No fim da aula, peguei minhas coisas e fui em direção à porta, para minha surpresa Amélia estava me esperando com um grande sorriso brilhante.
Gostei daquilo, me senti importante.
Seguimos em direção ao portão da faculdade, distraídas pela conversa, na qual nos envolvemos.
Amélia me contou que escrevia poemas, fiquei feliz por aquilo, parecia uma bela forma de se expressar. Com isso, me fiz uma nota mental, em tentar escrever alguma vez.
Amélia morava em outra parte da cidade, então seguimos caminhos diferentes. Me sentei no ponto enquanto aguardava meu ônibus. Ele chegou rapidamente e logo assumi meu lugar, quarto banco de frente pra trás, na fileira da esquerda, o primeiro depois do cobrador.
Era um banco avulso, me sentava lá para ficar sozinha com meus pensamentos.
No meio do caminho, quando dei por mim, estava cantarolando. A conversa com a Amélia havia me feito bem, mesmo eu não falando quase nada sobre mim, inclusive sobre meu nome.
. . ."Eu estou cansado", foi tudo que consegui concluir quando cheguei em casa. Minha rotina estressante começava à me deixar louco. Tirei a camisa e liguei o chuveiro, não digo que fiquei feliz com o reflexo no espelho, mas era o que eu era. Cabelos encaracolados e pretos, quietos e tímidos, como eu. Uma barriga não gorda, mas não magra.
Acho que era isso que eu era, nem um nem outro, tinha poucas certezas da minha vida.
Entrei no chuveiro e deixei a água escorrer enquanto pesava meus cachos, desmanchando-os.
Houve um barulho e ela chegou.. . .