passou a Rodrigo, Pedro e Marcela foram a de que a explosão ocorrida foi em sua empresa e de que não restaram sobreviventes num raio de distância do local da explosão. Dizia ser biomédico, mas ninguém sabia onde.
Os contatos com os sobreviventes no mercado próximo à prefeitura referiam um aumento no número de pessoas que estavam se transformando em zumbis. As ruas começaram a ficar tomadas por mortos-vivos, o que significava que a quantidade de pessoas vivas estava diminuindo.
Após duas semanas, era possível ver com mais clareza os destroços que restaram da explosão. A cidade ressurgia em meio às sombras do que um dia foi. Não havia mais fogo, fumaça, nada. Somente poeira recobria o que estivesse pelas ruas. O sol, ofuscado pelas nuvens que tornaram os dias cinzentos, podia agora mostrar toda a sua força, iluminando, em meio a um céu azul, as ruas de Passo Fundo.
Diego e Gabriele planejavam as investidas na rua. Nada que fosse desnecessário seria permitido. E por desnecessário, poderia-se entender uma saída do mercado para um passeio. As avenidas começavam a ficar cheias de zumbis, perambulando de um lado para o outro, guiados por qualquer tipo de som que fosse ouvido mais alto. Seus corpos cambaleantes buscavam, por meio do olfato, identificar algum organismo vivo que pudesse servir de alimento.
Num desses dias, Julius informou ao grupo que sairia dar uma volta pela cidade, pois queria ver se encontrava com alguém conhecido. Gabriele não gostou da ideia e o advertiu que não voltasse com ninguém para a base. Ele apenas consentiu com a cabeça. Diego falou que não seria justo deixá-lo ir sozinho, pois apesar de sair com o carro, estava desarmado. Camila, então, sugeriu que algum deles fosse com biomédico, o que foi prontamente negado por Gabriele. Diego, vendo o impasse, se voluntariou para ir com ele. Possuía uma arma, munição e se precisasse atirar, o faria.
Julius pareceu um pouco incomodado com a sugestão de Camila, mas evitou qualquer confronto. Além de Diego, Pedro também se prontificou para ir junto. Assim, os três deixaram o mercado e saíram pela cidade. A travessia pelas ruas era lenta, pois precisavam desviar de diversos obstáculos. As avenidas, que em dias anteriores estavam desertas, passaram a ter levas de mortos-vivos transitando em meio aos destroços do que foi deixado pela explosão.
- Julius, se ficará conosco, precisamos reforçar seu carro com madeira ou metais. Qualquer atropelamento pode causar estrago nos vidros e lataria. - comentou Pedro.
- É verdade - disse Julius, não levando a conversa em frente.
Diego observava atentamente as ruas, atrás de algo ou alguém que pudesse dar uma pista mais clara da situação. Julius dirigiu em direção ao fim da Avenida Brasil, no bairro Petrópolis. Chegando próximo ao trevo, a visão era de total destruição: todo o bairro estava com as casas destruídas. Não restavam árvores e nem carros inteiros. O local onde um dia foi a principal universidade da cidade estava agora devastado. Apenas um campo queimado, com um amontoado de ferro distorcido e cimento esfacelado podia ser visto.
- Meu Deus do céu! O que aconteceu aqui? Está mais destruído que o centro da cidade. - falou Diego.
- É porque estamos chegando próximo ao hepicentro da explosão. A empresa onde eu trabalhava.
- Quer dizer a InChain? Você trabalhava lá? - questionou Pedro.
- Sim. - respondeu Julius.
![](https://img.wattpad.com/cover/88304900-288-k463837.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apocalipse Z: Zona de quarentena
Science FictionEm uma cidade como outra qualquer, os cidadãos não sabiam que aquela empresa fazia experiências com agentes biológicos, jogando-os sobre a população de tempos em tempos e avaliando os resultados por meio das doenças que as pessoas desenvolviam. Mas...