Inconfesso desejo

Dezoito

MARIA EDUARDA NARRANDO:

Catorze anos se passaram desde que àquele velho imundo me tocou, e eu ainda não sei descrever como me senti. Norberto era seu nome. Ele veio a falecer pouco tempo depois do ocorrido, quando Mabel, uma garota que não teve medo, contou ao pai o que o velho fazia com as garotas de sua idade e pretendia fazer com ela. Seu pai fez justiça com as próprias mãos: arrombou o cu do velho e o denunciou. A notícia se espalhou entre todos os moradores, e numa tarde de domingo, populares o seguiram até uma praça, onde o espancaram até a morte. Alguns disseram que o linchamento não era preciso, pois o homem era um velho. Eu também fui contra, mas por achar que a morte é pouco para um verme.
Norberto era meu vizinho. Tinha lá seus 65 anos, baixo e redondo, com uma verruga nojenta na ponta do nariz. Ele passava o dia sentado no meio fio, na companhia do seu pobre cão, o Major. Minha mãe sempre lhe oferecia um pedaço de bolo acompanhado de chá, durante a tarde. Em uma dessas tardes, mamãe pediu que eu fosse à quitanda, pois ela batia um bolo e não tinha manteiga. Quando eu voltava pra casa, o velho me chamou, dizendo que tinha uma coleção de bonecas em sua casa, perguntou se eu não queria ver, eu aceitei e ele pediu que eu não contasse a mamãe, pois ela poderia proibir. Fui ingênua e menti pra minha mãe, dizendo que eu voltaria à quitanda para comprar balas. Ela deixou e eu fui até a casa do velho. Ele tinha mesmo um quarto cheio de bonecas, e mesmo eu estando com 10 anos, me senti maravilhada com elas.

" - São lindas, não são?! Eu posso te dar algumas delas, desde que você venha me visitar. Sabe, me sinto muito só e adoraria sua companhia. Você não gostaria de ser minha netinha?"

Ele era uma pessoa sozinha! Que mal havia em visitá-lo? E eu ainda ganharia bonecas!

Toda tarde, depois da escola, eu visitava Norberto. Ele me contava histórias, que por eu ser criança, não enxergava maldade. Ele dizia que as crianças eram lindas pois seus corpos não carregavam os danos do tempo, como a pele flácida, as rugas, e as estrias. Certa tarde ele quis provar que o que ele dizia era verdade. Ele pediu que eu tirasse minha roupa, fiquei assustada e me pus a correr. Mas o maldito me alcançou, me pegou e me prendeu no quarto das bonecas. Ele passou a me ameaçar, dizendo que mataria meus pais caso eu não fizesse o que ele pedia.

" - O vovô só quer brincar com a netinha. Vamos, você é minha bonequinha."

Ele tirou minha roupa, me deitou na cama e começou a passar sua mão imunda no meu corpo. Eu chorava baixinho, com medo das ameaças e do que ele poderia fazer.

" - O corpo do vovô é feio, mas junto ao da netinha, ele se torna lindo."

O verme se despiu, ficando nu e revelando sua ereção. Eu tinha 10 anos, mas meu corpo não condizia com minha idade. Meus seios estavam se formando, assim como minha bunda. Norberto amou isso, pois fazia questão de me chamar de "netinha gostosa".

Ele não me penetrou, mas passava sua ereção em minha boceta, causando-me repulsa. Ele gozou em minha coxa, limpou e me mandou embora sob ameaça.
Em casa eu só sabia chorar escondido, mamãe não podia tomar conhecimento do que acontecera. Com 10 anos fui mais forte do que qualquer adulto, ao esconder minha depressão. 

Passaram-se cerca de dois meses, para a garota Mabel denunciar Norberto. Minha mãe ficou perplexa, pois não acreditava que o simpático vizinho fora capaz de cometer algo tão repulsivo. Mal sabia ela que uma das vítimas era a própria filha.

Três anos depois do ocorrido e aquela maldita cena mantinha-se presente em meus pensamentos. Guardei esse segredo comigo, até chegar num ponto em que eu iria explodir se não contasse para ninguém; Comecei a olhar o Gustavo e ele era uma criança encantadora. Na primeira vez que ele dormiu em meu colo, eu senti a necessidade de desabafar, mesmo ele dormindo e tendo apenas 6 anos. Tirei um peso enorme das minhas costas e vi naquele menino meu ponto de paz.